domingo, 24 de março de 2024

Práticas Culturais na Aracaju do Século XX

Artigo compartilhado do site SÓ SERGIPE, de 26 de maio de 2018 

Práticas Culturais na Aracaju do Século XX
Por Prof. Jorge Carvalho do Nascimento *

Ítalo Calvino nos ensina que “de uma cidade, nós não aproveitamos as suas sete ou setenta e sete maravilhas, mas a resposta que dá às nossas perguntas” (Cf. CALVINO, Ítalo. As cidades invisíveis. Tradução Diogo Mainardi. São Paulo, Companhia das Letras, 1990. p. 44.).

É exatamente o de formular algumas perguntas à cidade de Aracaju o propósito desta reflexão. Interessa pensar o seu processo de urbanização, as suas formas, a sua intensidade e as suas peculiaridades. Compreender o conjunto de relações sociais, práticas culturais e educativas estabelecidas no espaço urbano da capital do Estado de Sergipe, a partir das suas primeiras manifestações na metade dos anos 50 do século XIX, quando a cidade foi fundada por Inácio Barbosa para ser a capital da Província até adquirir a sua condição atual de metrópole conturbada.

Um espaço seletivo, no qual as diferentes áreas, cada um dos bairros possui equipamentos urbanos distintos, algumas regiões guardando práticas que nem sempre são condizentes com os hábitos sociais mais contemporâneos. Cada espaço com características próprias ao processo da sua expansão, com múltiplas variações de uso urbano nas relações entre as pessoas e o espaço gerando frequentes conflitos. A luta pelo domínio do uso do solo da cidade é parte desses conflitos, importantes no processo de formação da estrutura urbana e na visão incorporada pelos indivíduos que assumem o poder, criando e recriando o espaço urbano.

As condições ambientais são também determinantes do comportamento humano no espaço da cidade. A existência de rios, as áreas litorâneas, os espaços de preservação florestal, a implantação de rodovias, condições de saneamento, distribuição de energia elétrica são elementos considerados nos conflitos que têm o domínio do espaço urbano como foco. Essa diferenciação urbana forma guetos, com muitas áreas deprimidas pela pobreza. Mas estabelece ainda um outro tipo de gueto. Aqueles destinados às pessoas de renda mais alta, os condomínios fechados.

Nesse processo desigual, o Estado tem buscado regular o uso do espaço, através de um ordenamento legislativo no qual esses conflitos ganham força de modo especial. Esse tipo de ação integra-se a todo um contexto que produz necessidades educacionais, sanitárias, de abastecimento, de lazer, de transporte, de controle social – elementos indispensáveis à manutenção da ordem vigente. Tudo enfim que se pode entender por urbanização. A aceleração do ritmo da vida social urbana é parte visível desse processo que se confunde com o da vida das pessoas na cidade.

A cidade que Inácio Barbosa fundou, cresceu. E com ela os horizontes e utensilagens mentais dos seus habitantes. Cerca de um século após a sua fundação era possível verificar em Aracaju, na década de 50 do século XX, um intenso movimento cultural. “Reuniões. Encontros. Debates. Ora nos colégios, ora nas residências, ora nos cafés Central e Ponto Chique. Jornais. Revistas. Conferências. Eram cultivados os corais, o balé clássico e o canto lírico. Havia um Centro de Cultura ativo e operante. Uma palestra, por semana, em casa de cada associado. A Academia Sergipana de Letras era muito frequentada em reuniões festivas, quando da posse de um novo acadêmico. A revista Renovação, de Maria Rita, enchia a vaidade da província, publicando, generosamente, crônicas e poesias, de bom e mau quilates” (Cf. CABRAL, Mário. “Aracaju cultural em 1940”, in Revista da Academia Sergipana de Letras. Aracaju, Nº 27, Março 1980.p. 53.).

O quadro pintado pelo cronista Mário Cabral mostra uma cidade culturalmente ativa, descrevendo a circulação de revistas como Alvorada, Estudos Sergipanos e Renascença; jornais, como Correio de Aracaju, Sergipe Jornal, Diário de Sergipe, A Cruzada, A República, O Estro, O Eco e O Nordeste; a Rádio Difusora era outro importante veículo de divulgação da formação da mentalidade dos aracajuanos, do mesmo modo que espaços de lazer como o Cinema Rio Branco – palco de grandes eventos do teatro brasileiro; grupos de teatro amador, como Os Nossos, Jhalf Pran e O Paulistano e seu Teatro; teatrólogos, como Alfredo Gomes, Raimundo Oliveira, Paulo Barreto, Flora do Prado Maia, José Carlos da Costa Farias e Severino Uchoa; os saraus musicais.

Atores, a exemplo de Fernando França, Waldemar Prudente, Grossi Missano, Ednaldo Rezende, Neide Albuquerque e Violeta Andrade; os jornais falados; jornalistas, como João Batista de Lima e Silva, Paulo Costa, Ómer Mont’Alegre, Joel Silveira, Junot Silveira e Zózimo Lima e a sua coluna “Variações em Fá Sustenido”; cronistas sociais como Chico de Baim – um dos divulgadores do gênero jornalístico crônica social entre nós-, Heitor Teles – popularizador da crônica social nos jornais.

Jornalistas esportivos, como Martins Peralva – que revolucionou a crônica esportiva sergipana – e Isaac Zukerman; costureiros, como Otávio Soares o primeiro produtor de moda para as elites sergipanas, campo tradicionalmente dominado pelas mulheres; pianistas, como Carlos Rubens e Carlos Dantas; violonistas, como Carnera, João Moreira e Antônio Emílio; artistas plásticos como Florival Santos, Autran Santana, Inácio Oliveira, Álvaro Santos e Jenner Augusto; cantores populares, como João Melo, Humberto Araújo e Antônio Garcia.

Clubes, a exemplo do Recreio Clube; bares, como o Café Central e o Bar Apolo; colégios, como o Atheneu Pedro II; a circulação de livros, como Lírica, de Garcia Rosa, Espelho Interior e Ilha Selvagem, de Passos Cabral;  Evangelho de um triste, de Artur Fortes; Caderno de Crítica, Espelho do Tempo, Caminho da Solidão; Roteiro de Aracaju e Crítica e Folclore, de Mário Cabral; Os Corumbas e Rua do Siriri, de Amando Fontes; A Catedral de Ouro e Sob o olhar malicioso dos trópicos, de Barreto Filho; Vidas Perdidas e Advogados, de Carvalho Neto;  O Problema Açucareiro em Sergipe, de Orlando Dantas;  Folclore da Cachaça, Cancioneiro de Sergipe e Contribuição ao Estudo de Aracaju, de José Calasans.

Desenvolvimento Urbano de Aracaju, de Fernando Porto; Deus é Verde, de Jorge Neto; Vila de Santa Luzia, de Ómer Mont’Alegre; Letras Vencidas e Cajueiro dos Papagaios, de Garcia Moreno; Cidade Subterrânea, de Santo Souza; Dialética do Amor, de Ariosvaldo Figueiredo; Berço de Angústia, de Núbia Marques; Jackson de Figueiredo, de José Amado Nascimento; Poema da Noite, de Eunaldo Costa; Minha Gente, de Clodomir Silva; a grande casa editora que era a Livraria Regina.

Estádios de futebol como o Adolfo Rollemberg; as grandes equipes de futebol como o Sergipe, o Cotinguiba, o Confiança. O espaço natural do meio ambiente continuava cercado, ainda, por coqueiros, melancias e caranguejos.

As pessoas, os fatos, as instituições os lugares, enfim, a criação humana na cidade nos mostra que o espaço urbano é o espaço dos olhares. Tudo está contido num emaranhado de ruas, praças, igrejas, edifícios, a movimentação das pessoas, um mundo de muitas tarefas. Tarefas assumidas anonimamente por todos e por cada um no contexto dos objetos, das cores, das luzes e das formas da cidade. Espaço que se antagoniza ao do campo, ao da vida rural, de ritmo lento e modorrento.

Visão na qual estão calcadas as construções interpretativas da cidade feitas por memorialistas, poetas, romancistas, sociólogos, urbanistas, economistas e historiadores. Os viajantes foram os primeiros grandes apaixonados pelas cidades, pela tentativa de compreendê-las. Eles deixaram longas descrições. Trataram dos lugares, dos bairros, das transformações, do traçado urbano, das edificações e da paisagem humana. Mesmo quando as impressões que lhes ficaram não foram muito agradáveis, trataram das más impressões, das hostilidades ambientais, da irregularidade do traçado urbano.

(*) Jorge Carvalho é ex-secretário estadual de Educação e professor aposentado da Universidade Federal de Sergipe

Texto e imagem reproduzidos do site: www sosergipe com br

sábado, 23 de março de 2024

Abertura da 40ª edição dos Jogos da Primavera (2024)








Abertura da 40ª edição dos Jogos da Primavera (2024)
ressalta força do desporto escolar sergipano.
Fotos: André Moreira.
Reproduzidas do site: www se gov br

Povoado Romão, zona rural de Boquim



O cultivo da palma juntamente com o feijão de corda,
no povoado Romão, zona rural de Boquim.
Fotos: Vieira Neto.
Reproduzidas do site: www se gov br

Vila da Páscoa Iluminada




Vila da Páscoa Iluminada, 
tem opções de diversão e lazer para todas as idades...
Região dos Lagos, na Orla de Atalaia, em Aracaju.
Fotos: Igor Matias.
Reproduzidas do site: www se gov br

Lago no Parque da Sementeira, em Aracaju

Lago no Parque Governador Augusto Franco,
 mais conhecido como Parque da Sementeira,
 na cidade de Aracaju.
Foto: Marcelle Cristinne/PMA.
Reproduzida do site: sosergipe com br

Parque da Sementeira

Parque Governador Augusto Franco, 
mais conhecido como Parque da Sementeira,
 na cidade de Aracaju.
Foto: Marcelle Cristinne/PMA
Reproduzida do site: sosergipe com br

Vista panorâmica da cidade de Aracaju

Vista panorâmica da cidade de Aracaju,
 'rua da frente', banhada pelo rio Sergipe.
Foto reproduzida do site: mapio net

Orla de Atalaia, na cidade de Aracaju

Orla de Atalaia, na cidade de Aracaju.
Foto: Washington Reis. 
Reproduzida do site: sergipereporter com br

sexta-feira, 22 de março de 2024

Mudança da capital de Sergipe foi há 169 anos

Publicação compartilhada do site SERGIPE REPÓRTER, de 17 de março de 2024

Mudança da capital de Sergipe foi há 169 anos

Há 169 anos completados nesta quinta-feira (17), a capital de Sergipe foi transferida de São Cristóvão para Aracaju. A mudança ocorreu em 17 de março de 1855, quando o presidente da província de Sergipe na época, Inácio Barbosa, elevou a categoria de cidade o povoado de Santo Antônio do Aracaju e efetivou a transferência da capital.

Uma questão importante para a mudança da capital de São Cristóvão para Aracaju foi o açúcar. O presidente Inácio Barbosa sabia da importância deste alimento para Sergipe como principal produto de importação.

Para escoar toda a produção de cana de açúcar de uma forma mais rápida e aumentar  exportação, um ano antes da mudança da capital foram mudadas para as praias de Aracaju a alfândega, uma subdelegacia, uma agência dos correios, e a mesa de rendas provinciais, dando os primeiros passos para o crescimento econômico de Sergipe.

Origem do nome

Aracaju significa “cajueiro dos papagaios”. A palavra é composta por dois elementos: “ará”, que significa papagaio, e “acayú”, que significa fruto do cajueiro. Esta interpretação tem grande vigência, embora existam outras versões.

Já nasceu capital

Logo após o descobrimento do Brasil, em 1.500, algumas áreas da nova colônia de Portugal encontravam-se em estado de guerra devido as divergências culturais entre índios, negros escravos e os invasores de outros países da Europa. A necessidade de conquistar a faixa territorial que hoje compreende o estado de Sergipe, e acabar com as brigas entre índios, franceses e negros, que não aceitavam o domínio português, era de extrema urgência para o trono.

O local onde hoje se encontra o município de Aracaju era a residência oficial do temível e cruel cacique Serigy, que segundo Clodomir Silva, no “Álbum de Sergipe”, de 1922, dominava desde as margens do Rio Sergipe até as margens do Rio Vaza-Barris. Em 1590, Cristóvão de Barros atacou as tribos do cacique Serigy e de seu irmão Siriri, derrotando-os e matando-os. Assim, no dia 1º de janeiro de 1590, Cristóvão Barros fundou a cidade de São Cristóvão (mais tarde capital da província) junto à foz do Rio Sergipe e define a Capitania de Sergipe.

Cidade planejada

Como cidade planejada, Aracaju nasceu em 1855, por necessidades econômicas. Uma Assembleia elevou o povoado de Santo Antônio do Aracaju à categoria de cidade e transferiu para ela a capital da Província. A transferência deu-se por iniciativa do presidente da Província Inácio Barbosa e do Barão do Maruim Provincial. A pequena São Cristóvão não mais oferecia condições indispensáveis para uma sede administrativa, e a pressão econômica do Vale da Cotinguiba – maior região produtora de açúcar da província – exigia a mudança. A região precisava urgentemente de um porto que escoasse melhor seus produtos.

Somente em 1865 a cidade se firmou. Era o término de uma década de lutas contra o meio físico, e contra uma série de adversidades políticas e sociais. A partir desta data, ocorre um novo ciclo de desenvolvimento, que dura até os primeiros e agitados anos após a proclamação da república. Em 1884, surge a primeira fábrica de tecidos, marcando o início do desenvolvimento industrial. Em junho de 1886, Aracaju já possuía uma população de 1.484 habitantes, já havia a imprensa oficial, além de algumas linhas de barco para o interior.

Em 1900. inicia-se a pavimentação com pedras regulares e são executadas obras de embelezamento e saneamento. As principais capitais do país sofriam reformas para a melhoria da qualidade de vida dos habitantes. Aracaju – que já nasceu de vanguarda, acompanhava o movimento nacional e em 1908 é inaugurado o serviço de água encanada, um luxo para a época. Em 1914, é a vez dos esgotos sanitários e no mesmo ano chega a estrada de ferro.

Um tabuleiro de xadrez

Aracaju foi uma das primeiras capitais brasileiras a ser planejada. O projeto desafiou a capacidade da engenharia da época, face à sua localização numa área dominada por pântanos e charcos. O desenho urbano da cidade foi elaborado por uma comissão de engenheiros, tendo como responsável o engenheiro Sebastião Basílio Pirro. Alguns estudos a respeito de Aracaju propagaram a idéia de que o plano da cidade havia sido concebido a partir da implantação dos modelos de vanguarda na época – Washington, Camberra, Chicago, Buenos Aires, etc.

O centro do poder político-administrativo, (atual praça Fausto Cardoso) foi o ponto de partida para o crescimento da cidade. Todas as ruas foram arrumadas geometricamente, como um tabuleiro de xadrez, para desembocarem no Rio Sergipe.

Até então, as cidades existentes antes do século XVII, adaptavam-se às respectivas condições topográficas naturais, estabelecendo uma irregularidade no panorama urbano. O engenheiro Pirro contrapôs essa irregularidade e Aracaju foi no Brasil, um dos primeiros exemplos de tal tendência geométrica.

Porte médio

Aracaju já se encontrava estabilizada nos anos 70 do século passado. Cidade de porte médio, sem problemas de segurança nem infraestrutura, boa densidade demográfica, belas praias e um povo simpático e de bem com a vida. Alguns turistas acidentais começavam a aparecer, muitos desembarcavam na cidade por curiosidade e acabavam ficando – há vários casos de estrangeiros morando em Aracaju após uma paixão arrebatadora pela cidade.

O governo despertou para a grande indústria e as obras de infraestrutura turística começaram a ser realizadas. Aracaju recebeu hotéis de nível e teve sua Orla na praia de Atalaia construída, hoje, o mais importante cartão-postal da cidade; rodovias foram implantadas para facilitar o acesso ás praias dos litorais sul e norte; outros equipamentos turísticos foram instalados e um grande trabalho de catalogação das potencialidades foi feito, aliado á divulgação nos principais veículos do pais.

Destaque Notícias I Foto: Washington Reis

Texto e imagem reproduzidos do site: sergipereporter com br

Avenida Presidente Tancredo Neves, em Aracaju



Avenida Presidente Tancredo Neves,
na cidade de Aracaju.
Fotos: Michel de Oliveira/Secom/PMA.
Reproduzidas do site: www aracaju se gov br

quarta-feira, 20 de março de 2024

Aracaju 169 anos







Turistando na cidade de Aracaju.
Fotos: Michel de Oliveira/PMA.
Reproduzidas do site: www aracaju se gov br

Parabéns aos Artesãos Sergipanos





Parabéns aos Artesãos Sergipanos > 19 de março, Dia do Artesão, estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) para reconhecer o valor da transformação de matérias primas como a madeira, a linha, o barro, a palha, o fio, e tantas outras em arte, por meio das mãos, em todo o mundo...

Fotos reproduzidas do site: www se gov br

Segundona do Turista, na Rua São João











Segundona do Turista, na Rua São João,
bairro Santo Antônio, em Aracaju.
Fotos: Erick O'Hara.
Reproduzidas do site: www se gov br