Forró Caju 2025: festa terá início na Praça Fausto Cardoso...

Foto: Karla Tavares/Secom PMA

Pesquisador Paulo Roberto Nascimento

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FOTO: PEDRO LEITE /ARQUIVO SECOM PMA

Pessoas lotam a Praça dos Mercados, em 2001, primeiro ano de realização do Forró Caju no local FOTOS ARQUIVO SECOM PMA

Luiz Eduardo Oliva foi o responsável pela organização do primeiro Forró Caju 

FOTO: DANIEL LOLO /ARQUIVO SECOM PMA 2009

Paulo Corrêa, pesquisador e estudioso da música e da cultura nordestina. 

FOTO KARLA TAVARES - SECOM PMA

Artigo compartilhado do site da Agência Aracaju de Notícias, de 30 de maio de 2025 

Forró Caju 2025: festa terá início na Praça Fausto Cardoso e celebra reencontro com suas raízes

Um reencontro com a própria história. É assim que Aracaju vai viver a abertura do Forró Caju 2025, que neste ano retorna ao berço onde tudo começou, a Praça Fausto Cardoso, no coração da capital sergipana. O espaço, símbolo da vida política e cultural da cidade, volta a ser palco dos festejos juninos com uma grande celebração que vai acontecer de 30 de maio a 1º de junho, resgatando um capítulo marcante da memória coletiva dos aracajuanos, como foi em 1993, quando grandes nomes como Elba Ramalho e Flávio José se apresentaram. Este retorno não é apenas simbólico; é um reconhecimento da origem do Forró Caju e de sua importância como expressão legítima da cultura sergipana.

A história do Forró Caju se confunde com a própria essência do povo aracajuano. Desde sua primeira edição, o evento nasceu da prática cotidiana de uma população que ama forró, quadrilha e festejos juninos. O então prefeito da época, Jackson Barreto, deu o pontapé ao evento, reconhecendo a forte ligação do povo com essa tradição cultural, e escolheu como palco a histórica Praça Fausto Cardoso.

Produzido pela Prefeitura de Aracaju, o Forró Caju 2025 vai marcar o início de uma maratona junina que se estenderá até 29 de junho, com programações em diversos bairros da cidade. A proposta reforça o compromisso da gestão com o fortalecimento da cultura popular e a democratização do acesso à arte e ao lazer. A prefeita Emília Corrêa ressaltou que o objetivo desta edição vai além da celebração junina e será um movimento de fortalecimento cultural e social em toda a cidade.

“Estamos buscando, com responsabilidade e compromisso, realizar mais uma edição memorável do Forró Caju. Uma festa que é do povo, que carrega a alma nordestina e que, mais uma vez, vai mostrar que o melhor São João do mundo é aqui. O evento será descentralizado, com o objetivo de levar a festa para perto das comunidades, fortalecer o comércio local e movimentar a economia. A ideia é garantir que todos possam vivenciar o clima de São João, seja no centro ou nos bairros. Mais de 60% das atrações serão compostas por talentos de Aracaju. É a nossa música, feita por artistas da cidade, brilhando nos palcos. Isso representa uma verdadeira valorização cultural, além de criar oportunidades para os músicos locais e um reconhecimento merecido”.

Para o pesquisador Paulo Roberto Nascimento, a prefeita Emília Corrêa acertou ao decidir abrir o evento por onde tudo começou. Para ele, essa iniciativa representa um resgate histórico importante, após três décadas de realização do Forró Caju. “Como historiador, vejo essa mudança no Forró Caju como algo extremamente positivo. Estamos falando de um resgate cultural importante, que é a volta de um evento tão importante para a história de Aracaju, à Praça Fausto Cardoso, onde tudo começou, nos anos 1990. Eu mesmo era jovem na época, tinha 32 anos. Hoje, com 67, me emociono ao ver esse retorno às raízes”.

“Sabemos que na Fausto Cardoso será apenas a abertura do evento e que ele vai serguir pelos bairros da capital e também terá shows na praça dos Mercados, que é outro ponto importante para o Forró Caju, afinal a mudança para o estacionamento dos mercados aconteceu porque o evento foi se tornando cada vez mais grandioso a cada ano de realização”, destaca Paulo Roberto, pesquisador da história sergipana.

Um palco histórico para um evento que é do povo

Inaugurada em 1857, a Praça Fausto Cardoso é um marco da capital. Palco de manifestações políticas, desfiles cívicos e atividades culturais, foi lá que, há 32 anos, Jackson Barrteo apostou na força do forró e da tradição junina para dar vida ao que se tornaria um dos maiores eventos do calendário cultural nordestino. Naquele ano de estreia, artistas como Elba Ramalho e Flávio José embalaram o público, criando uma conexão instantânea entre a festa e o coração do povo.

“Muita gente da nova geração não sabe que o Forró Caju nasceu ali, no coração da cidade. Resgatar esse passado é também reconectar o presente com sua origem. E mais do que isso, é expandir. A festa deixa de ser centralizada e passa a ocupar vários pontos da cidade, assim como a cultura popular, que está sempre em movimento, sempre se transformando”, explica Paulo Roberto.

Ao conceder entrevista à Agência Aracaju de Notícias, no ano de 2009, Luiz Eduardo Oliva que ocupava o cargo de secretário adjunto da pasta municipal de Turismo, Esporte e Lazer de Aracaju, em 1993, relatou que “o início não foi fácil e que a organização era pequena”. Segundo ele, “a coordenação ficava em uma barraquinha, pois sequer havia um local específico para eles sentarem”.

Luiz Eduardo recebeu a tarefa de organizar a primeira edição do Forró Caju. Naquela época, os festejos juninos se restringiam à rua de São João, às manifestações que aconteciam em alguns bairros e às festas do interior, como Areia Branca, Capela e Estância.

Agora, em 2025, o retorno à praça é mais do que uma homenagem. É uma afirmação de identidade, que une tradição e inovação. A abertura contará com apresentações de artistas como Falamansa, Sena e Xote Baião, um espetáculo que mistura o clássico e o contemporâneo do forró, abrindo com força total o calendário junino da capital.

Da Fausto Cardoso para o Mercado 

Com a crescente participação popular, o Forró Caju foi transferido, no ano 2000, para o estacionamento dos mercados Augusto Franco e Thales Ferraz - transformado posteriormente na praça de eventos Hilton Lopes, reformada em 2008 pela Prefeitura para garantir conforto, segurança e acessibilidade aos forrozeiros.

Em 2001, o Forró Caju se consolidou como um dos maiores eventos de Sergipe, ganhando uma dimensão ainda mais expressiva e sendo reconhecido nacionalmente como um dos maiores festejos juninos do país. A partir daí, a riqueza das tradições culturais de Aracaju foram apresentadas aos brasileiros, chegando a atrair um público recorde de 150 mil pessoas nas principais noites. 

O pesquisador e estudioso da música e da cultura nordestina Paulo Corrêa relembra que Aracaju passou a ter notoriedade nos festejos juninos a partir da transição para o estacionamento dos Mercados. “Na Fausto Cardoso, o festejo acontecia ainda de forma modesta, mas a cada edição a quantidade de pessoas aumentava ao ponto que o local ficou pequeno para a realização. Então, o prefeito João Augusto Gama transferiu o Forró Caju para aquela região dos Mercados. Depois houve uma reforma e foi a partir daí que a gente ganhou destaque como um dos mais tradicionais e importantes festejos juninos do Nordeste”.

Festa descentralizada, comunidades protagonistas

Além do centro histórico, o Forró Caju 2025 acontecerá por toda a cidade, repetindo um formato que remete às primeiras edições da festa: o de levar a celebração para dentro das comunidades. Bairros como Bugio e Augusto Franco terão suas próprias noites de festa, com palcos montados, decoração típica, comidas tradicionais e muito arrasta-pé.

“O Augusto Franco, por exemplo, é um bairro já marcado por concursos de quadrilha, feiras, mercado. Levar o Forró Caju para lá fortalece ainda mais essa identidade. É um forró com nome, com história, conhecido em todo o Brasil. Isso atrai turistas, movimenta a economia local e dá protagonismo a diferentes comunidades”, comenta o historiador Paulo Roberto.

Paulo Corrêa explica que a descentralização da festa também se deu por causa da avaliação positiva que a população de Aracaju fez do modelo que foi implantado nas comemorações dos 170 de Aracaju. Para ele, os diversos depoimentos elogiando a logística da festa, serviu de termômetro para que o Forro Caju acontecesse da mesma forma. “Além do simbolismo presente na escolha do local, a população que curtiu as festas dos 170 anos do aniversário de Aracaju aprovou a realização dos eventos em vários bairros. Isto foi dito nas redes sociais e várias pessoas deram depoimentos elogiando o formato do evento. Então eu acredito que isso também contribuiu para a descentralização”.

Cultura viva, economia aquecida

A programação ainda contará com concursos de quadrilhas juninas, cidade cenográfica, barracas de comidas típicas e mais de 130 atrações, sendo a maioria formada por artistas sergipanos. A expectativa é que o Forró Caju 2025 movimente milhões de reais na economia local, fomente o turismo e gere centenas de empregos diretos e indiretos, consolidando-se como um motor cultural e econômico para Aracaju.

“O Mercado Central, claro, continua sendo um ponto importante. Mas agora ele é parte de um projeto maior. É a cultura se espalhando, chegando a todos”, reforça o historiador Paulo Roberto.

Entre o ontem e o amanhã, o forró continua pulsando

Mais do que um festival, o Forró Caju 2025 é um reencontro com a essência de Aracaju. Ao retornar à Praça Fausto Cardoso, a festa não apenas presta tributo ao seu passado, mas também olha para o futuro, reafirmando que a cultura popular é viva, forte e está no centro das políticas públicas da cidade.

“Essa mudança é como uma semente. E tenho certeza que daqui a alguns anos, vamos ver o Forró Caju florescendo nos quatro cantos de Aracaju como uma verdadeira festa do povo, em cada bairro, em cada comunidade. Isso é cultura viva. Isso é história em movimento”, conclui o historiador.

E assim, com o som da sanfona ecoando pelas ruas, Aracaju se prepara para viver um São João histórico, afetivo e inesquecível. 

Texto e imagens reproduzidos do site: www aracaju se gov br/noticias