quinta-feira, 17 de março de 2022

Artigo de Ana Luiza Liborio

Crédito da foto: Hernani Romero Libório 

Publicado originalmente no Perfil do Facebook de Ana Luiza Liborio, em 17 de março de 2022

Artigo de Ana Luiza Liborio

O que será?

E hoje festejamos mais um aniversário da cidade. E o que dizer  sobre ela ?

Da infância tenho diáfanas lembranças: a colina do Santo Antônio com seus pés de sapoti e jenipapos. Meu tio morava na casa da encosta da encosta, àquela quase normanda, onde já aconteceu a Casa Aracaju. Lá passamos férias memoráveis entre árvores frondosas e enormes esquadrias de caixilho de madeira e vidro.

A  Atalaia? Um imenso coqueiral. Em 1966 veraneamos por lá . Verão inesquecível para as crianças . Toda manhã íamos a praia, totalmente deserta, e a tarde pescávamos siris na maré do Apicum. A noite ficávamos no escuro, ainda não tinha energia elétrica, observando atentos a passagem da luz do antigo farol.

Na adolescência verdadeiro paraíso. Passear pelo comércio, visitar  livrarias, lojas de tecidos  e ir nos os armarinhos comprar contas e botões de madre pérola, uma rotina . O cachorro quente no Parque era programa certo nessas tardes descompromissadas.

Sábado a noite o programa imbatível era comer carangueijo na Atalaia. O Veludo o bar mais famoso. Talvez o primeiro grande empreendimento na Atalaia. O Manequito mais mocó e o Barraco para os descolados de então.

Cine Palace aos domingos, tomar sorvete na Cinelândia e na volta parar no relógio da Praça Fausto Cardoso ou, ainda, as matinees da Atlética, as noites dançantes do Iate  e na Oxente, no Cotinguiba, onde só enxergávamos os dentes e roupas brancas.

Mas e a Aracaju pós pandemia? O que nos trouxe de aprendizado o isolamento e o mergulho na tecnologia? 

Será que finalmente ingressaremos, urbanamente civilizados, no  século XXI? 

Será que o uber vai frear a demolição em massa que se abateu sobre o Bairro São José?

E os antigos  casarões da Rua de Estância, a um passo do Rio Sergipe, sobreviverão? 

E as casas modernistas da inigualável Rua da Frente, também?

Será que a zona de expansão vai enfim ser tratada como área de preservação paisagistica?

Será que o trabalho remoto vai resolver o problema da mobilidade?

Será que o preço dos combustíveis, a economia verde, ou mesmo a guerra, vai nos ajudar a virar a chave? 

Voltaremos a morar perto do Centro, das praças, dos bancos e lojas e poder andar a pé pelas cidades? 

Ou será que vamos repetir o equívoco de outras capitais desenhadas para carros em alta velocidade com calçadas estreitas e hostis aos pedestres? Será essa a cidade que queremos para morar?

Texto e imagem reproduzidos do Facebook/Ana Luiza Liborio

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