quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

Cidade Turística de Pirambu - Lagoa Redonda e Praia





Lagoa Redonda, no município de Pirambu - Fotos reproduzidas do site: pravocesaber.com.br 

Município da Barra dos Coqueiros

Município da Barra dos Coqueiros - Foto: Arquivo Fan F1 - Reproduzida do site: fanf1.com.br 

Poções da Ribeira, no município de Itabaiana

'ViajeDeCasa' pelos Poções da Ribeira.

  

Localizado no município de Itabaiana e com seus paredões de aproximadamente 70m de altura, os Poções da Ribeira é um convite para os amantes de ecoturismo e que gostam de uma adrenalina, pois, o local é ideal para prática de escalada e rapel, além do visitante poder relaxar em suas águas frias. 

 

Foto: Ancelmo Bless 


Imagem e Legenda reproduzidas da fanpage/Facebook/SETUR Sergipe 

quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

Biscoito fino 'Bricelets', da Cidade de São Cristóvão







Publicado originalmente no site F5 NEWS, em 19 de setembro de 2020  


Memórias do Orfanato 


Bricelets: da provisão de renda à expressão culinária de São Cristóvão 


Pandemia tem afetado a venda, mas o amor e a dedicação dão forças à tradição 


 Por Fernanda Araujo e Will Rodriguez 


O município de São Cristóvão, quarto mais antigo do Brasil, é rico em cultura, inclusive a gastronômica. E nesse quesito, a doçaria é uma importante herança presente no cotidiano local e na vida de muitas mulheres, com papel sociocultural e econômico, que também se confunde à religiosidade. Essas iguarias se tornam mais um dos atrativos para quem visita a cidade da Região Metropolitana de Aracaju, o que garante, muitas vezes, a manutenção financeira de lares sancristovenses. Uma dessas delícias que virou tradição no município é a produção dos biscoitos finos, com massa leve e sabor que envolve laranja e raspas de limão, conhecidos como “Bricelets”. 


A produção, que já acontecia em outras regiões, foi iniciada pelas monjas beneditinas vindas da Suíça para o Convento do Carmo em São Cristóvão. A receita foi passada para as freiras da Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, que cuidavam de meninas no orfanato do município, fundado em 1911. 


As religiosas aprenderam a fazer o biscoito e passaram a vendê-lo entre os anos 2000 diante da necessidade de manter os trabalhos da instituição filantrópica que praticava serviços sociais e educacionais à comunidade carente da cidade. Os biscoitos representaram um meio de sobrevivência tanto do orfanato como dos seus funcionários. 


Dentre outros motivos, os sobressaltos financeiros fez a instituição fechar as portas. As órfãs foram levadas a outras instituições, já a habilidade da produção juntamente com a receita e as máquinas que só têm na Suíça foram repassadas pelo último grupo de irmãs missionárias, já idosas, para os funcionários que lá ajudavam. 

A irmã Maria de Lourdes Rodrigues, de 83 anos, é uma delas que preserva a memória do início da produção dos biscoitos e a aceitação dos turistas. 


Vera Maria Gomes, de 50 anos, é uma das antigas funcionárias que deram continuidade à produção. Hoje, apenas ela junto com o esposo Manoel Soares dos Santos, 42, também ex-funcionário, na Casa das Bricelets, produz os biscoitos. Nascida em Aracaju, vive em São Cristóvão desde os oito anos de idade, porque segundo seus pais lhe diziam, a cidade era calma, bonita e boa para se viver. 


Na década de 90, no orfanato com 70 crianças, todas meninas, Vera aos 17 anos, como semi-interna, com sentimento de solidariedade, humildade e desejo de fazer o bem a quem mais precisava, dedicou 7 anos como voluntária e outros 17 com carteira assinada, para cuidar das crianças e das freiras. 


Como ela diz “fazia de tudo”. Lá também aprendeu a atender os turistas e a fazer os biscoitos, que se tornaram o meio de sobrevivência de sua família construída a partir da convivência no orfanato. Mas, com a pandemia, dificuldades outrora conhecidas voltaram a ameaçar a tradição. Apesar de ter ajuda de estabelecimentos em Aracaju que fazem a revenda e de sancristovenses comprarem, o que está dando um fôlego na renda, com a falta de turistas, a demanda caiu para 40%. 


A produção é feita de forma delicada e artesanal, com duas ou três pessoas. Na massa, farinha de trigo, açúcar, ovos, margarina, leite, suco de laranja e raspas de limão. O ambiente precisa ser reservado e bem higienizado. Quase sagrado. Quem está fazendo, aliás, tem que colocar amor e estar bem emocionalmente, senão o negócio desanda, orienta dona Vera. Depois de colocar a massa na máquina, a paciência e delicadeza garantem a impressão dos traços que dão estilo ao doce. Agilidade para colocar a massa, fechar a máquina e esperar a fumaça passar. Eis o segredo para o biscoito ficar no ponto certo, conta ela.  


Mais do que memória afetiva, parte da história 


Presente na memória e na história de muita gente, mais do que uma lembrança afetiva essa marca da cidade está enraizada na vida de Andrey César Louzada, professor e pedagogo que nasceu em Aracaju, mas foi criado em São Cristóvão desde a infância. Para ele, é identidade, faz parte da construção da sociedade sancristovense atual. 


“Os biscoitos são bem adocicados, dissolvem na boca, são bem crocantes, ao final do sabor tem aquele gostinho da raspa de limão, eu prefiro os bem moreninhos, mais queimadinhos. Eu me lembro muito das irmãs Ilaria e Celestina; na frente do orfanato o local da venda num isoporzinho bem simples, mas com toda higiene, qualidade e piedade que uma religiosa transmite. Quantas famílias foram construídas e eram crianças oriundas daquele orfanato, crianças que beberam daquela fonte de espiritualidade, de fé, de trabalho orante. Quantas vidas hoje testemunham de serem pessoas inseridas na sociedade, cidadãos de bem, que levam consigo os valores desse convívio”, relata o professor. 


Andrey acredita que a receita deve continuar se perpetuando. “Agora aquilo que era uma identidade das irmãs, passa a ser nossa. Contribui economicamente, culturalmente para a nossa cidade e tem esse fator espiritual, social e humanitário de levar através da produção mudança de vida para uma sociedade carente como a nossa. Faz com que a nossa cidade seja reconhecida e nossa gente seja valorizada a partir do que aprenderam, disseminam e fazem com amor”, diz. 


Segundo o Município de São Cristóvão, no momento não ocorre iniciativa financeira para auxiliar na produção dos Bricelets, mas existe ajuda na divulgação dos biscoitos nas redes sociais da própria prefeitura e na logística do produto quando ocorrem feiras. 


“Nós ajudamos também nas capacitações com o Sebrae e Senac. Na oferta de cursos para precificar valores, atendimento ao cliente, ao turista. E na logística das feiras e na compra de espaços para os atrativos de São Cristóvão ficar na vitrine”, informa o diretor de promoção turística de São Cristóvão, Kramer Rodrigues, que pessoalmente também auxilia levando os biscoitos para vender em Aracaju com amigos. “Conseguimos três pontos para ajudar. Estamos sempre levando o lá nos finais de semana pra vender. Estamos tentando levar o profundo de São Cristóvão para Aracaju”, diz o diretor. 


Os biscoitos, além de serem deliciosos na sua forma original, também podem ser apreciados em combinações. A confeitaria Doce Acaso ensina uma receita de sobremesa prática e de dar água na boca. Confira.  


Texto e imagens reproduzidos do site: f5news.com.br