domingo, 31 de dezembro de 2017

Decoração natalina, no Parque da Sementeira, em Aracaju

Foto Marcos Rodrigues.
Reproduzida do site: comunicacaovip.com.br

Arquivo Público Municipal conserva a história de Aracaju

 Documentos marcam a censura em Aracaju (Fotos: Silvio Rocha)

 Mais de 14 mil fotografias são catalogadas no Arquivo. Nesta, a Praça Olímpio Campos

 Jacintho Martins de Almeida Figueiredo foi o terceiro intendente de Aracaju em 1898

 Documento de posse do terceiro intendente de Aracaju em 1898

 Lucenira Sampaio trabalha no Arquivo desde a fundação


Visitantes também podem conferir o único exemplar do Livro de Honra de Sergipe de 1920

A diretora Rita Valença pretende levar a história de Aracaju 
ao maior número de pessoas possível

Arquivo Público Municipal conserva a história de Aracaju

O Arquivo Público da Cidade de Aracaju, unidade da Fundação Cultural (Funcaju), preserva o acervo histórico do Município. Através de documentos escritos e impressos, fotografias, livros e mapas, plantas e periódicos, provenientes da Prefeitura Municipal e de doações particulares, a Unidade tem como objetivo manter viva a história cultural de cidade.

Criado através do Projeto Levantamento das Fontes Primárias de Aracaju do Departamento de Patrimônio Cultural da Secretaria Municipal da Cultura, no dia 8 de outubro de 1987 pela Lei de nº 1300/1987, o Arquivo é considerado o guardião do patrimônio arquivístico da capital.

Atualmente, o local preserva mais de 14 mil fotografias de bairros, monumentos e festividades da cidade, aproximadamente dois mil livros, 600 mapas e milhares de diários e jornais. Todas as edições do Diário do Município de Aracaju, por exemplo, desde a sua criação em 1991, estão catalogados no Arquivo. O acervo possui também exemplares do Diário do Estado de 1896 a 1948.

Raridades

A maior relíquia do órgão é de 1855 e extremamente representativa: a Ata da Câmara do ano de transição da capital de Sergipe de São Cristóvão para Aracaju. Já o mapa mais antigo é a Planta Cidade de Aracaju, delimitando a terra da Marinha e o alagamento do saneamento do Capital, de 1919, feita a lápis grafite pelo então gestor do Departamento de Obras e Urbanismo (atual Emurb), Antônio Baptista Bittencourt.

Além disso, os cidadãos podem encontrar todos os documentos dos intendentes, prefeitos e interinos da história de Aracaju completamente organizados e catalogados com guia de localização para facilitar o acesso e pesquisas. Uma amostra disso é a posse do terceiro intendente de Aracaju em 1898, Jacintho Martins de Almeida Figueiredo. Através de uma doação externa, centenas de mapas de um dos maiores arquitetos de Aracaju, Osíres Souza Rocha, foram doados e também estão sendo conservados no Arquivo.

Segundo a diretora da Unidade, Rita Valença, “a equipe está finalizando o levantamento e catalogação de todo o material conservado no local, mas ainda não é possível precisar qual a fotografia mais antiga do acervo, pois é necessário um estudo, já que a grande parte desse material não possui registro de datas”.

Valorização da história

Lucenira Sampaio é assistente administrativo do Arquivo desde a sua fundação, há quase 30 anos, e idealizou o levantamento de pesquisa por sentir a necessidade de facilitar o trabalho dos pesquisadores que procuram o órgão. “Já poderia me aposentar, mas gosto do que faço e quero sair deixando o acervo pronto. O arquivo era considerado um depósito de coisas velhas e sem utilidade, mas conseguimos transformar em um local de pesquisa e a procura dos estudantes têm aumentado, principalmente para produção de monografias”, conta.

“Queremos que, cada vez mais pessoas conheçam a história de Aracaju e trabalhamos para facilitar isso, como as exposições que realizamos e com elas, aproximamos a população da história de uma forma mais acessível e prática. Todo material está à disposição da comunidade, mas não é permitido cópias ou empréstimo, apenas fotografar”, ressalta Rita.

Funcionamento

O Arquivo é aberto ao público de segunda a quinta, das 8h às 18h, e sexta, das 8h às 17h. No antigo prédio, na avenida Hermes Fontes, só tinha condições de receber 20 pessoas por vez. Desde novembro com novo endereço, localizado na rua Estância, nº 36, Centro, a capacidade aumentou significativamente, podendo receber uma visita coletiva de cerca de 40 pessoas pré-agendadas. Hoje, recebe aproximadamente 60 visitantes por mês, entre pesquisadores e estudantes. Para mais informações sobre visitas, basta entrar em contato por meio do telefone (79) 3179-1381.

Texto e imagens reproduzidos do site: aracaju.se.gov.br

Sede da Inspetoria Regional de Estatística Municipal no SE, (1945)

Sede da Inspetoria Regional de Estatística Municipal no Sergipe, localizada 
na Praça Inácio Barbosa, 160, Aracaju (SE), para onde foi transferida em 19/06/1945,
na gestão de Avacy Primado Vieira Lima, [194-?]. Acervo Memória IBGE.
Reproduzida do site: memoria.ibge.gov.br

Sala de Cultura Popular Manoel de Almeida Filho






Publicado originalmente no site do Instituto Marcelo Deda, em 29/10/2012

Sala de cultura popular da BPED abriga vasto acervo do cordel sergipano

Por IMD Instituto Marcelo Déda em Notícias - 2012

Em agosto de 2012, a literatura de cordel e a cultura popular sergipana ganharam da Secretaria de Estado da Cultura (Secult) um espaço especial para preservação e divulgação na Biblioteca Pública Epifânio Dória (BPED). A ‘Sala de Cultura Popular Manoel de Almeida Filho’ foi reinaugurada com a ajuda do cordelista aracajuano Gilmar Santana. Atualmente, abriga um dos maiores acervos de literatura de cordel do Estado, além de livros teóricos, xilogravuras, obras de poetas populares e muito mais.

“Essa sala veio para integrar o acervo da biblioteca no que diz respeito à cultura popular, principalmente do cordel”, afirma Sônia Carvalho, diretora da BPED. Gilmar, que é membro da Academia Brasileira de Cordel e Presidente da Sociedade Amigos da Biblioteca, diz que o espaço precisava de uma revitalização, com a ampliação do acervo. “É um lugar para dar o reconhecimento necessário à nossa cultura”, alegou.

Na sala, há obras de mais de 60 cordelistas e Gilmar quer aumentar esse número para 80. As visitas são frequentes, tanto de grupos escolares, quanto de curiosos e admiradores do cordel. Zezé de Boquim, cordelista e responsável pelo setor, recebe os visitantes. Além de orientá-los, Zezé também faz uma contação de histórias. “Quando o pessoal chega para visitar, a gente faz aquela festa, conta histórias, conversa”, conta.

Ter seu trabalho exposto na sala é motivo de orgulho para os autores, incluindo Zezé. “Eu fico muito satisfeito de ver que eu fiz uma coisa que as pessoas aprovam”, disse ele. Seu colega cordelista, Ronaldo Dória, também se enche de orgulho ao ver sua obra na biblioteca. “O espaço é muito bom para divulgar o nosso trabalho, até porque a gente não escreve para si, e sim para o povo”, concluiu.

A Biblioteca Pública Epifânio Dória fica localizada na rua Doutor Leonardo Leite, sem número, bairro 13 de Julho. O telefone é (79) 31791907.Funciona de segunda à sexta, das 8h às 20h e aos sábados até as 12h.

Texto e imagem reproduzidos do site: institutomarcelodeda.com.br

Rio Sergipe e Cidade de Aracaju, vistos da Barra dos Coqueiros

Foto reproduzida do site: istockphoto.com/br

Antigas fotos do município de Propriá



Fotos reproduzidas do blog: cidadedepropria.blogspot.com.br

Foto da antiga sede do município de Canindé de São Francisco

Foto: Arquivo TV Sergipe.
Reproduzida do site: g1.globo.com/se

sábado, 30 de dezembro de 2017

Praça General Valadão é testemunha do crescimento da cidade

 Praça Generão Valadão, com o Hotel Palace ao fundo (Fotos: André Moreira)

 Palácio Serigy, antiga Cadeia de Aracaju, é um dos prédios de grande
 importância histórica que margeiam a praça

Historiador Luiz Antônio Barreto conta que a praça já teve vários nomes (Foto: Infonet)

Praça General Valadão é testemunha do crescimento da cidade

Por Talita Moraes (estagiária)

A importância das praças não se limita ao fato de elas constituírem espaços dedicados ao lazer da população. Na antiguidade greco-romana, as praças ocupavam o espaço central da polis (cidade) e abrigavam feiras e mercados livres, bem como edifícios públicos. Era na ágora (praça principal) onde acontecia o exercício da cidadania, materializado, por exemplo, em discussões políticas e tribunais populares, sem falar na convivência cotidiana com o outro. O mesmo acontecia nas cidades brasileiras no período colonial. Nelas havia sempre praças centrais com importantes prédios administrativos e outras construções - casa da redenção, câmara, cadeia. Em volta delas, as cidades se desenvolviam economicamente, culturalmente e socialmente.

Foi dessa mesma maneira que Aracaju, a segunda capital de Sergipe, cresceu e foi se transformando. Assim como muitas cidades romanas, Aracaju foi pensada como um tabuleiro de xadrez, com edifícios públicos localizados no centro, em posições estratégicas. As praças foram criadas concomitantes ao seu desenvolvimento planejado. Como o principal motivo para a mudança da capital de São Cristóvão para Aracaju foi a presença de um porto, essencial para o escoamento da produção local e para o desenvolvimento econômico do Estado, as primeiras praças foram construídas em sua proximidade, no centro de Aracaju e às margens do rio Sergipe. Uma delas foi a Praça General Valadão.

Integrando o projeto de fundação e organização espacial da cidade, de autoria do engenheiro militar Sebastião José Basílio Pirro, a Praça General Valadão estava dentro do chamado ‘quadrante de Pirro', que tinha como centro a Praça Fausto Cardoso e a partir do qual foi traçado o tabuleiro de xadrez que deu forma à nova capital. O desenho se estendeu para os sentidos norte, oeste e sul, uma vez que no leste ficava o rio Sergipe.

Nomes

Segundo o historiador Luiz Antônio Barreto, dois dos prédios mais antigos - a Alfândega e a Cadeia - localizavam-se no entorno da General Valadão. Por muitos anos, a praça foi conhecida como a Praça da Cadeia, devido à proximidade do prédio que abrigava os presos. "Era muito comum, antes de dar nome oficial às praças, chamá-las com o nome de um prédio das proximidades", afirma Luiz Antônio. O prédio da cadeia foi demolido na década de 1930 para a construção do Palácio Serigy, onde hoje funciona a Secretaria de Estado da Saúde.

Ainda de acordo com o historiador, posteriormente a praça passou a se chamar 24 de Outubro, data da emancipação política de Sergipe. Por fim, na década de 1930, recebeu o nome do General Oliveira Valadão, ganhando também um busto do homenageado. Nascido em Neópolis, Oliveira Valadão teve participação na proclamação da República, foi duas vezes governador do Estado e líder republicano.

Economia e prostituição

Luiz Antônio Barreto conta que, além de ficar perto de prédios importantes, a praça General Valadão ficava numa região de grande importância comercial, bem em frente ao rio Sergipe, onde se encontrava, então, a zona portuária. Também por ali estavam o Mercado Municipal, ainda com sua estrutura original, e a Praça do Trem, além de caminhões vindos do interior para abastecimento.

À medida que a nova capital se desenvolvia, o turismo começava a despontar como importante atividade econômica. Em 1962 o Hotel Palace de Aracaju foi construído, sendo a primeira grande estrutura para receber turistas na capital. Nessa época, os visitantes ainda se concentravam no centro da cidade devido à presença do terminal rodoviário, além dos limites urbanísticos e da atividade comercial da região.

O turista que na época vinha à Aracaju era o funcionário público que queria conhecer o Brasil, os baianos - devido à proximidade geográfica -, as excursões em navios vindos do Rio de Janeiro e que tinham como ponto de parada a capital sergipana, as companhias de teatro, música e dança.

A concentração de atividades econômicas na área central da cidade fez com que a prostituição se tornasse marcante. Havia na região casas de luxo bem estruturadas, onde pela manhã funcionavam estabelecimentos comerciais e à noite prostíbulos. Por conta disso, a área foi chamada, jocosamente, de Vaticano.

Texto e imagens reproduzidos do site: aracaju.se.gov.br

Antiga foto da Rua Laranjeiras, em Aracaju

Essa foto é do São João de Aracaju, um dos registros mais antigos que se tem, 
realizado na Rua Laranjeiras. Fotografia retirada no século 19 
Foto: Corinto Mendonça | Arcevo: MHSE
Reproduzida do site: expressaosergipana.com.br

Paixão por vinil movimenta mercado em SE

Foto: André Moreira

Publicado originalmente no site de Jornal da Cidade, em 03/11/2015

Paixão por vinil movimenta mercado em SE

Colecionadores buscam relíquias e chegam a pagar caro para adquirir discos que emitem som de qualidade

Por Anna Paula Aquino/Da Equipe JC

 Curtir um som de qualidade. Essa é a intenção de quem coleciona discos de vinil em pleno 2015. Por mais raro que se ache que é encontrar as peças na capital sergipana, o que não falta é opção de loja ou de relíquia que chega a custar de R$ 2 até R$ 2.500.

Grandes, com capas marcantes ou polêmicas, marcaram momentos ou época e continuam no auge. Sim, os discos não morreram e suas vendas estão em pleno vapor em Aracaju. Nos mercados, no Centro e até na zona sul, é fácil encontrar esses objetos valiosos.

Na lateral do Mercado Albano Franco, existe um local assim. Conservando a paixão do pai, que também é do ramo, Dalvo José Souza faz do seu comércio um ponto de encontro de admiradores. Em meio a CDs, também, ele tem guardados mais de dois mil tesouros de todos os tipos.

Há cerca de 10 anos por lá, o comerciante destacou que a sua paixão é grande pelos discos. “Conheci os discos através da influência do meu pai e quis seguir. Adquiri experiência com isso. Aqui é um espaço de vendas e dedicação ao que eu gosto”, comentou.

Para o acervo, ele compra sempre de outras pessoas e tem clientes fiéis. “Várias pessoas voltam para procurar os seus preferidos. Os mais procurados são de rock e reggae. Por aqui, os clientes valorizam ainda quando os artistas morrem, são os tesouros, após a notícia da morte”, explicou.

Mais à frente, no cruzamento das Ruas Geru e Lagarto, outra coleção. Com mais de quatro mil discos atualmente em sua loja, Natan de Albuquerque se encantou aos 13 anos com eles. No coração, a lembrança ainda do seu primeiro disco de Fernando Mendes de 1973 e o sentimento de continuar procurando os preciosos.

No lugar, seu gosto por MPB se mistura com outros. Chico Buarque, Caetano Veloso e João Bosco estão junto de Raul Seixas, Tim Maia, além de internacionais que fazem o maior sucesso entre os colecionadores. Com R$ 3 facilmente, a pessoa pode sair com a trilha sonora garantida dali ou com R$ 100 o consumidor pode ter em sua estante, João Gilberto no seu primeiro álbum.

Natan ressaltou que o movimento nunca parou de verdade. “O vinil não para. Começaram a fabricar radiolas novas e o pessoal percebeu que é melhor o som que o do CD, além da durabilidade”, afirmou.

Detalhando melhor o seu hobby, ele falou do ritual prazeroso de ouvir um vinil que encanta pessoas de todas as idades. “O disco leva a pessoa a um ritual por conta do sensorial, ela ouve um lado e depois o outro. Você tem que parar para ouvir música e no CD não, às vezes coloca no carro e nem escuta ou presta atenção”, contou lembrando que na lista de clientes, estão pessoas de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco que a cada parada na capital sergipana, aumentam seu estoque musical.

Pesquisa

De Aracaju, André Teixeira, universitário que é frequentador fiel do ponto. Tão envolvido com o tema e a rotina, ele também abriu um espaço no Inácio Barbosa e já prepara seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) para o curso de Jornalismo sobre isso.

A decisão do tema do TCC foi após a perda de um dos amigos colecionadores que participavam frequentemente dos encontros realizados em Nossa Senhora do Socorro. Nas referências, contatos que já estão no seu cotidiano e recordações de lugares que estão na história da cidade para este segmento. “No TCC, eu pretendo buscar um pouco dessas memórias e dessas lojas clássicas como a “Litte Light Music” que ficava no Beco do Alecrim, localizado no Centro, em Aracaju. Ed Motta chegou a comprar discos lá”, relatou.

Na rotina, André participa de eventos que reúnem novos e antigos interessados no assunto. Definida como uma abertura de acervo por ele, cada ocasião está tendo um saldo positivo atualmente. “Tem aparecido tanta gente nova, comprando aparelho de som ou buscando consertar. A cada encontro, tem gente que não deixa de comprar e outras que estão procurando pela primeira vez”, informou. 

Na análise do estudo e das vendas do seu negócio, ele ressalta ainda verdadeiras riquezas. “Comecei a comprar discos repetidos e atualmente 90% do que tenho na lojinha é meu. Tenho discos a partir de R$ 5, mas existem raros no país que podem chegar a R$ 25 mil. Entre os mais procurados está o primeiro disco do Roberto Carlos que pode custar cerca de R$ 5 mil. Na minha lojinha, o disco mais caro é o primeiro de Tom Jobim que eu não vendo por menos de R$ 2.500, álbum Sinfonia Popular do Rio de Janeiro, de 1953”.

Para os que pretendem iniciar-se na mania, ele ensinou os truques básicos. “É bom saber o que está comprando. Uma vitrola de R$ 300 pode ser barata, mas sair cara, se não tiver uma assistência técnica aqui em Sergipe. Para investir em um som, recomendo a pessoa a pesquisar o modelo e comparar com outros. Às vezes pode ser mais interessante comprar na internet, do que aqui”, indicou.

André finalizou esclarecendo que essa era não acabou. “O vinil nunca morreu, só deixou de ser produzido na escala industrial que era e passou a ser quase que numa escala caseira. Por conta do advento da música mediada pelos meios digitais, tem uma redução inclusive a própria durabilidade. É um produto

Som vibra pela agulha

Os discos vinis foram criados em 1948 com os primeiros feitos de goma-laca de 78 rotações. Desde então, se transformou em LP (Long Play), EP (Extended Play), Single (Single Play) ou Máxi (Máxi Single). Num aparelho de som ou vitrola com o funcionamento através da vibração da agulha, ele pode tocar canções com uma qualidade sem igual.

Aracaju tem guardião de vitrolas

No centro da capital, um verdadeiro tesouro é guardado com cuidado. São mais de 35 aparelhos de som e 800 discos cuidados com carinho pelo comerciante Gamaliel Souza.

Desde o primeiro aparelho, há cerca de 40 anos, ele começou a sua coleção para incentivar o gosto de sua esposa pelas antiguidades. Em um desses passeios na busca por tesouros, ele encontrou sua primeira vitrola e começou a busca incansável pelo som perfeito.

No arquivo, estão discos de cera de carnaúba que tocavam perfeitamente nas peças mais antigas. De todos os tamanhos, modelos e especialidades, ele guarda todos com zelo para proteger de sujeira e do tempo. Entre elas, o primeiro aparelho de som do mundo, o Fonográfo criado em 1877. No local, ele recebe visitantes do sudeste que admiram os objetos antigos e são recebidos com alegria pelo apaixonado.

Nos seus relatos, ele lembra como encontrou a mais difícil de todas. “Essa peça de 1770 é uma caixa de música que tocava discos com gravuras de 60 centímetros de diâmetro. Consegui com um rapaz que vende antiguidade. Ele descobriu a peça em Itabuna, na Bahia, e me ligou. Esperei ele enviar a foto, quando recebi, não pensei e comprei há cerca de 10 anos”, contou.

Buscando conservar a cultura, Gamaliel já expôs suas paixões uma vez, mas disse não querer mais viver essa experiência. “Infelizmente, cultura nesse país e nada é a mesma coisa. O meu acervo é um dos maiores do mundo e ninguém no país tem. Infelizmente isso deixa o Brasil sem memória”, desabafou.

Sem incentivo ou perspectiva de propostas que valorizem esses bens que são responsáveis pela história, ele falou da sua última decisão. “Tirei as fotos de todas as peças para enviar para as embaixadas de países que incentivam a cultura e fabricaram as peças. A intenção agora é vender. Os meus filhos não querem tomar conta e assim vai ter quem conserve isso, até porque todas funcionam”.

Texto e imagem reproduzidos do site: jornaldacidade.net

Catedral Metropolitana Nossa Senhora da Conceição

 Foto de 1935.

Foto de 2013.

Catedral Metropolitana Nossa Senhora da Conceição

“Imaculada, Maria de Deus, Coração pobre acolhendo Jesus. Imaculada, Maria do Povo, Mãe dos aflitos que estão junto à Cruz...” Há mais de 150 anos, eis o hino entoado pelos fiéis católicos na imponente Catedral Metropolitana de Aracaju, monumento tangível, que não somente retrata em seu ambiente as manifestações de fé do povo católico, como também evoca na memória, uma história local. Criando assim, uma identidade cultural precisa e despertando para a consciência que preservar, conservar, manter, é salvaguardar nosso patrimônio espiritual e político-cultural para as futuras gerações.  Em mais de um século de história, muitas foram as significações em que a Igreja de Aracaju teve a oferecer para a sociedade sergipana, visto que Sergipe nasceu e cresceu com a presença da mesma.

Em pleno século XXI, em que as informações nos chegam rapidamente ao mesmo tempo em que se vão, evocar o passado, realidade de ausências, nada mais é do que tornar presente e perpetuar para as futuras gerações a realidade da centenária catedral, como patrimônio ofertado a todo Sergipe. Patrimônio na Antiguidade, precisamente na Grécia Antiga, denotava herança deixada pelo pai. Hoje em dia, possui carga semântica similar que, empregado aos bens culturais e em especial à Catedral Metropolitana é um legado, uma dádiva de Deus Pai deixado para os católicos e para a população sergipana.

 A história da Catedral de Aracaju se confunde com a realidade das demais construções religiosas inseridas no surgimento das cidades. O insuspeito escritor Viriato Correia diz que: “não há, talvez, país que tenha, como o Brasil, a sua vida intimamente ligada às batinas e aos hábitos. A formação da nossa nacionalidade, começa à sombra das virtudes cristãs dos padres, primeiros pedreiros do monumento da vida nacional”. De fato assim é.  Há um tal, entrelaçamento entre a história da sociedade e a história da Igreja, que não se pode separar uma da outra sem mutilação. Quando não foram as primeiras casas que se levantaram ao lado das capelinhas, foram estas que se levantaram ao lado daquelas. Esta é a história de quase todas as cidades brasileiras, muitas das quais cresceram e se desenvolveram como São Paulo, que cada dia se levanta por entre esplendores das suas vitórias e da grandeza do seu progresso, numa demonstração inequívoca do maior trinfo cultural e econômico do Brasil, senão da América do Sul. Do mesmo modo, não poderia ter sido diferente com a próspera “terra dos cajueiros”.

Para júbilo dos cristãos católicos, no dia 22 de maio de 1856 foi festivamente batida a primeira pedra da futura matriz da nova capital sergipana, cuja obra esteve a cargo do engenheiro Coronel Francisco Pereira da Silva. Relatos revelam que, em virtude da urgência no levantamento da referida igreja, foi alterada a sua primeira planta, admitindo-se um plano mais leve e rápido para atender às necessidades religiosas e urgentes da população da nova Capital, “até que as circunstâncias permitissem edificar-se uma matriz correspondente à importância que breve teria a capital da Província”.

A Catedral Metropolitana de Aracaju localizada no Parque Teófilo Dantas, no centro da cidade, é um dos mais significativos monumentos da arquitetura religiosa de Aracaju.  A Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição foi construída em 1862, mas só foi inaugurada em 22 de dezembro de 1875. Sendo que, teve sua obra interrompida por algum tempo, devido a morte do fundador da nova capital, Ignácio Joaquim Barbosa, e pela epidemia de cólera que dizimou centenas de cidadãos na mesma época. Tornou-se Catedral em três de janeiro de 1910, quando foi elevada à categoria de Diocese. (Pois, esmiuçando a palavra catedral deriva do latim cátedra, que significa sede do bispo, cadeira de onde é assistido o culto religioso e de onde é governada a diocese.) Para facilitar as necessidades pastorais e melhor exercer o aprimoramento do trabalho de evangelização católica e de formação humana que já vinha sendo feito em Sergipe, o Papa Pio X, através da bula Divina Disponente Clementia, de 03 de janeiro de 1910, desmembrou da Arquidiocese de São Salvador da Bahia, a Igreja que estava na província de Sergipe Del’Rei, transformando-a em Diocese que abrangia todo o Estado de Sergipe. Sua instalação se deu no dia 04 de dezembro de 1911, com a posse solene do seu 1º bispo, Dom José Thomaz Gomes da Silva. De fato, com a instalação da Diocese e posse do 1º bispo de Aracaju, a presença da Igreja na história de Aracaju e de Sergipe tornou-se cada vez mais efetiva. Sendo que, é importante ressaltar que a Igreja Católica local teve grande contribuição para o desenvolvimento da capital sergipana nos aspectos culturais, sociais, intelectuais etc. Cinquenta anos mais tarde, a mesma passara à categoria de Arquidiocese, com a criação e em sintonia com as Dioceses de Estância e Propriá.

A sede católica dos fiéis de Aracaju, o velho templo, a antiga matriz da Imaculada Conceição, elevada à categoria de Catedral com a criação e instalação da Diocese de Aracaju, não estava condizente com o progresso da cidade, tampouco com o título de catedral, com isto, a comunidade católica de local desejava vê-la adaptada às novas condições da Capital. Seria necessário adaptá-la aos novos tempos da época. Era necessário reformá-la em um imponente templo, aprimorando sua beleza arquitetônica e artística remetida em seu estilo gótico.  Historiadores encontraram em documentações precisas a informação de que a edificação, que é símbolo histórico da capital e de bela arquitetura, é falha. Como foi atestada segundo o relatório do Dr. José Bento apresentado em setembro de 1872, à assembléia provincial, onde encontra-se a seguinte referência: “A matriz da capital nunca será um templo perfeito, a sua planta é de mau gosto, contém defeitos de arquitetura que não se podem mais corrigir, faltando-lhe sobretudo as acomodações exigidas pelas necessidades de culto, são defeitos tão salientes  que não escapam ao olho menos observador”. A necessidade de melhor embelezá-la se fez mister tanto pelo seu significado, como para constituir-se o centro das atenções de quantos visitam a bela e acolhedora capital, aderindo a uma fascinante impressão do povo aracajuano. E eis que, dentre os “Padres de Dom José”, como assim eram conhecidos, surge o culto e corajoso Mons. Carlos Camélio Costa, membro do Cabido Diocesano, da Academia Sergipana de Letras e um dos seus fundadores. Tendo sido nomeado Pároco da Catedral, recebe a permissão, a bênção e a confiança de seu bispo, Dom José Thomaz, para iniciar as obras de restauração, ou melhor, quase reconstrução da igreja. Foram 10 anos interruptos de trabalhos.

Sua cúpula é ornada de belíssimas pinturas do século passado, pois o imponente edifício com seu estilo neo-gótico, como conhecemos hoje, nem sempre foi deste modo. Foi no início do século XX que artistas italianos vieram da Bahia para reformá-la e dar o aspecto que atualmente é apresentada, dentre eles estava Orestes Gatti (artista italiano, nascido em 1840, chegou a Aracaju como integrante da “missão italiana” em 1918, no governo de Pereira Lobo, para a programação das comemorações do Centenário da Independência de Sergipe em 1920. Foi responsável pela pintura do interior da Catedral Metropolitana de Aracaju e da Catedral de Estância-SE). Internamente, precisamente na nave central, para fascínio dos frequentadores da mesma, a sua pintura é em estilo “trompe l’oeil” que dá um efeito de relevo ao jogar com perspectivas luz e sombra. Acima do altar principal, havia uma pintura do sergipano Horácio Hora, dedicada à Nossa Senhora da Conceição, padroeira de Aracaju, e a quem a igreja está consagrada, ainda a mesma pintura já esteve no teto e hoje, se encontra exposta na sacristia do templo, foi considerada pela crítica artística do pintor como a pior de todas as suas obras, mas mesmo assim possui uma peculiar beleza. No seu interior, precisamente no coro, há o órgão de tubos, que hoje está desativado, o seu som era algo indescritível. A cúpula das torres é revestida de pedrinhas e conchas do mar, para remeter à regionalidade local, visto que Aracaju é uma cidade litorânea. Em São Paulo, há uma cidade cuja igreja reproduz a nossa catedral, inclusive com as conchas na torre. Ainda a capela lateral, conhecida como capela do Santíssimo, possui um lindo trabalho em ferro na grade. Sem mencionar os sinos que com o passar do tempo foram substituídos por som eletrônico que também funciona como relógio, causando entre as pessoas que convivem e trabalham nas mediações do templo fundamental importância para a demarcação do horário.

Atualmente, é considerada um dos mais belos pontos turísticos de Aracaju. Os turistas católicos e até não católicos, que visitam Aracaju, têm como referencial da fé da gente aracajuana a adequada localização e a imponência da bela Igreja Catedral. Foi tombada pelo decreto de número 6819, de 28 de janeiro de 1985 pelo Patrimônio Histórico Estadual. Na época, a seleção e necessidade de proteção do bem patrimonial do prédio da Catedral Metropolitana de Aracaju se deu, mediante a importância da ação da Igreja Católica para o desenvolvimento direto e eficaz da capital sergipana, no que diz respeito ao campo não só religioso, como também as demais contribuições da mesma. Vale a pena destacar em síntese, algumas das contribuições da Igreja para a História de Aracaju e por que não dizer, do povo sergipano. São elas: fundação da Academia Sergipana de Letras; os beneméritos padres salesianos fundaram o Colégio Salesiano Nª. Srª. Auxiliadora; foi construído e instalado na Praça Tobias Barreto em Aracaju, o Colégio Patrocínio de São José; instalação do Seminário, o grande precursor do ensino superior em Sergipe; criação do Colégio Arquidiocesano e do Instituto Dom Fernando Gomes; fundação do SAME (asilo dos idosos carentes); Instalação da faculdade de Filosofia e Serviço Social, posteriormente, foi decisiva para a criação da Universidade Federal de Sergipe; fundação do Hospital São José; construção da Casa da Doméstica, Creche Dom Távora e Rádio Cultura de Sergipe; criação do Museu de Arte Sacra de Sergipe, entre outros mais variados contributos.

A Catedral de Aracaju é local de grandes manifestações artísticas e culturais, além de conservar as obras do renomado artista sergipano Horácio Hora, também serviu de espaço para as apresentações do coral da Sofise e até hoje, outros grupos musicais apresentam seus concertos, a exemplo da orquestra Sinfônica de Sergipe. Atualmente propõe-se a execução de uma restauração para a mesma, a fim de que, o imponente prédio histórico, artístico e religioso, seja preservado para as futuras gerações e continue servindo como atrativo cultural e turístico na capital sergipana.

Hoje, passados todos estes anos, somos testemunhas do progresso da Igreja Católica em Sergipe e herdeiros de uma maravilhosa construção arquitetônica, que é o prédio da Catedral. É preciso salvaguardar não somente o prédio de “pedra e cal” revestido de bela arquitetura e pintura, mas pela sua importância que teve e ainda tem para a história dos aracajuanos.

Texto escrito por Dhiego Guimarães

Texto e imagens reproduzidos do site: arquidiocesedearacaju.org

Antiga foto da cidade de Aracaju (1920)

Foto reproduzida do Facebook/Pascoal Maynard.

quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Vista aérea da Avenida Inácio Barbosa (antiga Sarney), em Aracaju




Fotos reproduzidas se.olx.com.br

Avenida Osvaldo Aranha, em Aracaju

Foto: arquivo Portal Infonet
Reproduzida do site: infonet.com.br

Calçadão da Rua João Pessoa, em Aracaju

Foto reproduzida do site: aracaju.se.gov.br

Calçadão Formosa, no Bairro 13 de Julho, em Aracaju

Foto reproduzida do site: aracaju.se.gov.br

Quiosques na Avenida Inácio Barbosa, em Aracaju

Foto reproduzida do site: aracaju.se.gov.br

Rio Poxim, banhando a Avenida Beira Mar, em Aracaju

Foto reproduzida do site: aracaju.se.gov.br