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segunda-feira, 9 de outubro de 2023

Lambe-sujos e Caboclinhos, no município de Laranjeiras







Legenda das fotos: Lambe-sujos e Caboclinhos em Laranjeiras (SE) — (Créditos das fotos: Leonardo Barreto/g1).

Publicação compartilhada do site G1 GLOBO SE., de 8 de outubro de 2023 

'Eu sou negro todos os dias da minha vida' diz participante de festa onde escravos são representados no interior de Sergipe

A festa dos Lambe-Sujos e Caboclinhos acontece todos os anos no segundo domingo de outubro.

Por Leonardo Barreto, g1 SE

Acontece neste domingo (8) a festa dos Lambe-Sujos e Caboclinhos, no município de Laranjeiras, distante cerca de 20 km de Aracaju. Esta é uma das maiores manifestações culturais de Sergipe e também é considerada uma das maiores apresentações teatrais ao ar livre do Brasil.

A festa teve início com uma alvorada às 4h, depois os participantes saíram em cortejo pelas ruas da cidade até a frente da Igreja Matriz, onde receberam a benção religiosa.

“Essa é uma festa popular da cultura do povo. São dos dois segmentos que mais sofreram na história, os indígenas e os negros. Isso é Brasil, todos os povos unidos, essa essência, essa paz, tem que abençoar mesmo”, disse o padre Francisco de Assis, pároco de Laranjeiras.

Durante a tarde, a festa continua e termina com o tradicional combate entre Lambe-sujos e Caboclinhos.

A cidade se divide em dois grupos: o dos Lambe-sujos, representando os negros, e o dos caboclinhos, representando os indígenas. O Cortejo retoma de forma lúdica as batalhas entre negros escravizados e indígenas domesticados pelos senhores de engenho do Brasil colonial.

A batalha é uma representação das investidas dos indígenas nos quilombos, a mando dos capitães-do-mato dos engenhos, aproveitando o fato dos indígenas conhecerem melhor a região. O objetivo era derrotar e aprisionar os negros escravos fugidos, que segundo a tradição, sequestraram a rainha dos Caboclinhos.

Para o brincante Papada, a festa é uma importante manifestação cultural que conta um pouco da sua história.

“Hoje nos pintamos nessa representação do povo negro, todo mundo pode sentir um pouco, mas eu sou negro todos os dias da minha vida. Essa é uma festa que eu amo, aqui a gente vive a história, isso não pode acabar nunca”, disse.

O historiador Mestre Zé Rolinha, pontuou que a festa dos Lambe-sujos e Caboclinhos preserva a cultura popular sergipana.

“Essa é uma manifestação cultural secular, que acontece desde 1860, respeitando os mitos, os ritos e as lendas, porque um povo sem memória, é um povo sem história. Vamos continuando as memórias e revivendo as histórias. A cultura popular, ela é nossa”, finalizou.

Texto e imagens reproduzidos do site: g1 globo com/se

domingo, 23 de outubro de 2022

Lambe-Sujos e Caboclinhos de Laranjeiras

Lambe-Sujos e Caboclinhos de Laranjeiras
Jhonnathan Almeida se caracteriza de 
Lambe-Sujo desde os 5 anos. 
Foto: TV Sergipe/Giro Sergipe.
Reproduzido do site: redeglobo

sábado, 8 de outubro de 2022

Festa dos Lambe-Sujos e Caboclinhos

Legenda da foto: O Príncipe dos Lambe-Sujos faz evoluções que remetem à batalha que acontece no final do dia e é o ponto alto da festa - (Crédito da foto: Lucio Telles).

Publicação compartilhada do site PUXE UMA CADEIRA, de 19 de novembro de 2018 

Festa dos Lambe-Sujos e Caboclinhos

Conheça a festa popular que é considerada uma das maiores manifestações culturais do Brasil: a Festa dos Lambe-Sujos e Caboclinhos. Ela reconta a luta dos escravos pela liberdade em Laranjeiras, Sergipe.

Todo ano, no segundo domingo de outubro, as ruas de Laranjeiras são tomadas pela Festa dos Lambe-Sujos e Caboclinhos. De um lado, temos o cortejo dos homens pintados de preto, com calções e gorros vermelhos. Seu visual lembra o do Saci Pererê das lendas indígenas. Mas são os Lambe-Sujos, uma representação dos escravos africanos que foram trazidos para o município nos séculos 17 e 18, para trabalhar nas lavouras de cana que enriqueciam a região. Atrás deles vão os Caboclinhos, com o corpo tingido de vermelho, enfeites de penas, cocares e flechas. São os representantes dos  indígenas que eram contratados pelos donos dos engenhos para recapturar os negros fugitivos. Todo o folguedo dos Lambe-Sujos e Caboclinhos gira em torno da batalha travada para destruir os quilombos -locais onde os escravos se escondiam.

No cortejo dos Lambe-Sujos, os personagens principais são o Rei, o Príncipe, Pai Juá (o Preto Velho que é o guia espiritual dos negros) e Mãe Suzana (cuidadora do bando, que fornece os suprimentos para fortalecê-los). No lado dos Caboclinhos há o Cacique, a Princesa e os índios guerreiros.

A pintura corporal do Lambe-Sujos, de aparência reluzente, é feita com pó de tinta preta e melaço de cana. Diz a tradição que os africanos fugitivos realmente lambuzavam o corpo com mel de cana para, em seguida, grudar folhas que serviriam de camuflagem dentro da mata.

Laranjeiras, que hoje tem cerca de 30 mil habitantes, já foi a mais importante cidade de Sergipe. Sua fundação data de 1590, com um pequeno porto no rio Cotinguiba. Graças à intensa  movimentação pelo rio, o porto foi ganhando importância, agregando comércios e casas. Tornou-se um dos principais pontos de trocas de escravos no Brasil. No porto das Laranjeiras desembarcavam, também, variadas mercadorias vindas da Europa para abastecer as ricas famílias brancas. A aristocracia da província vivia com todo luxo que a riqueza da cultura açucareira podia proporcionar. Tanto é que a cidade era chamada de “Atenas sergipana”. Foi nesse contexto histórico que aconteceram os embates reais entre negros, indígenas e brancos, encenados na Festa dos Lambe-Sujos e Caboclinhos.

Legenda da foto: Na Festa dos Lambe-Sujos e Caboclinhos, Mãe Suzana é a matriarca que alimenta os negros. Por isso, carrega na cabeça utensílios de todo tipo - (Crédito da foto: Lucio Telles).

O roteiro da festa dos Lambe-Sujos e Caboclinhos

Apesar do cortejo ser realizado no domingo, a preparação tem início no sábado, quando grupos saem pelas ruas e mercados com o intuito de arrecadar ingredientes para a realização da feijoada que será servida ao meio-dia, no dia seguinte.

No domingo, ao raiar do sol, a festa se inicia com fogos de artifício. O grupo dos negros inicia o cortejo pela cidade, saindo do Largo da Quaresma. Além dos corpos reluzentes de tinta preta e melado, os Lambe-Sujos exibem foices que simbolizam a luta pela liberdade. Alguns fumam cachimbo, enquanto outros chupam chupeta. São liderados pelo príncipe e pelo rei do Quilombo, ao som de ritmos contagiantes produzidos por ganzás, pandeiros, cuícas, tambores e reco-recos. No meio de tudo isso há ainda a polêmica figura do Feitor. Ele distribui chicotadas de verdade aos foliões que não obedecem as ordens dos mestres do cortejo. Uma lembrança incômoda dos castigos sofridos pelos negros, ainda viva na memória de seus descendentes locais.

Às 9 horas da manhã, Lambe-Sujos e Caboclinhos se dirigem para a Igreja Matriz, onde acontece a bênção dos grupos. À partir daí, a brincadeira envolve a captura da princesa dos Caboclinhos pelos Lambe-Sujos. E no final da tarde, há o tradicional combate pela libertação da rainha, do qual os Caboclinhos saem vitoriosos. “A festa encena o que Laranjeiras vivenciou historicamente”, afirma Evandro Bispo, um dos organizadores do folguedo, ao jornal El País Brasil.

Legenda da foto: Os caboclinhos são considerados anti-heróis da Festa dos Lambe-Sujos e Caboclinhos, pois são pau-mandados dos brancos - (Crédito da foto: Lucio Telles).

Símbolo de resistência e força

Apesar de derrotados, os Lambe-Sujos saem da batalha de cabeça erguida. Tudo na festa é uma celebração da força e da resistência dos africanos. Aliás, dizem que a derrota faz parte do enredo da festa porque quando ela foi criada, pelos negros alforriados, as autoridades da época teriam feito essa exigência. Assim, os escravos que ainda não eram livres, não seriam estimulados à rebeldia.

A festa dos Lambe-Sujos e Caboclinhos é tão rica em informações e referências da cultura colonial brasileira que, além de atrair milhares de visitantes, já inspirou dezenas de livros e estudos acadêmicos. Inspirou também a coleção Marcas de um Povo, criada pelo designer Raphaell Valença, vencedor da primeira edição do Prêmio Oxford de Design, em 2015. Confira a entrevista que fizemos com ele!

 Texto e imagens reproduzidos do site: puxeumacadeira.com.br

quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Manifestações Culturais de Sergipe: Lambe-Sujo

Foto: Ailton Cruz

Publicado originalmente no site da Assembleia Legislativa de SE., em 23/01/2019

Manifestações Culturais de Sergipe: Lambe-Sujo

Por Júnior Ventura/Rede Alese

A manifestação cultural dos Lambe-Sujos é datada de 1860, bem antes da abolição dos escravos no Brasil. O folguedo é a representação da batalha de dois grupos: de um lado os Lambe Sujos, que representam os escravos e do outro os Caboclinhos, representando os índios. Com personagens bem divididos, os grupos simulam a luta para resgatar a princesa que foi raptada pelos negros.

A festividade acontece sempre no segundo domingo do mês de outubro nos municípios de Itaporanga e Laranjeiras. Para dar mais cor à encenação, os Lambe-Sujos se pintam com carvão, mel cabaú e usam gorro e bermuda vermelha, enquanto os Caboclinhos se pintam com tinta marrom-terra e vestem cocares. Os participantes saem pelas ruas cantando e tocando instrumentos musicais como pandeiro, tamborim e reco-reco.

A festividade dura todo o dia e se encerra com a tradicional batalha entre os dois grupos da qual os caboclinhos saem vitoriosos. Para quem assiste, é difícil sair da festa sem ser pintado, ao menos uma parte do corpo, pelos Lambe-Sujos. Pela importância histórica, a manifestação cultural faz parte do calendário folclórico de Sergipe.

Texto e imagem reproduzidos do site: al.se.leg.br