terça-feira, 29 de março de 2022
Antiga foto do Parque da Sementeira
Casarão dos Rollemberg (hoje sede da OAB/SE.)
Praia da Costa, no município da Barra dos Coqueiros
segunda-feira, 21 de março de 2022
Praia do Coqueirinho, Itaporanga D'Ajuda
Orla de Atalaia, em Aracaju
O colorido dos kites, na Praia de Aruana
sexta-feira, 18 de março de 2022
Aracaju completa 167 anos de fundação
Publicado originalmente no site do jornal CORREIO DE SERGIPE, em 17 de março de 2022
Aracaju completa 167 anos de fundação
A história de Aracaju teve início no ano de 1855, quando Inácio Joaquim Barbosa assinou a resolução transferindo a capital da província de Sergipe Del Rey de São Cristóvão para Santo Antônio do Aracaju, povoado de pescadores à margem do rio Sergipe.
Durante 250 anos, a capital da província de Sergipe foi São Cristóvão, mas por conta da distância com relação ao mar, existia muita dificuldade no escoamento de produtos via fluvial já que os grandes navios não conseguiam navegar no rio da cidade, e essa era a grande reclamação dos senhores de engenho.
“Não só com a chegada de Inácio Barbosa a Sergipe em 1853, mas antes já havia sugestão e reclamações em relação à falta de porto em São Cristóvão. Numa época, pensou-se em Laranjeiras ser a capital, muito bem vista pelo seu desenvolvimento cultural e por ficar na Barra da Cotinguiba, pensou-se em Estância também. Tudo isso era ampliado com as brigas políticas do Estado. A transferência da capital foi resultante do projeto de conciliação do Imperador Dom Pedro II. Os partidos políticos na época, os rapinas e camundongos, estavam em divergências. Então, o Imperador resolveu que no projeto dele de provocar uma conciliação no país inteiro, de enviar uma pessoa que fosse fora do esquema político local para governar a província, vindo para cá o advogado, Inácio Joaquim Barbosa de 33 anos secretário da Província do Ceará”, conta Aglaé Fontes, professora e pesquisadora.
Inácio Barbosa assumiu a província quando a capital ainda era São Cristóvão. Durante o ano de 1854 a Câmara de Deputados Provinciais se revoltou porque o presidente da província passou a fazer reuniões fora do núcleo de São Cristóvão.
“Em 17 de março de 1855 Inácio Barbosa assina uma resolução que mudou a capital para o Povoado Santo Antônio do Aracaju, porque ficava na área da Cotinguiba. O povo de São Cristóvão perdeu o poder de presidência da província, tudo era muito pequeno e simples, mas perdeu um poder que se alicerçou durante 250 anos. Quando foi para a aprovação da proposta de Inácio, dos 20 deputados dois foram contra e 18 a favor, então não tinha mais jeito, o povo protestou, fez carta para o Imperador, mas de nada adiantou. A capital foi mudada para o povoado de Santo Antônio do Aracaju”, descreve a pesquisadora.
De acordo com relatos da professora Aglaé, o Povoado Santo Antônio do Aracaju tinha inúmeros problemas. A água não era boa, era uma área insalubre, tinha muito pântano, mangue e lagoas. “É tanto que houve epidemia de febres que foi chamada de ‘febres do Aracaju’ e muita gente morreu, inclusive Inácio Barbosa. Ele mudou a capital em março e em outubro morreu de febre”, conta.
Aracaju foi a segunda capital planejada do Brasil, a primeira foi Teresina em 1852. Mesmo com a morte do presidente da Província de Sergipe Del Rey, Inácio Barbosa, o engenheiro Sebastião Pirro contratado para planejar a cidade deu continuidade ao projeto.
“A Praça General Valadão, antes chamada de 24 de Outubro, é o marco zero de Aracaju. No Santo Antônio era um tipo de residência, mas a ‘cidade o quadrilátero’ planejada por Pirro foi da praça em diante. Na praça foi construída a Alfândega, que hoje é o Centro Cultural, também foi construído um prédio para a polícia e daí em diante a cidade passou por um processo de desenvolvimento, com a construção de prédios, Palácio de Governo e foi crescendo”, conta.
Cultura
Com o desenvolvimento da cidade, muito da cultura popular se perdeu com a morte dos mestres dos grupos folclóricos. De acordo com a pesquisadora, Aracaju possuía grupos de guerreiros, reisados e zabumba, cultura que se perdeu com o tempo.
“Aracaju é berço de grandes poetas e grupos folclóricos importantes. Tínhamos aqui o combate do Lambe Sujo e Caboclinhos que se apresentavam na Praça Fausto Cardoso no dia 24 de outubro (data que os governadores eram empossados e quando Sergipe deixou de ser província da Bahia). Tínhamos muitos reisados, guerreiros, zabumbas, coisas importantes na cultura popular que já desapareceram, fomos perdendo muitos vultos importantes da cultura popular, e nesse aspecto a gente vê vazios significativos, porque os mestres dos grupos desapareceram e na frequência igual não tem tido substituição. Reisado é uma presença grande em todo Estado, em Aracaju nós temos apenas um”, aponta Aglaé.
Urbanisticamente, a cidade cresceu muito, os casarões deram lugares a prédios que quebram a monotonia da paisagem de uma Aracaju antiga. “Era mais bonita no meu ponto de vista porque era mais humana, mas essa mudança é natural, é o crescimento da cidade, só tenho pena quando esse crescimento sacrifica paisagens e lugares importantes. Em nome do progresso se destrói casas tradicionais que são retratos de uma época e a gente vai perdendo a identidade”, diz.
A pesquisadora não é contra o desenvolvimento, mas para ela é preciso manter caraterísticas importantes da cidade. “A gente tem que ter mais documentos que mostrem como a gente era, porque as gerações que virão não vão saber como foi. A nossa memória precisa sair do escuro. E quem tem que tirar essa memória do escuro é a escola, a imprensa, são os órgãos culturais. Quero viver no progresso, mas sabendo o que já aconteceu. Essa memória tem que sair do escuro para iluminar a vida de todos os jovens da cidade. É isso que a gente tem que comemorar, a nossa história”, enfatiza.
Texto e imagem reproduzidos do site: ajn1.com.br
quinta-feira, 17 de março de 2022
Artigo de Ana Luiza Liborio
Crédito da foto: Hernani Romero Libório
Publicado originalmente no Perfil do Facebook de Ana Luiza Liborio, em 17 de março de 2022
Artigo de Ana Luiza Liborio
O que será?
E hoje festejamos mais um aniversário da cidade. E o que dizer sobre ela ?
Da infância tenho diáfanas lembranças: a colina do Santo Antônio com seus pés de sapoti e jenipapos. Meu tio morava na casa da encosta da encosta, àquela quase normanda, onde já aconteceu a Casa Aracaju. Lá passamos férias memoráveis entre árvores frondosas e enormes esquadrias de caixilho de madeira e vidro.
A Atalaia? Um imenso coqueiral. Em 1966 veraneamos por lá . Verão inesquecível para as crianças . Toda manhã íamos a praia, totalmente deserta, e a tarde pescávamos siris na maré do Apicum. A noite ficávamos no escuro, ainda não tinha energia elétrica, observando atentos a passagem da luz do antigo farol.
Na adolescência verdadeiro paraíso. Passear pelo comércio, visitar livrarias, lojas de tecidos e ir nos os armarinhos comprar contas e botões de madre pérola, uma rotina . O cachorro quente no Parque era programa certo nessas tardes descompromissadas.
Sábado a noite o programa imbatível era comer carangueijo na Atalaia. O Veludo o bar mais famoso. Talvez o primeiro grande empreendimento na Atalaia. O Manequito mais mocó e o Barraco para os descolados de então.
Cine Palace aos domingos, tomar sorvete na Cinelândia e na volta parar no relógio da Praça Fausto Cardoso ou, ainda, as matinees da Atlética, as noites dançantes do Iate e na Oxente, no Cotinguiba, onde só enxergávamos os dentes e roupas brancas.
Mas e a Aracaju pós pandemia? O que nos trouxe de aprendizado o isolamento e o mergulho na tecnologia?
Será que finalmente ingressaremos, urbanamente civilizados, no século XXI?
Será que o uber vai frear a demolição em massa que se abateu sobre o Bairro São José?
E os antigos casarões da Rua de Estância, a um passo do Rio Sergipe, sobreviverão?
E as casas modernistas da inigualável Rua da Frente, também?
Será que a zona de expansão vai enfim ser tratada como área de preservação paisagistica?
Será que o trabalho remoto vai resolver o problema da mobilidade?
Será que o preço dos combustíveis, a economia verde, ou mesmo a guerra, vai nos ajudar a virar a chave?
Voltaremos a morar perto do Centro, das praças, dos bancos e lojas e poder andar a pé pelas cidades?
Ou será que vamos repetir o equívoco de outras capitais desenhadas para carros em alta velocidade com calçadas estreitas e hostis aos pedestres? Será essa a cidade que queremos para morar?
Texto e imagem reproduzidos do Facebook/Ana Luiza Liborio