domingo, 1 de novembro de 2020

Barra dos Coqueiros: A cidade da intrínseca cultura



Publicado originalmente no site do Portal ALÔ NEWS, em 25 de setembro de 2020  

Barra dos Coqueiros: A cidade da intrínseca cultura
Por Hellen Tereza

Bem antes de os portugueses chegarem às terras que hoje formam o Estado de Sergipe, os navegadores franceses já tinham fortes contatos comerciais com os índios que aqui habitavam. Acredita-se que foram eles que trouxeram para cá o coqueiro. Os primeiros registros da existência de povoamento do território da antiga Ilha dos Coqueiros datam de 1590, quando da conquista definitiva do território da Capitania de Sergipe d’El Rei.

O antigo município de Santa Luzia, que já foi um porto seguro de navegadores franceses, só foi emancipado em 1952. A povoação se desenvolveu envolta pelas embarcações que chegavam e partiam da ilha. Depois que Aracaju aparece como capital, em 17 de março de 1855, a Ilha dos Coqueiros é absorvida pela nova cidade. O início de progresso conquistado pelos moradores da ilha ficou estagnado e tudo seguia para Aracaju, a capital. Mas 20 anos depois, em 10 de maio de 1875, a povoação da ilha ganhou o status de freguesia com o nome de Freguesia de Nossa Senhora dos Mares da Barra dos Coqueiros.

Em 1953 ocorre uma grande revisão do território de Sergipe. Muitas freguesias e povoados já vinham brigando para se tornarem cidades independentes. A Assembléia dos Deputados aprovou e o Governo sancionou a criação de mais 19 municípios, dentre eles a Barra dos Coqueiros. Mais precisamente no dia 25 de novembro de 1953, a Barra é elevada à condição de cidade.

Mas a ilha que virou município demorou ainda para se tornar efetivamente independente. Isso só aconteceu no final de 1954 quando 598 eleitores dos 1.105 inscritos votaram no primeiro prefeito da Barra dos Coqueiros e nos cinco primeiros vereadores.

Hoje, a pequena e aconchegante cidade guarda o bucolismo de tempos remotos, mas abre espaço para a modernidade já percebida em sua entrada com a travessia da ponte Construtor João Alves, que permite uma bela vista do Rio do Sal.

Mas a esteira a cultura da cidade não se limita a parâmetros geográficos, mas, surge num e

noutro lugar como expressão de vida e interesses, interações sociais, identificando um povo ou uma nação. A Barra dos Coqueiros pode ser caracterizada como a cidade da cultura imaterial. Entende-se como patrimônio cultural imaterial ou patrimônio cultural intangível uma categoria de patrimônio cultural definida pela Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial e adotada pela UNESCO, em 2003. Abrange as expressões culturais e as tradições que um grupo de indivíduos preserva em respeito da sua ancestralidade, para as gerações futuras. São exemplos de patrimônio imaterial: os saberes, os modos de fazer, as formas de expressão, celebrações, as festas e danças populares, lendas, músicas, costumes e outras tradições.

Na Barra dos Coqueiros, participantes de grupos folclóricos, canoeiros, catadoras de mangaba, pescadores, traduzem um modo de vida ainda pouco conhecido. Além dos costumes do meio de vida vinculado ao rio e bens culturais produzidos pela comunidade local, a beleza cênica da natureza fluvial também contribui para o desenvolvimento do turismo. O pôr do sol da praça da matriz e a vista de Aracaju, do outro lado do rio, também é um espetáculo para poucos.

Um traço marcante da cultura local são as catadoras de mangaba, comunidades que se reconhecem como população tradicional, cuja atividade consiste na prática do extrativismo e cultivo da mangaba em áreas de restinga e tabuleiros costeiros. As comunidades tradicionais são portadoras de culturas únicas voltadas à utilização sustentável dos recursos da biodiversidade e os saberes destas comunidades locais podem ser considerados bens integrantes do patrimônio cultural imaterial brasileiro.

É importante lembrar que conhecimentos tradicionais das comunidades locais, dentre as quais as catadoras de mangaba, são bens culturais imateriais que devem ser promovidos e protegidos pelo

Estado. Tais populações detém saberes que os identificam, representando nicho cultural que

possui a capacidade de perpetuar suas crenças, valores e formas de vida. De fato os saberes permeiam o universo cultural das populações tradicionais.

Culinária

Os pratos típicos agradam ao mais exigente dos paladares. Feitos à base de frutos do mar, o cardápio é rico em opções: moquecas, catados, ensopados e fritadas. O carro-chefe, no entanto, é o caranguejo quebrado com martelo apropriado.

Artesanato

O artesanato da Barra dos Coqueiros tem seu forte na tendência hippie, o que se explica pelo fato de nos anos 70 e 80, a praia ter sido reduto “bicho grilo”. As peças são confeccionadas com casco de coco, palha, arame e metais. Bijuterias e objetos de decoração são feitos com muita autenticidade.

Verão Sergipe

A praia da Atalaia Nova também é palco do Verão Sergipe, um grande evento artístico, cultural e esportivo, que leva uma multidão de amantes da boa música e da prática de esportes à areia da praia.

Tototó

As tototós são embarcações simples, construídas em madeira, com cabine para seus passageiros, que viajam sentados, cuja principal função é o transporte destes. Possuem cerca de três metros de largura e 15 metros de comprimento e são batizadas com esse nome graças ao som característico emitido por seu motor de popa. Muito tradicionais no uso, formato e estética, são sempre avistadas na travessia de pessoas que cruzam as margens das cidades de Aracaju e

Barra dos Coqueiros, fazendo parte da paisagem, memória e identidade cultural da população do estuário do Rio Sergipe.

Santa Luzia

A festa de Santa Luzia, Padroeira do município, é um grande evento religioso, que atrai milhares de fiéis de vários municípios do Estado. Realizada no dia 13 de dezembro, é a festa cristã mais tradicional da cidade, de modo que as comemorações têm início no começo do mês com as novenas e missas, culminando com uma grande procissão.

Santa Luzia é conhecida como protetora dos olhos. Lúcia, como se chamava na verdade Santa Luzia, nasceu em Siracusa, na Itália, em uma família rica e cristã, no ano 283. Naquela época, o Império Romano não dava às pessoas a liberdade de professar a fé em Cristo e a pena para quem o fizesse era a morte. O pai de Lúcia morreu quando ela tinha cinco anos e ela foi criada pela mãe.

O costume daquele tempo era que as famílias arranjavam o casamento dos filhos e uma família procurou a mãe de Lúcia para que a jovem se casassse com um pretendente. "Ela não quis se casar e disse que estava prometida a Jesus. A mãe dela avisou à família do pretendente e ele, por vingança, denunciou que ela era uma cristã". A partir daí começou o martírio de Lúcia. O imperador Diocleciano mandou que a levassem a um prostíbulo para que tirassem a virgindade dela. "Conta-se que dez soldados tentaram tirar a virgindade dela, mas não conseguiram tamanha a força dela. Depois ela foi jogada no fogo, mas permaneceu viva. Em seguida arrancaram-lhe os olhos e diz a história que ela reapareceu com dois olhos perfeitos. Como nada a atingia, por último, ela foi degolada. Ela morreu por não renegar a fé em Cristo".

Texto e imagens reproduzidos do site: alonews.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário