Fotos reproduzidas do site lugarperfeito e postada pelo blog MTéSERGIPE para ilustrar o presente artigo.
Os/as intelectuais que se debruçaram sobre os conceitos de memória ressaltaram características sobre esta. As memórias são seletivas, inventivas, formadas a partir de diálogos entre o vivido e o conhecido e possui diferentes formas de transmissão. As memórias auxiliam numa espécie de manutenção do passado, mas também podem contribuir na reescrita da história. Estas podem ser entendidas ainda como formas de recuperação, (re) criação e representação do passado. Portanto, as memórias são vivas e dinâmicas e quando (re) memoramos acabamos (re) vivendo experiências e aprendizados.
As memórias aqui reveladas são de uma turista imaginária, que possuía uma prática de anotar tudo em seus diários. Em seu acervo, mais de 20 diários muito bem conservados em seus armários e estantes. Neste escrito, vamos destacar as suas memórias registradas em 1991 e perceber como estava a cidade de Aracaju há 30 anos atrás, como uma grande homenagem ao aniversário da capital. Com olhares atentos, descrição minuciosa e com bastante precisão nos seus escritos, a sensibilidade dessa mulher, baiana, jovem, empresária, dona de uma agência de turismo em Salvador, nos leva a uma viagem nas terras de Ara.
O turismo sergipano estava em êxtase com o projeto Orla, algo que iria modificar a infraestrutura turística da cidade de Aracaju. O contexto era de viabilização da Rodovia do Coco, com o intuito de ligar Aracaju à Salvador pelo litoral. A ampliação da pista de pouso e decolagem do aeroporto Santa Maria, a construção do Centro de Interesse Comunitário Ministro José Hugo Castelo Branco estava na ordem do dia. Falava-se ainda em ampliação dos terminais rodoviários e a criação de terminais de turista. A convite da VASP e do Hotel Parque dos Coqueiros, representantes da Secretaria de Turismo, Esporte e Lazer da cidade de Aracaju participavam de um Workshop, em Buenos Aires, na Argentina e divulgavam a nossa capital aos operadores argentinos.
Na promoção turística, Sergipe era divulgado como “uma agradável surpresa” e Aracaju tinha “os caminhos abertos para o turismo”. Ciente dessa abertura, a nossa turista não poderia ter tempo livre que se deslocava para Aracaju. Ao longo das páginas do diário percebe-se que a nossa visitante já havia se hospedado em diferentes meios de hospedagem na capital dos sergipanos, tais como: Beira Mar, Celi Praia Hotel, Veras, Albatroz, Hotel e Restaurante Praia Bela, Del Mar, Nascimento Praia Hotel, Brisa Mar, Parque dos Coqueiros, Aracaju Praia e no Apart Hotel Residence.
Um dos seus passeios preferidos era visitar o mercado Antônio Franco, conversar com S.r. Luiz Gonzaga e D. Carminha, do Restaurante Gonzaga. Lá, o café reforçado era disputado por sergipanos e turistas, que se deliciavam com cuscuz, macaxeira, inhame, galinha assada, carneiro e lombo de boi. Porém, como a nossa turista adorava o café da manhã dos nossos meios de hospedagem, aliás, esse capricho é uma característica marcante desses empreendimentos, ela preferia o almoço do Gonzaga. Pirão de capão, feijoada sergipana, bacalhau ao leite de coco, ensopado de carneiro estão destacados na sua relação com Aracaju.
Quando ela nos fala sobre o Restaurante O Miguel, além de destacar o sabor da carne de Sol com pirão de leite, ressaltava que este empreendimento tinha um serviço de cortesia que fazia o transfer do hotel até o restaurante. O Cacique Chá, Bar da Amanda, Acauã, Areias Bar e Restaurante, Adega do Antônio, Barbatana, Bar do China, Bar do Léo, Marujo, Bar do Nélson, Blue Moon Piano´s Bar, Caju-Ieba, Cantuá, Capitania dos Copos, Capitão Cook, Choparia Maré Mansa, Convés, Crase, Jangadeiro, João do Alho, La Maison, Lorena Boulevard, Mandacaru, Encantus Bar, Gosto Gostoso, Bar e Restaurante Jubiabar, Karandache, Maramar, Maré Mansa, Memórias Bar e Restaurante, Ocean, New Fan’s, Panis Et Circense, Peixada da Maria, Restaurante Potyguar, Recanto da Paraíba, Recanto Português, Relicário Bar e Restaurante, Vou Levando Bar, Taberna do Tropeiro, Teimonde, Trevo e Umbaubar eram outros espaços de alimentos e bebidas citados pela nossa turista.
Os sorvetes de mangaba e coco da Vi-Sabor e o picolé de russo da sorveteria Cinelândia adoçavam os seus dias nas visitas a Aracaju. No diário é possível observar como ela admirava a limpeza da cidade, o cuidado com as praças e a animação dos nossos festejos juninos. As agências de turismo de Aracaju também foram destacadas nas memórias da nossa turista. Ela acabava consumindo passeios em agências de receptivos e fazia parcerias comerciais com as de emissivo. Podemos destacar a Aero Verão Turismo, Akitur, Aracatur, Balbitur, Celitur, Ditur, DMJ, Engtur, Itapé Turismo, Jet Tour, Maturi Empreendimentos Turísticos, Robson Turismo, Mapa turismo, Mila Turismo, Papagaios Turismo, Pontal Turismo, Propag Turismo, Serigy Turismo e Sergitur – Sergipe Turismo.
Encerra os seus escritos falando sobre a expectativa de fazer o passeio no trem turístico: no trilho da ecologia no próximo ano. O trem tinha dois vagões e comportava 96 passageiros. No seu interior encontrávamos serviço de bordo completo, bar, toiletes ar condicionado e som ambiente. Dois guias de turismo acompanhavam o grupo. O percurso iniciava na Estação Ferroviária de Aracaju, na Praça dos Expedicionários, bairro Siqueira Campos, com destino a Itaporanga D’Ajuda. A parada para o almoço era realizada no povoado Rita Cacete, na Peixada e Restaurante do “Eribaldo”. Após o almoço, o trem partia para São Cristóvão. Lá, o turista podia visitar, a Bica dos Pintos, museus, igrejas, conventos e consumir os bricelets, as queijadas e os doces sancristovenses. Essa é a certeza que a nossa turista retornará no próximo ano. Até a nossa próxima viagem pelas memórias e histórias do turismo da cidade de Aracaju.
Prof. Denio Azevedo
Texto reproduzido do site: sergipetradetour com br
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