Entrada do Eduardo Gomes
Praça da Igreja Nossa Senhora de Loreto São Cristóvão
Romualdo Prado
Danilo Duarte
Irênio Raimundo Santos (Foto: Márcio Garcez).
Thiago Fragata (Foto: Márcio Garcez).
Marcos Santana, atual prefeito do município
Fotos: Danielle Pereira
Publicado originalmente no site da Prefeitura de São Cristóvão, em 02/01/18
São Cristóvão celebra 428 anos
Neste 1º de janeiro, o amor à cidade prevalece nas pessoas.
São Cristóvão completa aniversário, e a Cidade-Mãe de Sergipe, que foi
concebida em 1590, sendo a quarta mais antiga do Brasil, traz consigo até hoje
o orgulho de ser o ventre que gerou todo o estado. Numa área de mais de 438 mil
Km² abrigando uma população de cerca de 100 mil habitantes, São Cristóvão
celebra 428 anos permanecendo o centro cultural e turístico do estado.
O município foi sede do poder político entre 1590 e 1855,
sendo núcleo das decisões mais importantes de Sergipe. A religiosidade juntamente
com a política dominaram os primeiros anos, trazendo para São Cristóvão o olhar
dos estrangeiros: holandeses, franceses e português todos brigando com índios
de origem Tupi por um punhado da terra produtiva.
Inicialmente chamada de “Cidade de Sergipe”, era o cerne do
poder. Depois recebeu o nome de “Cidade da Vitória”, como uma alusão à
padroeira Nossa Senhora da Vitória. O nome São Cristóvão foi batizado, segundo
o historiador Thiago Fragata, em homenagem ao governador da Bahia, Cristóvão de
Barros, que viu aqui o local ideal para a plantação/exploração de açúcar (e
gado).
“Estamos falando do século XVII. A igreja de Nossa Senhora
da Vitória era ao mesmo tempo um forte, de onde se avistava os ‘invasores’, e também
um centro religioso. Era uma cidade fortaleza, que possuía poucas residências,
sendo os prédios como a Santa Casa de Misericórdia (atual Paço Municipal) um
local que servia de hospital, hospedaria e banco, que patrocinava o
desenvolvimento urbano. São Cristóvão, berço do estado, sediou os mais
importantes nichos católicos (Capuchinho, Carmo, Fransciscano)”, contou
Fragata.
A transferência da capital, 300 anos depois da fundação,
aconteceu por questões políticas, embasadas no fundamento econômico, mais
precisamente na exploração do açúcar. Deixando pra atrás a estrutura física e o
povo, que apegado ao local permaneceu fincado à cidade.
Olhar de amor
“Falando da resistência do povo sancristovense é preciso
citar João Bebe-Água, que era um comerciante que lutou para que a mudança não
acontecesse e deixou uma lição importante para nós. Quem mora aqui deve querer
o melhor para a cidade. Precisamos fazer de São Cristóvão a melhor cidade,
porque é justamente aqui que estamos fixados. João Bebe-Água, apesar de taxado
como louco, deixou a herança que precisamos valorizar nossa cidade, fazendo
dela a melhor do mundo. Temos que manter vivo nossa ‘Sancristovidade’ – que
seria um termo vinculado ao amor por São Cristóvão”, pontuou Fragata.
Pensar sobre a cidade é realmente falar sobre sua gente.
Esse olhar de amor pelo município é o que mantém São Cristóvão erguida. “Meu
pai teve padaria aqui, e na parte de cima da casa morava uma tia minha. Neste
cidade criei minha família, trabalhei em cartório e fui prefeito. A cidade
(Centro Histórico) não mudou muito, pois o IPHAN proíbe e acho correto pra não
mexer nas antigas estruturas. Pode acontecer exagero nas alterações e eu gosto
dela assim. É uma cidade tradicional, onde fiz a minha vida.”, relembrou
Romualdo Prado, um dos mais antigos moradores do Centro Histórico, que revive,
na sabedoria dos seus 94 anos, a memória histórica da Cidade-Mãe de Sergipe.
Também ligado à política, Irênio Raimundo Santos, 79 anos,
ex-vereador, contou que guarda um carinho genuíno pelo município. “Cheguei
pequeno aqui, vindo de Lagarto. A cidade tinha muita gente trabalhando na
indústria têxtil, e acho que naquela época 50% das pessoas não eram daqui
realmente. Em se tratando de população cresceu muito, mas o desenvolvimento
social estagnou um pouco. Dificilmente cidades históricas, perto da capital,
conseguem crescer e as últimas pessoas que assumiram a administração daqui não
tiveram tanto amor por São Cristóvão. Acho que o legislativo e o executivo
deveriam ter trabalhado mais por nossa cidade, mas vejo que isso está mudando.
Espero que aquele apreço de antigamente volte a existir, que a nossa população
tenha mais emprego e que todos amem mais São Cristóvão”, pontuou.
Se depender de Ana Alice Espinheira Santos Sales, 45 anos, o
respeito por São Cristóvão jamais deixará de existir. Ela, que junto com outras
artesãs trabalham na confecção de bonecas de panos e outros adereços
artesanais, relembrou o forte laço da cidade com a cultura sergipana. “Temos um
Patrimônio da Humanidade (Praça São Francisco) aqui, e algumas pessoas
desconhecem isso. É preciso ter o sentimento de apropriação para com a cidade e
lembrar do passado para construirmos um futuro melhor. Hoje trabalho pintando a
praça em algumas peças de pano e assim me vejo contando a história de nossa
cidade. A imagem da praça São Francisco, por exemplo, precisa ser uma
referência para todos nós e os próprios moradores precisam valorizar ainda mais
a nossa terra, as nossas produções”, enfatizou.
Tudo é São Cristóvão
O complexo do Grande Rosa, com seus diversos conjuntos e
bairros, é o que podemos chamar de sistema nervoso de São Cristóvão, reunindo
um comércio pulsante e uma quantidade muito grande moradores. Por estar na
divisa da cidade com a capital, tendo a Universidade Federal de Sergipe neste
limiar, acaba movimentando um forte fluxo de estudantes e trabalhadores.
Segundo contou Walfride Brito Santos, mais conhecido por
Fride, 57 anos, o Rosa Elze, e o Rosa Maria foram construídos na década de 70.
Mas o boom mesmo aconteceu na década de 80 com a criação da Universidade
Federal de Sergipe (UFS) e também do conjunto habitacional Brigadeiro Eduardo
Gomes.
“Lá era tudo chácara e começou o desenvolvimento
habitacional. São Cristóvão é muito grande e estamos inseridos neste contexto,
embora muitas pessoas ainda não enxerguem assim. Alguns prefeitos priorizaram o
Grande Rosa Elze outros nem tanto e assim criou-se essa ideia de duas cidades.
A maioria das pessoas do grande Rose Elze acaba consumindo coisas de Aracaju, e
é preciso voltar o foco para a própria cidade. A nossa expectativa é que o
olhar se volte para a cidade, a partir da criação de empregos”, observou Fride,
que também revelou um fato curioso, certamente ligado ao desenvolvimento
econômico. “Tenho observado que muitos moradores estão saindo do Centro
Histórico e vindo morar no Grande Rosa Elze, isso é bom também porque tudo aqui
é São Cristóvão”, enfatizou.
Forasteiro, mas conectado totalmente ao Grande Rosa Elze, o
estudante e produtor cultural Danilo Duarte, 25 anos, trabalha na universidade,
mora no Rosa Elze e vem realizando eventos na região, fomentando assim o olhar
dos moradores para com o seu próprio local de convívio. Danilo e os estudantes
da UFS, que fixaram moradia em São Cristóvão, fazem parte um núcleo de cidadãos
que estão dando uma cara moderna ao município, fazendo pulsar uma cidade
culturalmente mais ativa.
“Sou de Salvador, morei em Lagarto e há três anos cheguei
aqui no Rosa Elze, porque trabalho na universidade. Meu alicerce é aqui, meu
dia a dia é aqui, consumindo no comércio local. Sobre o cenário cultural, criei
juntamente com alguns amigos, o Coletivo e Casa ‘Inferninho’, onde promovemos
eventos artísticos dentro de nosso próprio espaço. No último, por exemplo, com
o pessoal do Rap, tivemos uma boa participação de artistas sancristovenses
ligados ao movimento. Estamos pensando São Cristóvão como cidade com a UFS
fixada aqui propriamente dito, e isto se torna uma realidade mais visível. O
movimento que estamos criando ao redor da universidade, certamente contribuirá
para movimentar o cenário, influência a vivência dos moradores”, disse Danilo,
enfatizando que em 2018, certamente acontecerá uma maior integração cultural
entre o Centro Histórico e as produções artísticas do Grande Rosa Elze.
“Soubemos que aconteceu o Poesia na Ladeira (ação da Fundação de Cultura e
Turismo João Bebe-Água promovendo o cenário poético local), e queremos integrar
projetos assim. Certamente será viável essa união entre os moradores daqui e os
da sede”, pontuou.
É nesta mistura entre o tradicional e o moderno que São
Cristóvão vem enxergando seu futuro. Enfrentando tantos desafios, a construção
de uma ponte imaginária unindo a população do Centro Histórico e o Grande Rosa
Elze será o foco para 2018. Todos certos de que desafio, para a Cidade Mãe,
nunca foi um problema a ser enfrentado, mas apenas uma barreira a se
ultrapassar.
“Todos sabem da minha vinculação visceral com esta cidade,
nasci e me crie, conheço cada cantinho dela, mas quando a gente chega na
administração e se depara com uma série de dificuldades, mecanismos
burocráticas nem sempre nos dão oportunidade de colocarmos em prática o que
planejamos logo de imediato, mas os desafios de construirmos uma São Cristóvão
mais desenvolvida não param. Estamos trabalhando, diariamente, para
implementarmos políticas públicas que tragam renda e mais crescimento econômico
para a nossa cidade. Celebramos os 428 anos de São Cristóvão com o olhar no
futuro, e com a certeza de que Tempos Novos já fazem parte do nosso presente”,
finalizou o prefeito Marcos Santana.
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