Matriz de Nossa Senhora de Gradalupe
Publicado originalmente no site do Infonet - Blog Silvio Oliveira, em 14/06/2018
Estância (SE): festejos juninos arretado de bom
Patrimônio histórico pede passagem para a tradição
Por Silvio Oliveira *
Estância, cidade localizada a poucos 66km da capital,
Aracaju, é considerada a Capital Nacional do Barco de Fogo, Berço da Imprensa
Sergipana, cidade cultural e musical. O
traçado urbano proporciona ao visitante sobrados datados do século XVIII
cobertos por azulejos portugueses, além de uma ruinas de vila operária e o
fabrico dos tradicionais fogos de artifícios, principalmente o sergipaníssimo
barco de fogo, patrimônio imaterial e cultural de Sergipe.
É nesta temporada do ano que a cidade recebe mais visitantes
em busca de suas tradições, festejos e gastronomia. É em Estância também que os
festejos juninos duram mais de 30 dias, iluminado pelos fogos de artifício, no
compasso das quadrilhas juninas, das batucadas e dos shows musicais.
Casarios coloniais e azulejos portugueses
Casinhas multicoloridas recebem os visitantes e bandeirolas
cobrem as ruas da cidade para receber bem os turistas. Falar de São João de
Estância é, musicalmente, documentar as letras e cores de Jorge Maravilha e a
batucada do Seu Bebeço (José Domingos dos Santos). É percorrer as ruas do
bairro Porto D’Areia e pedir a passagem aos filhos ilustres da comunidade
remanescente de quilombo, Raimundo Souza Dantas (1923 – 2002), primeiro
desembargador negro do Brasil, embaixador do Brasil em Gana e na Argentina; e
Mestre Paulo dos Anjos, importante capoeirista que construiu a história do
movimento em Salvador e São Paulo. É adentrar nas tradições seculares de
Estância, Cidade Berço da Imprensa Sergipana com seu jornal Recopilador
Sergipano.
Barco de fogo ilumina as noites. Foto: Márcio Garcez
O município ganhou esse nome ainda em tempo de povoamento,
no século XVII, quando os seus primeiros colonizadores, principalmente o
mexicano Pedro Homem da Costa, a denominava de Estância por conta da quantidade
de propriedade de criação de gado e os seus ocupantes chamados de estancieiros.
Não é por menos que a catedral de Estância é devota a Nossa
Senhora de Guadalupe, santa bastante apreciada pelos mexicanos. Situada no Paço Municipal, entre vários casarios
colônias da praça Barão do Rio Branco, a Igreja Matriz é uma obra do século
XVIII, edificada em arenito, cal e grossos tijolos, com marcante presença do
estilo jesuítico. No teto da capela-mor há painel representativo da Santíssima
Trindade, atribuído ao artista plástico João Pequeno.
Pólvora, limalha e cachaça
Guerra de Espadas. Foto: Márcio Garcez
Em temporada de junho, o patrimônio histórico da cidade é
palco das tradições juninas e referencia seu principal símbolo: o barco de
fogo, fotografado, amado e documentado como Patrimônio Imaterial de Sergipe
desde 2013.
Um barco decorado com bandeirinhas e coloridas estampas
percorre um fio de aço, e pela força de espadas de fogo, é tracionado até
chegar ao final. Ao percorrer determinado percurso, os fogos de artifícios
colocados no artefato promovem a tração inversa, fazendo com que o barco
retorne.
O fabrico é, principalmente, realizado por fogueteiros do
bairro Porto da Areia, que também mantém a tradição do pisa-pólvora para a
confecção de espadas, pitus, entre outros fogos de artifícios.
Fabrico dos artefatos
“Começamos a fabricar em novembro e já chegamos a produzir
mais de 2 mil dúzias de espadas”, conta o fogueteiro Paulo Matocelle, sem
deixar de pisar o barro que ocupará parte da bitola do bambu, juntamente com
pólvora, limalha e cachaça. Isso mesmo, os fogueteiros utilizam a “branquinha”
para selar a pólvora e o barro que comporá as espadas.
O fabrico dos artefatos de fogo é tradição no bairro e
movimenta a economia local nesta temporada do ano. Um barco de fogo chega a ser
vendido por mais de R$ 700 reais e a tradição manda ir e vir. “Se o barco de
fogo não voltar, pode voltar que devolvemos o dinheiro”, afirma Matocelle.
Nas noites de festejos juninos de Estância também há os
acordes da Lira Carlos Gomes, instituição musical não governamental fundada em
1879, ou seja, 138 anos de fundação. A Lira funciona no antigo casarão de
Gilberto Amado, primo de Jorge Amado e personalidade ilustre do mundo jurídico
sergipano.
Pólvora, limalha e cachaça
Pólvora para espadas
Melhor conhecer Estância nesta temporada do ano, quando a
musicalidade dos grupos folclóricos ganham às ruas e o brilho dos fogos de
artifícios iluminam as noites, no compaço do triângulo, da zabumba e da
sanfona. Estância é pura sergipanidade.
Dicas de viagem
Não deixe também de conhecer em Estância os tradicionais
casarões coloniais da avenida Gumercindo Bessa e a história de Jorge Amado na
cidade.
O município de Estância está localizado no território sul
sergipano com sede a poucos 66km da capital. Para se chegar até lá, há duas
opções: partindo pela BR 235 e seguindo pela 101 ou pela região litorânea,
percorrendo as praias do litoral aracajuano, passando pela zona de expansão da
capital denominada de Mosqueiro, pela ponte Joel Silveira, adentrando o
município de Itaporanga D’Ájuda, e chegando a zona de praia estanciana.
Turisticamente falando, as praias estancianas ficam a pouco
mais de 20km distante da sede nos loteamentos Abaís e Saco, que nomeiam as
praias locais. A região entrecortada por rios e dunas promovem paisagens de
belezas e que a partir dos anos 80 passou a despertar o olhar da especulação
imobiliário e do turismo para a região. Recentemente a ocupação desregular tem
provocando um forte erosão das zonas de praias.
O turismo da região se reinventava com a criação da
Associação de Bugueiros, que fazia passeios de buggy pelas dunas. O passeio
está proibindo, mas a celeuma continua a tramitar na justiça.
Espadas
Por ser um litoral abençoado de beleza, durante o ano a
região recebe campeonatos de pesca, inclusive com a etapa nacional de pesca.
São duas principais praias: Abaís e Saco. Localizada a 26km da cidade, a praia
de Abaís é cercada por dunas, e ideal para pesca e para os que gostam de
praticar esportes ao ar livre, por conta das correntes marinhas. Ao longo de
sua orla encontra-se bares e barracas.
Fora do centro da cidade é possível conhecer a famosa ponte
histórica sobre o rio Piautinga, que interliga a cidade ao bairro do Bomfim.
As velhas fábricas do bairro Bomfim merecem ser visitadas.
Entre em contato com antecedência com o setor de Turismo da Prefeitura
Municipal ou com seu agente de viagem. Telefone da Secretaria de Turismo e
Comunicação Social - 79 3522 2720
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* Jornalista, especialista em Gestão da Comunicação e
responsável pela fan page Tô no Mundo. Escreve sobre Turismo para o Portal
Infonet desde 2009. Atuou em jornais, a exemplo do Correio de Sergipe e
cadernos especiais do Cinform, além do Portal F5 News. Passou por Assessorias
de Comunicação e Agências de Notícias do Governo de Sergipe, Fundação de Apoio
à Pesquisa e Extensão de Sergipe/ Projeto Mar de Sergipe e Alagoas e Prefeitura
de Aracaju.
Texto e imagens reproduzidos do site: infonet.com.br/blogs/silviooliveira
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