segunda-feira, 28 de outubro de 2019

Conheça a história da paróquia mais antiga de Sergipe





















Izabella Lima de Oliveira, monitora

Miguel Medrado, aluno do IFAL

 Luiz Alexsandro de Assis, sacristão

Diretora de turismo da Fundact, Fabiana Almeida
Fotos: Heitor Xavier
  
Publicado originalmente no site da PREFEITURA DE S. CRISTÓVÃO, em 25/10/2019

Igrejas da Cidade Mãe: conheça a história da paróquia mais antiga de Sergipe

Quem visita a quarta cidade mais antiga do país geralmente possui um roteiro já definido sobre os pontos turísticos que São Cristóvão tem em seu entorno. Repleto de edificações construídas a partir de 1590, o Centro Histórico do município traz consigo uma gama de opções para os amantes da arquitetura e da história do Brasil, dentre elas a Igreja Matriz Nossa Senhora da Vitória (considerada a mais antiga do estado). Localizada na Praça da Matriz e tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (IPHAN), a igreja possui 411 anos de história, e foi construída em Sergipe Del Rey pelos padres jesuítas, sendo conhecida pelo imponente estilo barroco. Cada objeto, imagem, pintura e ladrilhos contidos nela contam algo aos visitantes, pesquisadores, comunidade e fiéis que frequentam o espaço.

A história conta que, nos idos de 1608, a igreja foi elevada como Matriz pelo quarto Bispo da Bahia, Dom Constantino Barradas, no pontificado do Papa Paulo V. À época, Portugal e Espanha estiveram unidos sob uma única coroa, o que conhecemos como União Ibérica, e era comandado por Felipe II. Esta fusão das influências dos dois países contribuíram para a formação de núcleos urbanos coloniais na cidade (originando estruturas como a própria igreja). No ano de 1637, São Cristóvão foi invadida pelos holandeses. Nesta disputa do território, o rei Felipe II prometeu que se vencesse a batalha, colocaria uma imagem de Nossa Senhora da Vitória na igreja. Em 1645, os holandeses foram finalmente expulsos da região, e São Cristóvão ficou, em grande parte, destruída.

Assim como a cidade, a Igreja Nossa Senhora da Vitória foi sendo, aos poucos, revitalizada, passando por uma série de interferências, como detalha o sacristão Luiz Alexsandro de Assis. “A religiosidade do nosso estado nasceu aqui. Com o tempo, e por conta dos danos causados durante a guerra, a igreja precisou passar por algumas modificações. Ela possuía dois altares nas laterais, um degrau no meio da igreja que dividia a classe pobre e os negros dos ricos, e as tribunas eram ocupadas pelos senhores e senhoras que possuíam mais dinheiro”, contou.

Antes mesmo de adentrar à paróquia, o visitante já se encanta com sua estrutura externa. Ela dispõe de duas torres bem proporcionadas, guarnecida por azulejos brancos, encimadas por galo português e um crucifixo em sua parte central. Sua pintura que traz a cor branca e destaques amarelados também chama a atenção, sem falar em suas imensas portas e janelas que são realçadas por conta do forte tom azul.

Ao entrar no local, o visitante logo percebe a presença da imagem de São Cristóvão no ponto mais alto da estrutura. No altar principal, Nossa Senhora da Vitória ocupa o centro, enquanto o Sagrado Coração de Jesus e outra imagem de São Cristóvão a acompanham dos lados direito e esquerdo, respectivamente. Ocupando a parte superior do altar, o Jesus crucificado. Nos altares laterais, a imagem de São Miguel se destaca do lado esquerdo, enquanto do lado direito Nossa Senhora da Piedade é presente.

Esta última imagem, segundo o sacristão, pertencia ao monumento do Cristo Redentor, localizado nas proximidades da entrada do Centro Histórico. “Essa é uma imagem feita de terracota, que é o mesmo material utilizado na imagem de Nossa Senhora Aparecida, então é uma argila difícil de ser encontrada”, explicou Luiz Alexsandro. A igreja ainda conta com duas capelas: uma dedicada ao santíssimo do lado esquerdo e no direito uma com a imagem de João Paulo II. Já na sacristia, ficam localizadas as imagens do Cristo Ressuscitado e a de São Sebastião.

Boa parte da decoração dos altares e retábulos da paróquia são feitos com folha de ouro, costumeiramente utilizada nessas estruturas que remetem ao período barroco. Já a parte dos ladrilhos e da madeira do altar resistiram a invasão dos holandeses. Na parte dos altares, uma curiosidade: neles estão localizados os túmulos de pessoas "mais favorecidas" à época, que acreditavam que quanto mais próximas estivessem do altar, mais perto estariam de Deus. 

Visitantes

De acordo com o sacristão, cerca de 200 visitantes costumam passar mensalmente no local, sem contar os fiéis, que utilizam o espaço quase que diariamente. “Nós temos alguns períodos em que recebemos mais pessoas, como a data de mudança da capital, férias das escolas, o Novenário de Nossa Senhora da Vitória, e agora tivemos muitas vistas com a canonização de Irmã Dulce”, relatou.

Pessoas de todo o país costumam passar para conhecer as belezas e a história da igreja mais antiga de Sergipe. Recentemente o espaço recebeu a visita dos estudantes do Instituto Federal de Alagoas, Campus Arapiraca, que ainda não conheciam a cidade de São Cristóvão. “Para mim é uma coisa emocionante passar por aqui, porque sou cristão e a igreja é linda, toda sua estrutura me encantou muito, me chamou a atenção e emocionou”, pontuou o aluno Miguel Medrado.

Portas abertas

Para que o espaço esteja propício para receber os visitantes, a Prefeitura de São Cristóvão por meio da Fundação de Cultura e Turismo João Bebe-Água (Fundact), realizou a contratação de monitores capacitados que estão atuando não só na Igreja Matriz, mas também em outras quatro igrejas e museus do município. Conforme a diretora de turismo de São Cristóvão, Fabiana Almeida, a medida se deu para que, além de manter os espaços em pleno funcionamento, os visitantes também fossem bem recebidos e informados sobre a história dos locais. A intenção segundo ela é colocar futuramente guias turísticos pelos locais do Centro Histórico.

“Nossa base cultural, histórica e religiosa são os museus e as igrejas. Sempre foi uma grande necessidade a captação de turistas porque as pessoas chegavam à cidade e as igrejas estavam fechadas. Na nossa visão é necessário que todos esses atrativos estejam funcionando porque é isso que atrai os nossos turistas. São Cristóvão é primeira capital de Sergipe, a quarta cidade mais antiga do país, e temos o Patrimônio da Humanidade (Praça São Francisco), mas tudo isso em torno de igrejas e museus. Já temos percebido a mudança e a satisfação dos visitantes que vinham a estes locais antes e os encontravam fechados. Agora já tem alguém para recebê-los”, falou a diretora de turismo.

Uma destas monitoras é Izabella Lima de Oliveira, que atua na Igreja Matriz Nossa Senhora da Vitória. Segundo ela, essa tem sido uma boa experiência. “Nós passamos por uma capacitação para aprender um pouco sobre a história da paróquia e também realizei pesquisas para ter mais conhecimento sobre o espaço. Moro aqui em São Cristóvão, e tenho interesse em me graduar em História, então tem sido uma experiência muito boa”, afirmou.

Funcionamento

A Igreja Matriz Nossa Senhora da Vitória está aberta à visitação de terça a sábado, das 9h às 16h, e no domingo das 9h às 13h. Já as missas ocorrem nas quintas e sábados sempre 19h, e nos domingos e feriados às 9h e 13h.

Texto e imagens reproduzidos do site: saocristovao.se.gov.br

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