Izabella Lima de Oliveira, monitora
Miguel Medrado, aluno do IFAL
Luiz Alexsandro de Assis, sacristão
Diretora de turismo da Fundact, Fabiana Almeida
Fotos: Heitor Xavier
Publicado originalmente no site da PREFEITURA DE S. CRISTÓVÃO, em 25/10/2019
Igrejas da Cidade Mãe: conheça a história da paróquia mais
antiga de Sergipe
Quem visita a quarta cidade mais antiga do país geralmente
possui um roteiro já definido sobre os pontos turísticos que São Cristóvão tem
em seu entorno. Repleto de edificações construídas a partir de 1590, o Centro
Histórico do município traz consigo uma gama de opções para os amantes da
arquitetura e da história do Brasil, dentre elas a Igreja Matriz Nossa Senhora
da Vitória (considerada a mais antiga do estado). Localizada na Praça da Matriz
e tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (IPHAN), a
igreja possui 411 anos de história, e foi construída em Sergipe Del Rey pelos
padres jesuítas, sendo conhecida pelo imponente estilo barroco. Cada objeto,
imagem, pintura e ladrilhos contidos nela contam algo aos visitantes, pesquisadores,
comunidade e fiéis que frequentam o espaço.
A história conta que, nos idos de 1608, a igreja foi elevada
como Matriz pelo quarto Bispo da Bahia, Dom Constantino Barradas, no
pontificado do Papa Paulo V. À época, Portugal e Espanha estiveram unidos sob
uma única coroa, o que conhecemos como União Ibérica, e era comandado por
Felipe II. Esta fusão das influências dos dois países contribuíram para a
formação de núcleos urbanos coloniais na cidade (originando estruturas como a
própria igreja). No ano de 1637, São Cristóvão foi invadida pelos holandeses.
Nesta disputa do território, o rei Felipe II prometeu que se vencesse a
batalha, colocaria uma imagem de Nossa Senhora da Vitória na igreja. Em 1645,
os holandeses foram finalmente expulsos da região, e São Cristóvão ficou, em
grande parte, destruída.
Assim como a cidade, a Igreja Nossa Senhora da Vitória foi
sendo, aos poucos, revitalizada, passando por uma série de interferências, como
detalha o sacristão Luiz Alexsandro de Assis. “A religiosidade do nosso estado
nasceu aqui. Com o tempo, e por conta dos danos causados durante a guerra, a
igreja precisou passar por algumas modificações. Ela possuía dois altares nas
laterais, um degrau no meio da igreja que dividia a classe pobre e os negros
dos ricos, e as tribunas eram ocupadas pelos senhores e senhoras que possuíam
mais dinheiro”, contou.
Antes mesmo de adentrar à paróquia, o visitante já se
encanta com sua estrutura externa. Ela dispõe de duas torres bem
proporcionadas, guarnecida por azulejos brancos, encimadas por galo português e
um crucifixo em sua parte central. Sua pintura que traz a cor branca e
destaques amarelados também chama a atenção, sem falar em suas imensas portas e
janelas que são realçadas por conta do forte tom azul.
Ao entrar no local, o visitante logo percebe a presença da
imagem de São Cristóvão no ponto mais alto da estrutura. No altar principal,
Nossa Senhora da Vitória ocupa o centro, enquanto o Sagrado Coração de Jesus e
outra imagem de São Cristóvão a acompanham dos lados direito e esquerdo,
respectivamente. Ocupando a parte superior do altar, o Jesus crucificado. Nos
altares laterais, a imagem de São Miguel se destaca do lado esquerdo, enquanto
do lado direito Nossa Senhora da Piedade é presente.
Esta última imagem, segundo o sacristão, pertencia ao
monumento do Cristo Redentor, localizado nas proximidades da entrada do Centro
Histórico. “Essa é uma imagem feita de terracota, que é o mesmo material
utilizado na imagem de Nossa Senhora Aparecida, então é uma argila difícil de
ser encontrada”, explicou Luiz Alexsandro. A igreja ainda conta com duas
capelas: uma dedicada ao santíssimo do lado esquerdo e no direito uma com a
imagem de João Paulo II. Já na sacristia, ficam localizadas as imagens do
Cristo Ressuscitado e a de São Sebastião.
Boa parte da decoração dos altares e retábulos da paróquia
são feitos com folha de ouro, costumeiramente utilizada nessas estruturas que
remetem ao período barroco. Já a parte dos ladrilhos e da madeira do altar
resistiram a invasão dos holandeses. Na parte dos altares, uma curiosidade:
neles estão localizados os túmulos de pessoas "mais favorecidas" à
época, que acreditavam que quanto mais próximas estivessem do altar, mais perto
estariam de Deus.
Visitantes
De acordo com o sacristão, cerca de 200 visitantes costumam
passar mensalmente no local, sem contar os fiéis, que utilizam o espaço quase
que diariamente. “Nós temos alguns períodos em que recebemos mais pessoas, como
a data de mudança da capital, férias das escolas, o Novenário de Nossa Senhora
da Vitória, e agora tivemos muitas vistas com a canonização de Irmã Dulce”,
relatou.
Pessoas de todo o país costumam passar para conhecer as
belezas e a história da igreja mais antiga de Sergipe. Recentemente o espaço
recebeu a visita dos estudantes do Instituto Federal de Alagoas, Campus
Arapiraca, que ainda não conheciam a cidade de São Cristóvão. “Para mim é uma
coisa emocionante passar por aqui, porque sou cristão e a igreja é linda, toda
sua estrutura me encantou muito, me chamou a atenção e emocionou”, pontuou o
aluno Miguel Medrado.
Portas abertas
Para que o espaço esteja propício para receber os
visitantes, a Prefeitura de São Cristóvão por meio da Fundação de Cultura e
Turismo João Bebe-Água (Fundact), realizou a contratação de monitores
capacitados que estão atuando não só na Igreja Matriz, mas também em outras
quatro igrejas e museus do município. Conforme a diretora de turismo de São
Cristóvão, Fabiana Almeida, a medida se deu para que, além de manter os espaços
em pleno funcionamento, os visitantes também fossem bem recebidos e informados
sobre a história dos locais. A intenção segundo ela é colocar futuramente guias
turísticos pelos locais do Centro Histórico.
“Nossa base cultural, histórica e religiosa são os museus e
as igrejas. Sempre foi uma grande necessidade a captação de turistas porque as
pessoas chegavam à cidade e as igrejas estavam fechadas. Na nossa visão é
necessário que todos esses atrativos estejam funcionando porque é isso que
atrai os nossos turistas. São Cristóvão é primeira capital de Sergipe, a quarta
cidade mais antiga do país, e temos o Patrimônio da Humanidade (Praça São
Francisco), mas tudo isso em torno de igrejas e museus. Já temos percebido a
mudança e a satisfação dos visitantes que vinham a estes locais antes e os encontravam
fechados. Agora já tem alguém para recebê-los”, falou a diretora de turismo.
Uma destas monitoras é Izabella Lima de Oliveira, que atua
na Igreja Matriz Nossa Senhora da Vitória. Segundo ela, essa tem sido uma boa
experiência. “Nós passamos por uma capacitação para aprender um pouco sobre a
história da paróquia e também realizei pesquisas para ter mais conhecimento
sobre o espaço. Moro aqui em São Cristóvão, e tenho interesse em me graduar em
História, então tem sido uma experiência muito boa”, afirmou.
Funcionamento
A Igreja Matriz Nossa Senhora da Vitória está aberta à
visitação de terça a sábado, das 9h às 16h, e no domingo das 9h às 13h. Já as
missas ocorrem nas quintas e sábados sempre 19h, e nos domingos e feriados às
9h e 13h.
Texto e imagens reproduzidos do site: saocristovao.se.gov.br
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