Foto reproduzida do Google e postada pelo blog, para ilustrar o presente artigo
Texto publicado originalmente no site do Portal INFONET, em 19 de março de 2020
A mudança da capital sergipana e a criação de Aracaju em
1855
Do Blog Infonet GETEMPO
Profª. Gabriela Rezendes Silva
Graduada em História (UFS)
Mestranda em Ensino de História (UFS)
Integrante do Grupo de Estudos do Tempo Presente
(GET/UFS/CNPq)
E-mail: gabriela@getempo.org
Orientador: Prof. Dr. Dilton Cândido Santos Maynard
(UFS/DHI)
Diferente da maioria das capitais que já existiam como
cidades, Aracaju foi elevada à categoria de cidade no mesmo instante em que se
tornou a nova capital da Província de Sergipe. Conhecida como “cajueiro dos
papagaios”, a atual capital sergipana foi criada em 17 de março de 1855, pela
lei provincial nº 473.
A jovem cidade foi muito criticada em sua fundação,
principalmente porque a capital anterior da província, a cidade de São
Cristóvão, ocupou papel de destaque na história sergipana por mais de 250
anos. Mesmo que São Cristóvão não
estivesse atendendo aos interesses econômicos por causa da impossibilidade de
escoamento da produção açucareira – não existia condições para se ter um porto
– possuía as características básicas para o bom funcionamento de uma cidade,
diferente de Aracaju, a qual precisaria ser de fato criada, já que praticamente
só havia mangues e pequenas povoações, como a do Santo Antônio do Aracaju.
Apesar das discussões acerca da mudança da capital
(discussões que já viam ocorrendo há anos, pois os grandes produtores e
políticos sergipanos não queriam continuar dando lucro à Bahia, desejavam
produzir, pesar e vender o açúcar aqui) e das inúmeras candidatas ao posto –
sim, as cidades de Laranjeiras, Estância, Itaporanga e Maruim ambicionavam
tornar-se a nova capital – a grande vencedora da disputa foi Aracaju, pois sua
proximidade com o mar e o fato de ser banhada pelo Rio Sergipe, foram fatores
determinantes para que o então presidente da província, o jovem advogado Inácio
Joaquim Barbosa, a escolhesse.
Joaquim Barbosa, que antes estava no governo do Ceará, foi
mandado para Sergipe para resolver o problema da mudança da capital, pois por
ser de fora estaria “isento” de influências dos dois grupos dominantes, os
conservadores, chamados de “camundongos”, e os liberais, conhecidos como “rapinas”.
Após longas discussões, Inácio Barbosa tomou sua decisão:
“Fica elevado à categoria de cidade, o povoado do Santo Antônio do Aracaju na
barra do cotiguiba com a denominação de cidade do Aracaju”. A partir de então,
iniciou-se o processo de criação da capital. Para tanto, o presidente da
província contratou o engenheiro Sebastião José Basílio Pirro. De acordo com o
projeto de Pirro, Aracaju foi construída formando quarteirões simétricos que
lembravam um tabuleiro de xadrez.
Aos poucos, a cidade de mangues, considerada inóspita por
alguns – e de fato nos anos iniciais foi difícil viver em Aracaju, visto que
foram muitas as pessoas vítimas de febres intermitentes e doenças misteriosas,
inclusive, naquele mesmo ano, em 06 de outubro de 1855, o próprio Inácio Joaquim
Barbosa fora vítima de malária –, foi ganhando forma, ruas, moradores e tudo o
mais que uma capital precisa. Apesar das décadas iniciais terem sido marcadas
por desafios e grandes dificuldades, Aracaju cresceu e permaneceu sendo a
capital de Sergipe. Hoje, muito amada pelos aracajuanos e demais moradores do
estado.
Texto reproduzido do site: infonet.com.br
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