terça-feira, 29 de agosto de 2017

Mercado Thales Ferraz é destaque na Revista Viagem

 Foto: Pedro Leite.

 Foto: Arquivo.

 Foto: Arquivo.

 Fotos: Marcos Rodrigues.

Foto: Silvio Rocha.

Publicado originalmente pelo site da PMA, em 28/08/2017.

Mercado Thales Ferraz é destaque na Revista Viagem

Grande reduto da cultura sergipana, o mercado municipal Thales Ferraz foi destaque nacional da Revista Viagem, edição on-line do dia 24 de agosto. Na publicação, o mercado é citado como uma das oito melhores opções de mercados públicos do Brasil quando o assunto é comida típica. “Integrado a outros dois mercados municipais, o Antônio Franco, com foco em artesanato, e o Albano Franco, que abriga hortifrutigranjeiro, o Thales Ferraz é o mercado que acolhe a riqueza gastronômica de Aracaju”, destaca a reportagem.

Na revista, o mercado aparece em quinto lugar no ranking como melhor alternativa para a compra de produtos tipicamente nordestinos, a exemplo de farinhas, queijos, castanhas, ervas, manteiga de garrafa, doces, balas de jenipapo, pimentas e outras preciosidades sergipanas.

“Toda a vez que venho a Aracaju, visito o mercado Thales Ferraz. Aqui encontro produtos artesanais e típicos da região, restaurantes e bares, reunindo em um só lugar tradição, artesanato, e história”, disse a turista Rosângela Cruz.

Em sua edição, a Revista Viagem menciona ainda o Mercado Antônio Franco, dando destaque aos tradicionais itens de souvenir. Além disso, o boletim realça a ampla oferta de literatura de cordel no local. Para concluir, a matéria faz referência ao restaurante Caçarola, localizado no andar de cima do mercado, como uma boa alternativa para o almoço, evidenciando sua especialidade o “camarão na cueca”, feito com leite de coco, e o saboroso sururu.

“Uma das metas da Prefeitura de Aracaju, por meio da Empresa Municipal de Serviços Urbanos, é dar atenção especial aos mercados da capital. O governo municipal tem realizado uma série de ações", destacou o presidente interino da Emsurb, Luiz Roberto Dantas.

História dos Mercados Centrais

Desde quando surgiu, em 1855, até o início do século XX, a cidade de Aracaju não possuía uma área de mercado central organizada. Os produtos comerciais que chegavam eram expostos no chão da avenida Ivo do Prado. Somente no governo de Graccho Cardoso (1922-1926), é que se efetivou a construção de um mercado dentro dos padrões de higiene e saúde pública instituídos na época. A inauguração do novo espaço recebe o nome de Mercado Antônio Franco, também conhecido na época como mercado modelo. O prédio era bastante imponente para o período e lembrava os grandes mercados de comércio do mundo.

A partir da década de 40, o Mercado Antônio Franco não comportava mais a quantidade de comerciantes e compradores de outros estados, assim como da capital e interior que frequentavam diariamente o lugar. A solução foi investir na construção de um novo prédio que atendesse adequadamente esta demanda. Surge então em 1948, o mercado auxiliar que recebe o nome do famoso industriário Thales Ferraz.

A partir dos anos 90, começa um projeto de revitalização do Centro Histórico com a valorização de alguns monumentos e edificações, além da restauração dos mercados centrais. É nesse mesmo período que é construído o mercado Albano Franco, vizinho aos dois anteriores e com uma arquitetura bastante diferenciada. Esse marca a terceira e última etapa de evolução do Centro Histórico. O projeto de restauração foi idealizado pela arquiteta sergipana Ana Libório, resultado de uma tese desenvolvida por ela durante curso de especialização na Bahia.

Texto e imagens reproduzidos do site: aracaju.se.gov.br

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Susane e Fernando, eleitos para Academia de Letras de Aracaju


A jornalista, professora e escritora Susane Vidal foi eleita no dia 24 de agosto, para ocupar a Cadeira n.° 37 do Quadro de Membros Efetivos da Academia de Letras de Aracaju, cujo patrono é o jornalista Célio Nunes.

Susane Vidal é graduada em Jornalismo, atuando como Editora na TV Sergipe, foi professora dos Cursos de Comunicação Social da Universidade Tiradentes e é autora do livro "A Força de um Olhar" e participante de diversas coletâneas, além de publicações no campo do estudo da comunicação.


A Academia de Letras de Aracaju, reunida em Assembleia Eleitoral no dia 17 de agosto, elegeu o historiador Fernando Aguiar para ocupar a Cadeira n.° 15 do Quadro de Acadêmicos Efetivos, que tem como patronesse a poetisa Maria Lígia Madureira Pina.

Fernando Aguiar é Doutor em Educação e atualmente o corpo docente do Curso de Museologia da Universidade Federal de Sergipe, além de exercer a função de Conselho Estadual de Cultura.

Texto e imagens reproduzidos da Fan Page/Facebook/Academia de Letras de Aracaju.

Tototós resistem ao tempo e ao preconceito da população

 Atualmente existem 20 embarcações tototós 
em uso na travessia Aracaju-Barra.
 Crédito Davi Costa.

 Carlos Henrique, usuário: “prefiro tototó pela
 tranquilidade,  rapidez. É mais fácil” 
Crédito: Cinform.

Travessia de tototó pelo Rio Sergipe ocorre domingo a domingo e custa R$ 2.
Crédito: Davi Costa.

Publicado originalmente no site do Cinform, em 28 de agosto de 2017.

Tototós resistem ao tempo e ao preconceito da população

Por Tati Melo.

Embarcações rústicas ainda são meio de transporte favorito de muitos moradores da Barra

Os naufrágios marítimos no Estado do Pará e na Bahia – deixando 23 e 18 mortos, respectivamente – deixaram os brasileiros e os sergipanos atônitos por tamanha tragédia e, claro, irresponsabilidade dos responsáveis pelas embarcações. Consequentemente, trouxe à tona também a preocupação com os transportes aquáticos nos demais Estados do País e também em Sergipe.

Quem pensa em transporte aquático coletivo em Sergipe logo vem à tona as tão temidas e famosas tototós que resistem ao tempo – mesmo com o surgimento da Ponte Construtor João Alves em 2006 – e há décadas realizam a travessia diária entre a Barra dos Coqueiros-Aracaju e Aracaju-Barra dos Coqueiros.

De acordo com a Associação de Canoeiros e Usuários das Tototós do Estado de Sergipe – Astototos – atualmente existem 20 embarcações em uso – divididas em duas equipes, uma por dia – realizando o transporte pelo Rio Sergipe das 5h45 até às 19h, sendo que no sábado até às 16h e no domingo até meio dia.

Relação Cultural. 

“Cada embarcação são dois barqueiros, um comandante e o outro é o proeiro, sendo que constantemente tem fiscalização da Marinha, principalmente quando realizamos eventos”, informa a líder comunitária da Astototos, Maria Almeida, 33 anos, a professora Mary, filha de canoeiro. Ela busca manter viva a cultura, a tradição das tototós, realizando pesquisas e projetos.

“Os canoeiros lutam pela valorização. Todas são seguras. As canoas que não têm condições de navegar estão paradas, sendo reformadas para voltar ao uso somente após vistoria da Marinha”, destaca Mary, que ainda ressalta: “existe uma relação afetiva, cultural entre os usuários e as embarcações. Eles conhecem as canoas pelos nomes, assim como os passageiros se conhecem”.

Mesmo sofrendo grande preconceito por parte da população que, ao verem seu estado rústico, simples, temem em adentrá-las e encarar uma travessia, as tototós, ao logo de toda sua história, nunca foram notícias de tragédias, naufrágios. Assim relatam historiadores, canoeiros, usuários, populares da Barra.

Único Acidente.

A única notícia recente de acidente envolvendo uma tototó foi em 2002, na realidade, uma fatalidade inusitada que acarretou numa morte. Uma embarcação que chegara no porto se chocou com outra que estava atracada e, nesse meio tempo, desprendeu um objeto que atingiu o corpo de um usuário que veio a óbito.

“Nunca vi nenhum acidente em águas. Frementemente tem vistoria da Marinha aqui, dia de sábado, de domingo, onde contam coletes, passageiros, fazem bafômetro para ver se tem alguém alcoolizado, olham o estado da embarcação”, relata Flávio Moura, 36 anos, canoeiro há 20 anos.

Flávio frisa também que, além dos coletes salva-vidas, as tototós possuem boias circulares de socorro. “Se alguém cair, escorregar existem elas para fazer o resgate”, informa. Mas, em décadas de existência, nunca foram usadas para tal fim. Segundo o canoeiro, só no mês de agosto que podem dar medo, visto que as águas ficam mais agitadas.

Agosto Revolto. 

“Quando as águas estão revoltas, a embarcação balança um pouquinho mais, mas aí vamos devagar. É bem segura a tototó. Mais que carro, ônibus, que vemos acidente toda hora”, assegura Flávio. Mas, mesmo com esse histórico zero de acidentes nas águas, os usuários evitam utilizá-las em agosto.

“Neste mês sempre temos baixa de pessoas, pois elas têm receio do tempo. Agosto é mês de chuva, vento, aí ficam com medo de atravessar”, informa o canoeiro Roberto Vieira, no ramo há 12 anos. Ele relata que, com o surgimento da ponte Aracaju-Barra, o fluxo de usuários caiu 60%.

“Mas ainda estamos aqui, lutando. Ainda tem gente que utiliza”, frisa Roberto. E tem mesmo. É o caso do eletricista Carlos Henrique Silva, 31 anos. “Quando vou para Aracaju, na maioria das vezes, prefiro tototó. A canoa é um meio de transporte mais rápido por conta da travessia de cinco minutos e do trânsito livre. No calor mesmo, é um paraíso. A vida toda faço isso. Medo não existe”, diz.

Mais Barata e Rápida. 

Questionado se bate uma apreensão de andar nas tototós ao ver tragédias como na Bahia, no Pará, Carlos Henrique diz que não. “Um mar de um Estado não é o mesmo que de outro. O mar de lá é mais agitado do que o daqui e vai de acordo com o vento. Aqui sempre é calmo. Já peguei várias vezes chovendo, ventando e não tive medo”, afirma.

A ajudante de cozinha Michele Feitosa, 40 anos, compactua do mesmo pensamento de Carlos Henrique. “Prefiro tototó pela tranquilidade, rapidez. É mais fácil. Com cinco minutos estou no Centro da Barra, de Aracaju. Tenho muito medo é de assalto nos ônibus, dificilmente pego. Além do mais, custa R$ 2, enquanto ônibus, R$ 3,50”, diz.

Mas Michele já teve receios. “Já bateu medo de andar de tototó logo quando fui morar na Barra, três anos atrás. Mas agora me acostumei. Nunca vi nada de errado. Nunca entrou água e sempre tem coletes para todos”, informa.

Texto e imagens reproduzidos do site: cinform.com.br

domingo, 27 de agosto de 2017

Academia Capelense de Letras e Artes

Foto reproduzida da página do Facebook/Capela Sergipe Brasil.
Postada pelo blog SERGIPE, sua terra e sua gente, para ilustrar o presente artigo.

Imagem reproduzida do blog domingospascoal.blogspot

Publicado no blog de Domingos Pascoal, em agosto de 2017.

Emoções Incontidas. 
Por Maria das Graças Melo.

Ontem tive um dia por demais prazeroso. Visitei cidades do interior sergipano e pude sentir de perto o poder inebriante do calor humano nessas localidades. Em Glória, fomos muito bem acolhidos por pessoas que vivem a depositar com muita crença, dedicação e esforços incondicionados a maior contribuição que o homem pode deixar para as gerações futuras: o conhecimento em todas as suas vertentes - das cadeiras de escolas, das reiteradas leituras que a todos deleitam e do apego à cultura, esta sedimentada ao longo da formação de um vilarejo, de uma pequena cidade, de uma metrópole, de um País. Cultura que deve ser preservada, porque é o passado a sedimentar o presente, esse presente em constante movimento, que, por sua vez, cimenta, finca os fortes e inabaláveis alicerces do futuro. Um futuro que será meu, seu, dele, de nossos descendentes e dos deles, de muitos, enfim. E vi, através daquele pequeno grupo de pessoas com as quais estive que em Glória existe extrema preocupação com o saber. Glória é pujante, cresce em sabedoria e cresce no segmento da economia, ergue-se sobranceira, importante para seus filhos, para os filhos vindos de todas as paragens do grandioso território brasileiro, para o visitante, desde o seu dia primeiro. Passei quase todo o dia nessa cidade de gente simpática, hospitaleira e laboriosa, imbuída de vontade para crescer de forma sustentável, e depois parti para a cidade de Capela.

Deparei-me com uma belíssima cidade, cidade que nos conduz ao seu glorioso passado, logo que ali chegamos, a começar pelo portal de entrada. Igrejas embelezadas com torres encantadoras, a nos crivarem de admiração. Admiração devotada ao belo, à história do homem, criado à imagem e semelhança do grande e Onipotente Criador. A imagem da Santa Padroeira, Nossa Senhora da Purificação, leva-nos ao período barroco e nos enche de paz. A escola Nossa Senhora da Purificação, em frente a uma praça, sempre olhando para a igreja que me deleitou, foi construído em 1929 e está lá, firme, sendo um solo fértil para o plantio de muitas sementes e sua germinação, gerando árvores frondosas, frutíferas e responsáveis pelo engrandecimento da cidade: proporciona o plantio e cultivo das sementes do saber.

Foram cerca de cinco horas em Capela, mas coroadas de conhecimento e admiração por visitar e estar em ambiente tão acolhedor, formado por pessoas com perfil cultural aprimorado, amantes da cultura, pessoas que se abraçam, se compreendem, deixando emergir o sentimento de que ali existe a pugna pelo bem-estar, pela felicidade somente alcançados através do calor humano, fruto da importância que se dá ao que se faz de construtivo. Vi e senti tudo isso na bucólica Capela, que, confesso, não cheguei a conhecer por inteiro, mas, pelo pouco que vi e gostei, dá para afirmar que se trata de um povo de valores admiráveis. Explico: foram cinco horas de construção. Fui testemunha ocular da instalação de uma casa construída com a mais rica e indestrutível matéria-prima que existe: o conhecimento global de seus idealizadores e responsáveis pela sua construção, e que são responsáveis a partir de agora pela sua manutenção e importância no seio do povo Capelense, sendo criativos, realizadores e acolhedores.

Tive, assim, a honra de participar como convidada da instalação da Academia Capelense de Letras e Artes. Honra que se ampliou por ser esposa de um dos seus integrantes, o acadêmico Domingos Pascoal de Melo, e poder ser partícipe na sua posse, apondo-lhe o distintivo maior: uma belíssima pelerine, missão cumprida na companhia dos também acadêmicos de academias coirmãs: o grande e conhecido escritor sergipano Saracura e a professora Maria de São Pedro, que lhe entregaram medalha acadêmica e o certificado.

Momentos prazerosos, também justificados, quando ouvi o discurso da primeira presidente, Professora Maria da Conceição, que ratificando sua largueza de conhecimento como professora de História, como uma autêntica historiadora, nos conduziu a uma Capela de ontem e de hoje. Foi um presente para quem estava a assistir à solenidade de instalação daquele Sodalício. Aplausos para a professora Conceição! Aplausos que podem ser estendidos a todos os integrantes da academia, aos que expuseram suas ideias, falando no momento festivo, e aos que foram diplomados na condição de Acadêmicos. Milhões de aplausos para o ilustre patrono, Zózimo Lima. Sua trajetória de vida, sua importância exemplar para as gerações que o sucederam e para aquelas que precisam conhecer o que ele fez, levou-me às lágrimas. Não conhecia sua trajetória, como também não o conhecia sequer, por foto, mas o que foi mencionado no discurso acadêmico da professora Conceição foi de emoção incontida.

E milhões de aplausos também devem ser dirigidos às professoras: Maria Zuleide Moura e Thereza Maria Cabral pelas homenagens recebidas como Acadêmicas Honorárias. Não é pouca coisa a trajetória das duas professoras capelenses. Quanta emoção ver duas senhoras que, depois de anos de contribuição ao povo de Capela, graças a sua abnegação ao saber, disseminando-o a tantas pessoas que tiveram o privilégio de serem alunos seus! Sabe-se que vida de professor é espinhosa, mas o professor vocacionado - caso das homenageadas – abraça-a como se fosse uma missão aqui na Terra e como missionário do ensino, quebra resistências, vence adversidades e forma cidadãos. Presenciar o júbilo dessas guerreiras e missionárias ao receber o Diploma Acadêmico, exibindo-o com orgulho e felicidade para todas as pessoas presentes, foi um momento gratificante. Momento ímpar! Louvado o grande Maestro Edson Dida, também empossado como acadêmico, elogio que estendo ao digno Coral, formado por abnegados funcionários, a maioria aposentados, da Universidade Federal de Sergipe.

Encantou-me, ainda, o reconhecido Cientista José Garrofe Dória, filho de Capela, radicado em Brasília, que tomou posse como Acadêmico Correspondente. Seu ar de satisfação durante toda a solenidade, sempre com um largo sorriso de felicidade, aliado ao seu discurso de gratidão e amor à cidade pôde ser sentido até mesmo por quem não tem emoção à flor da pele. Brilhante! Validação e reconhecimento, sob o manto de gratidão filial, emergiam de Zózimo Lima Filho, que não mensurou esforços para comparecer ao evento que o consagrou Acadêmico Honorário, evento que, seguramente, concretizou um sonho do valoroso povo capelense: a instalação dessa Casa de Saberes, que tem como espinha dorsal, como seu patrono, o glorioso Zózimo Lima. Por fim, meus aplausos para todos que, gentilmente, com suas importantes presenças, fizeram a solenidade de instalação da Academia de Letras e Artes de Capela encher-me de incontida emoção.

Texto reproduzidos do blog: domingospascoal.blogspot.com.br

sábado, 26 de agosto de 2017

Oceanário de Aracaju é uma boa pedida para toda a família

Vida em nossas mãos.

 Centenas de filhotes caminham para o mar.


 A caminho do mar.

Técnicos e turistas se encantam.


Kitsurf colorem o céu da Atalaia.

  Pôr do Sol é um aliado.

Final da tarde.
Fotos: Silvio Oliveira

Publicado originalmente no Portal Infonet, em 25/08/2017.

Aracaju (SE): Soltura de tartarugas marinhas é atração

Oceanário de Aracaju é uma boa pedida para toda a família

Por Silvio Oliveira*

Quem visita o Oceanário de Aracaju no primeiro sábado do mês e datas especiais terá a oportunidade de observar um show da natureza proporcionada pelo homem: a soltura de tartarugas marinhas Oliva pelos técnicos do projeto Tamar, na praia de Atalaia (SE).

A visita é monitorada por biólogos e técnicos do projeto no início da manhã e final da tarde, que explicam todo o processo de desenvolvimento dos filhotes de tartaruga até adentrarem por completo no mar.

A soltura do final da tarde ainda tem uma observação especial da praia de Atalaia: o pôr do sol com o vai e vem de kitesurf colorindo o litoral sergipano. O Tô no Mundo conferiu uma dessas solturas, com mais de 50 filhos endereçados ao mar.

A observação de filhotes é feita em conjunto com a visita monitorada ao Oceanário, inaugurado em julho de 2002, na orla da praia de Atalaia. A infraestrutura ecológica tem formato de tartaruga gigante e chama atenção em meio a passarelas, lagos e muito verde.

Ao adentrar, o visitante passa por tanques com filhotes de tubarões e mais 18 reservatórios que replicam o fundo do mar e biomas nativos de Sergipe (cinco de água doce e 13 de água salgada), incluindo arraias, tubarões, moreias, xaréus, caranhas, vermelhos e meros.

No centro do oceanário fica um reservatório onde os visitantes podem observar uma parte submersa de uma plataforma petrolífera, estrutura existente no litoral sergipano, estado produtor de petróleo, proporcionando interação com o meio natural. Existem ainda quatro tanques: um onde os visitantes podem tocar em várias espécies de invertebrados, crustáceos, moluscos e peixes, sempre com a orientação de um monitor; dois tanques com espécies de tartarugas marinhas, além de um painel composto por fotografias do projeto.

Os filhotes de tartarugas são as estrelas em dia de soltura, haja visto que os técnicos monitora-os em um tanque e depois os colocam em recipientes prontos para serem levados a areia da praia.

A luz natural faz com que os filhotinhos se guiem em direção a água. Muitos preferem ficar quietinhos e a ajuda da mão dos técnicos e dos visitantes são bem-vindas.

As tartarugas marinhas que costumam desovar na Praia de Atalaia são as das espécies Cabeçuda, que quando adultas atingem até 1,10 metros de comprimento e a Oliva, considerada a menor das espécies encontrada no litoral sergipano, que na fase adulta chega a atingir no máximo 70 centímetros.

Com 35 anos de história protegendo e conservando os ecossistemas marinhos, principalmente as tartarugas, o Projeto Tamar realiza feitos extraordinários em prol da natureza, cuidando do ambiente em que elas vivem.

Contendo três das cinco espécies de tartarugas marinhas que existem no Brasil, sendo a da espécie Oliva, a que mais desova do litoral sergipano, o Projeto Tamar realiza o trabalho de soltura em alta temporada de reprodução que vai de julho ao final do ano, e que pode ser acompanhada pela população.

Em Sergipe, há mais três bases do projeto Tamar em conjunto com o Oceanário de Aracaju: Pirambu, Ponta dos Mangues e Abaís, sendo Pirambu considerada a base-mãe do projeto por ter sido lá a primeira do estilo no país. Por muito tempo, a base do Litoral Norte foi aberta ao público, mas por falta de recursos e público, a direção resolveu fecha-la e só abrir para pesquisa, até por está instalada na Reserva Biológica de Santa Izabel.

Após a visita ao Oceanário de Aracaju, a dica é percorrer a região dos lagos da orla da praia de Atalaia e verificar o quanto a natureza foi generosa com a região e, aonde ela não foi, o homem conseguiu dar uma ajudinha, fazendo com que a orla de Aracaju seja um dos principais atrativos e cartões-postais da capital sergipana.

Dicas de viagem

O Oceanário de Aracaju fica na avenida Santos Dumont, 1010, orla da Atalaia. As informações podem ser adquiridas através do telefone (79) 3214-3243 / 3214-6126 ou e-mail oceamar@tamar.org.br. O funciona diariamente das 09:00 às 21:00.

O Oceanário de Aracaju tem capacidade para receber até 300 pessoas ao mesmo tempo, alcançando a marca de aproximadamente 160 mil visitantes/ano. É o primeiro oceanário do Nordeste e o quinto do Brasil.

Passeie também entre espelhos d’água com pontes, calçadão, ciclovia e espaço para exposições, apresentações culturais e esportes aquáticos da orla da Atalaia.

Através de atividades regulares, como visitas orientadas, palestras e exposições, favorece a sensibilização de moradores e visitantes para a conservação do ecossistema marinho e das riquezas do rio São Francisco. Palestras, mostras de vídeo e aulas junto aos aquários, permitem aos visitantes aprenderem sobre o ecossistema do litoral sergipano e conhecerem diversas espécies de animais marinhos.

Os ingressos custam a Inteira R$ 20,00; meia entrada R$ 10,00 (estudantes com carteira, crianças acima de 1m e idosos acima de 60 anos). Portadores de necessidades especiais e crianças até 1 metro não pagam.

O Oceanário de Aracaju fica na orla de Atalaia, em frente aos Lagos. Partindo-se do Centro, deve-se seguir pela avenida Ivo do Prado e na sequência pela 13 de Julho, em direção ao Shopping Rio Mar. Daí, pela avenida Mário Jorge, chega-se então à Atalaia (avenida Santos Dumont, 1010).

*Com informações do site oficial do Projeto Tamar. O jornalista Sílvio Oliveira participou da soltura de tartarugas dentro da programação do XXIV Congresso Brasileiros de Jornalistas de Turismo no dia 17 de agosto de 2017.

Texto e imagens reproduzidos do site: infonet.com.br/blogs/silviooliveira

sexta-feira, 25 de agosto de 2017

O teatro sergipano apresenta sua história

Apresentação do Grupo Mafuá no Mercado Thales Ferraz 
durante a I Virada Cultural de Aracaju.
Foto: André Teixeira.

Publicado originalmente no blog Em Pauta UFS, em 08/05/2010.

O teatro sergipano apresenta sua história.

Por Anne Samara Torres e André Teixeira.

Havia 50 anos de descoberto o Brasil quando nele chegaram os primeiros artistas do teatro. Vinham com a recém criada Companhia de Jesus e seu objetivo principal não era a atuação. A Companhia havia nascido para desenvolver trabalho missionário e hospitalar em Jerusalém, ou para ir aonde o Papa da época os enviasse. Não demorou muito a terem novo destino: o Novo Mundo, cuja missão era catequizar. A Igreja Católica enfrentava sua primeira grande crise. A Reforma Protestante de Calvino e Lutero forçaram-na a uma Contra-Reforma. Para isso era necessário aumentar o rebanho e desse modo encontraram nos jesuítas e nas artes cênicas trazidas em sua bagagem aliados perfeitos para convencer e converter. Assim, o teatro entrava no Brasil pela porta da frente como coadjuvante nas missões jesuíticas.

Imaginemos o ano de 1577. O palco, constituído basicamente pela exuberante vegetação nativa, não está vazio pela presença de alguns instrumentos musicais e máscaras sobre uma mesa. Ouve-se um cochicho imenso vindo detrás de um grande pano suspenso.  Está prestes a acontecer algo que a maioria dos que estão ali não sabe bem o que é. Presentes, sentados em cadeiras ou no chão, colonizados e colonizadores. Tupinambás bons cristãos, alguns curiosos liberados pelos patrões criadores de gado e alguns desses com suas famílias. Também na platéia os responsáveis pelo que está para acontecer, os jesuítas Gaspar Lourenço e João Solônio, autoridades políticas e alguns dos soldados que vieram acompanhando os padres a mando do governador Luís de Brito. Em tupi-guarani padre Gaspar fala com um índio e este vai correndo para detrás dos panos, que se abrem em seguida. Detrás deles sai um índio pintado de vermelho, chifres postiços na cabeça, e bem alto começa a dizer:

“É bom dançar, enfeitar-se

E tingir-se de vermelho;

De negro as pernas pintar-se,

Fumar e todo emplumar-se, e ser curandeiro velho.

Enraivar, andar matando

E comendo prisioneiros,

E viver se amancebando

E adultérios espiando,

Não o deixem meus terreiro.”

(Silêncio)

Guarixá, o rei dos diabos continua, agora mansamente, sua fala. Todos da audiência estão mudos e de olhos vidrados naquela novidade. São Sebastião e São Lourenço entram e a peça segue. Após a última fala, Gaspar e Solônio começam a aplaudir e logo são seguidos pelos demais na platéia. Fogos de artifício encerram aquele que seria o primeiro espetáculo teatral em terras serigy.

O trecho acima, que tenta retratar a primeira apresentação teatral em

Anchieta atuou no Brasil de 1553 a 1595. Foi poeta, gramático, historiador e teatrólogo. Escrevia em português, latim, espanhol e tupy. Sua obra é considerada a melhor do Quinhentismo brasileiro. 

Sergipe, é um misto de realidade e ficção. A fala do personagem Guarixá é do auto “Na Festa de São Lourenço”, do padre José de Anchieta. Os nomes, datas, povos, técnicas teatrais e até mesmo os fogos de artifício estão presentes nos relatos históricos, mas a documentação sobre a atuação dos jesuítas em terras sergipanas é parca. “Não há uma abordagem, um livro específico na documentação sergipana sobre os jesuítas.”, informou o historiador Antônio Lindvaldo, professor da Universidade Federal de Sergipe ao site EmPautaUFS (06/2009).

Os jesuítas usavam o teatro como forma de transformar aquilo que eles denominavam costumes pagãos em cultura cristã. De forma eficaz e fascinante misturavam costumes, máscaras e elementos do cotidiano indígena aos seus apólogos educativos para a catequização. “Críticas à antropofagia, poligamia e aos demais costumes considerados pagãos visavam construir uma nova sociedade, pautada em valores cristãos, tanto em relação à fé quanto à organização da sociedade como um todo. As missões (ou reduções) jesuíticas adquiriram importância na construção dessa nova forma de organização social.”, explicam os professores Cézar Arnaut, Flávio e Vanessa Ruckstadter, no artigo “O teatro jesuítico na Europa e no Brasil no século XVI”, publicado na revista on-line HISTEDBR, da Universidade Estadual de Maringá (UEM). O poeta José Paulo Paes ensina que “cultura não é aquilo que entra pelos seus olhos, é o que modifica o seu olhar”. Nesse viés, a missão jesuítica de modificar os hábitos e costumes do colonizado mostra a importância do teatro para a formação das bases e alicerces culturais do povo brasileiro, e, por conseguinte, do povo sergipano. É dessa forma e com esse objetivo que se narra os primórdios do teatro em Sergipe.

O teatro na nova capital

Seguindo a cronologia histórica, durante o período colonial temos um hiato de mais de dois séculos de estagnação na produção teatral. As razões podem ser explicadas pelos conflitos produzidos pelas invasões francesas e holandesas. “Mas sem dúvida, as modificações de ordem política verificadas no país contribuíram para a existência desse buraco negro”, explica o professor da Universidade Estadual de Goiás, Antônio Carlos dos Santos no artigo “Reminiscências do teatro no brasileiro”.

Em Sergipe, do século XVI pulamos para a Aracaju de meados do século XIX, quando ainda há pouco se tornara capital da província formada, em essência, por um agrupado de casebres. Foi nesse contexto que, no ano de 1868 a Companhia Dramática Santo Antônio foi contratada pelo empresário João Ferreira Bastos para atuações semanais em Aracaju e no interior, no entanto o contrato perdurou por apenas dois anos.

No ano de 1873, Sergipe vê nascer em sua capital suas duas primeiras organizações teatrais: a São Salvador, estabelecida à rua da Aurora, hoje avenida Rio Branco, e a União, localizada na rua Pacatuba. A rivalidade era patente entre ambas as companhias, que chegavam a disputar o pequeno público com uma peça nova a cada mês. Em maio de 1896, a Companhia Dramática, dirigida pelo ator G. Lessa, apresentou alguns dramas e a alta comédia “Lenço Branco”, no Teatro São José, que em dezembro do mesmo ano recebia a peça “Os três bonés”.

Na cidade histórica de Laranjeiras, além do Teatro São Pedro e do Cine-Teatro Íris, se destaca o Teatro Santo Antônio, construído no século XIX, no pleno apogeu econômico devido ao comércio de cana-de-açúcar, do coco, do gado e, principalmente, do porto. De 1841 a 1851 Laranjeiras foi considerado o maior centro cultural e artístico do estado, vindo a ser chamada de ‘Atenas sergipana’. O Teatro Santo Antônio funcionou por muito tempo abrigando espetáculos de companhias nacionais e internacionais e teve seu declínio no início do século XX, ficando durante certo tempo abandonado, vindo a funcionar inclusive como cortiço. Hoje abriga a biblioteca e laboratórios do campus avançado da UFS.

Peça encenada no campus da UFS durante o 35º 
Encontro Cultural de Laranjeiras em janeiro de 2010. 
Foto: André Teixeira

No início do século XX, novos artistas sergipanos adaptavam e montavam textos, formando o Núcleo Dramático Aracajuano, atuante grupo teatral com representações constantes, cujos sócios eram responsáveis pelo Teatro Santa Cecília, inaugurado em 1903 na rua Japaratuba, hoje rua João Pessoa, atraindo e mantendo público com peças variadas e entrada franca. Em 1904, o italiano Nicolau Pungitori inaugurou, com a audição de um gramofone, o Teatro Carlos Gomes, que em 1912 foi transformado no Cine-Teatro Rio Branco. Mais tarde, em 1920, o governo de Pereira Lobo mandou construir em Aracaju, mais precisamente na praça Olímpio Campos, um teatro para mil pessoas que recebeu o nome de Teatro São Cristóvão. O local seria onde hoje está o prédio da Prefeitura Municipal. Importante lembrar também do teatro Juca Barreto, montado pela Universidade Federal de Sergipe numa sala do antigo prédio da Faculdade de Direito, inaugurado em 1917, e que sedia atualmente o Centro de Cultura e Arte da Universidade Federal de Sergipe (Cultart). Seu nome homenageia o saudoso proprietário do Cine-Teatro Rio Branco, um dos incentivadores das apresentações teatrais aracajuanas.

Na década de 1940, alguns autores sergipanos assinavam pequenas comédias e ligeiras dramatizações históricas, apresentadas numa espécie de rádio-teatro através do programa “Teatro pelo Éter”, dirigido por Pedro Teles, e que ia ao ar no ano de 1944 pelos microfones da PRJ-6, Rádio Difusora de Sergipe.

Ainda surgiam nomes como o Teatro de Estudantes do Colégio Estadual de Sergipe, dirigido pelo professor Caetano Quaranta, que funcionou do fim dos anos 50 ao início dos anos 60.

 Teatro Atheneu antes do início da reforma. 
Foto: ASN.

A criação de novos grupos teatrais se deu mesmo depois de 1954, quando o Teatro Atheneu – o mais antigo espaço de espetáculo em atividade no estado – foi inaugurado como auditório do Colégio Estadual Atheneu Sergipense pelo governador Arnaldo Rollemberg Garcez. Entre estes novos grupos destacam-se os “Amadores de Sergipe”, os “Estudantes de Sergipe” e o “Teatro de Cultura Artística – TECA”, grupo teatral dirigido pelo professor João Costa, responsável pela montagem de diversas peças, dentre as quais Chuva, e Recital sem Opus, esta última de autoria de João Costa e Luiz Antonio Barreto, premiada nos festivais amadores da Paraíba e Rio de Janeiro, respectivamente em 1966 e 1968.

Nas décadas de 60 e 70, o Teatro Atheneu foi palco de resistência do movimento estudantil e político contra a ditadura. Fechou suas portas nos anos 80 e as reabriu em 1984. A partir daí passou por diversas reformas como a de 1990 e a de 1992. Desde agosto de 2008 o Teatro Atheneu está fechado para novas reformas. Em suas paredes ecoam os aplausos da sua última montagem, a peça “O Senhor dos Labirintos”, encenada pelo Grupo Imbuaça. Segundo a Agência Sergipana de Notícias (ASN), a entrega do teatro estava prevista para o mês de fevereiro de 2009, entretanto ainda continua de portas fechadas. Pelo o que informa a Secretaria de Estado da Cultura (Secult), o atraso se deve ao mau desempenho da empresa licitada para execução do convênio.

Teatro Lourival Batista em noite de apresentação teatral.
 Foto: André Teixeira

A fundação do Teatro Lourival Baptista, segundo o portal de cultura do Governo do Estado, aconteceu na década de 1960, com o intuito de atender ao Instituto de Educação Rui Barbosa (Escola Normal), que necessitava de um ambiente para o desenvolvimento das atividades extraclasse. Durante a sua gestão o Governador Augusto Franco transformou esse teatro em uma unidade cultural destinada ao desenvolvimento de oficinas de teatro, dança e música, o que proporcionou  o surgimento de vários grupos artísticos. 


Em 1977 surge a Companhia de Teatro Imbuaça – a mais antiga companhia de teatro de rua do país ainda em atividade – com apresentações baseadas na literatura de Cordel e em elementos da cultura popular. Dessa forma, Sergipe passou a ter um grupo de teatro acessível e atuante, surgido em meio à ditadura militar com um forte objetivo de resistência cultural. “A rua foi uma opção política e ideológica”, explica Lindolfo Amaral, um dos membros fundadores do grupo, em entrevista ao Portal Infonet. A partir daí a companhia não mais parou. Em seus quase 33 anos já montou mais de 30 espetáculos e participou de vários eventos nacionais e internacionais, além de se dedicar a projetos sociais junto a comunidades carentes da cidade, usando o teatro não só para formar artistas, mas também cidadãos.

Cena da peça “O Mundo Tá Virado, Tá no Vai ou Não Vai. 
Uma Banda Pendurada, a Outra em Breve Cai”, 
mais novo espetáculo do Imbuaça.
 Foto: André Teixeira

A atividade mais recente do grupo se deu na I Virada Cultural de Aracaju, organizado pela Funcaju em março de 2010, e que reuniu, entre diversas atividades culturais, 19 espetáculos teatrais de forma gratuita, onde participaram grupos de Aracaju e do interior do estado.

Imbuaça em 2010, durante a I Virada Cultural de Aracaju.
Foto: André Teixeira

Entre os personagens importantes não só para a história do Imbuaça, mas também para a história do teatro sergipano, está a atriz Valdice Teles, que morreu em março de 2005, aos 47 anos, vítima de um tumor no seio, mas sem antes deixar para a nova geração de atores um riquíssimo legado de textos e materiais. Seu trabalho artístico já era conhecido na época em que trabalhava como discotecária numa rádio da cidade, mas foi por meio das peças feitas no Colégio Atheneu que Valdice se entregou de corpo e alma ao Grupo Imbuaça e assim permaneceu até que sua doença não lhe permitisse mais subir aos palcos. Sete meses depois de sua morte, inaugura-se, em sua homenagem, uma escola de artes nomeada Escola de Artes Valdice Teles, que se dedica a ensinar a comunidade música, dança, artes cênicas e artes visuais. 

"Os Reis da Floresta de cimento", peça encenada em 1979 pelo grupo Raízes.

Mamulengo de Cheiroso em apresentação no 
35º Encontro Cultural de Laranjeiras. Jan/2010. 
Foto: André Teixeira

Juntamente ao Grupo Imbuaça, nasce outras companhias de teatro no estado, como o Grupo Raízes, fundado por Jorge Lins, ex-aluno do Colégio Atheneu e hoje autor e diretor de teatro além de responsável pelo projeto “Oficinas do ator”, que abre espaço para o surgimento de novos talentos sergipanos permitindo a aprendizagem de técnicas de interpretação teatral. Também o grupo de teatro de bonecos “Mamulengo de Cheiroso”, criado em 1978 pela professora Aglaé Fontes, ainda hoje cativa o público por onde passa, seja no interior, na capital, em outros estados e até mesmo na Europa, trabalhando o folclore e a cultura popular de modo vivaz e bastante musical.

O recente teatro sergipano.

Palco do Teatro Tobias Barreto recebendo a peça ‘O Mágico de Oz’, 
em produção da Nossa Escola. Outubro de 2009. 
Foto: André Teixeira

O Teatro Tobias Barreto, inaugurado em 2002 no dia do aniversário da cidade, 17 de março, é o mais recente teatro sergipano e também considerado um dos mais modernos do Brasil. Portador de muita tecnologia, espaço e conforto, ele tem sido palco de grandes espetáculos locais, nacionais e internacionais, além de conferências empresariais.  Mas é distante da sofisticação do Tobias Barreto, em meio aos mercados centrais de Aracaju, que surgem espaços como a “Rua da Cultura”, coordenado por Lindemberg Monteiro, ator e diretor da Cia de Teatro Stultífera Navis e mais recentemente o “Beco dos Cocos”, famoso pelos antigos cabarés. Ambos os espaços foram transformados por diversos artistas sergipanos em locais de manifestação folclórica, musical, circense e, é claro, teatral.

A jornalista e editora do jornal “O Capital”, Ilma Fontes, 63, contou-nos um pouco da sua experiência teatral, iniciada na escola. “Aos seis anos de idade experimentei o que uma atriz de verdade tinha direito: ensaios, nervosismo da estreia, luzes, aplausos e flores ao final.” Trabalhou com cinema e teatro profissional, onde ganhou os Prêmios Anchieta de Teatro, no Festival Nacional de São Mateus/ES, o Prêmio ASI de Direção de Teatro/1995 com a peça “As Criadas”, de Jean Genet e o Prêmio Arlequim de Mármore/UFS/1995, de melhor direção pela mesma peça. Ilma empresta seu nome ao Ponto de Leitura inaugurado em setembro de 2009 na Casa Rua da Cultura.

Além do Ponto de Leitura, a 27 de março do mesmo ano, a Casa  Rua da Cultura inaugurou o mais novo espaço para o teatro sergipano, a Sala Sergipana de Espetáculos. Seu diretor, o cearense Lindemberg Monteiro, formado em Direção pela Universidade do Rio de Janeiro – UniRio -, foi aluno da escola de teatro mais antiga da América Latina em atividade, a Escola Técnica Estadual de Teatro Martins Penna, no Rio de Janeiro. Quando de sua chegada a Sergipe, em 1995, a cena teatral em Aracaju estava passando por um momento de pouca produção, com poucos projetos e poucas montagens. “Eu cheguei aqui com uma ideia, no início um pouco equivocada, de que montar um grupo e trabalhar com o teatro aqui fosse mais fácil, porque o mercado estava aberto, apesar de ser um momento infértil, existia algumas referências nacionais do teatro daqui como o teatro de rua do Imbuaça”, comenta Lindemberg.

Além disso, o diretor diz que a cena teatral atual é bem diferente e aponta uma tendência que vê como solução para melhorar ainda mais. “As companhias precisam se unir, criar uma consciência de coletivo e isso está acontecendo, o que é fundamental para o futuro do teatro no estado, estimulando mais grupos. Quando eu cheguei aqui era o contrário, um grupo queria derrubar o outro, eles não se relacionavam”, conta.

Cia Stultífera Navis durante ensaio na Casa Rua da Cultural.
 Foto: Anne Samara Torres

Questionado sobre momentos marcantes presenciados por ele na cena cultural sergipana, sem exitar relata: “Ainda estava no comecinho do projeto ‘Rua da Cultura’. Tinha uma família sentada no meio- fio: o pai, a mãe e 3 crianças que estavam morando na praça em frente ao colégio Ateneu, olhando os bailarinos dançarem. Aquela família jamais veria um pas-de-deux de bailarinos, se não fossem  ali na Rua da Cultura , porque infelizmente aquela família não tinha acesso ao teatro. Nunca teria acesso ao Tobias Barreto nem que fosse de graça,  porque a nossa sociedade consegue fazer uns apartheids que ainda são invisíveis, mas que estão presentes em nossa vida. Então, se a Rua da Cultura acabasse naquele dia eu já estava satisfeito.”

O teatro profissional

Em 2007 a Universidade Federal de Sergipe (UFS) abriu o curso de Licenciatura em Teatro no município de Laranjeiras, sendo este e os demais cursos lecionados num ambiente um tanto quanto precário para as necessidades de ensino, sendo transferidos em 2009 para o “Quarteirão dos Trapiches”, que faz parte do conjunto arquitetônico histórico da cidade. Tal conjunto foi restaurado com a finalidade de abrigar este novo campus e surgiu a partir da parceria com a Prefeitura Municipal de Laranjeiras, com o Governo do Estado de Sergipe e o Governo Federal, vinculado ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

Um dos projetos mais afamados desenvolvido pelos alunos desse novo curso é a “Mostra Trapiche de Teatro” que divulga para a comunidade local as atividades produzidas durante todo o semestre pelos estudantes, através de oficinas, palestras, exposições e espetáculos, sendo todas essas atividades gratuitas. Tudo isso revela uma nova fase no teatro sergipano, um teatro profissional, mas que não esquece a cultura regional.

Mas nem tudo são flores. Atualmente, o Estado de Sergipe está repleto de companhias de teatro, desde os já citados, que foram criados na década de 70 e ainda hoje encantam a platéia, como companhias mais recentes a exemplo dos grupos aracajuanos: Ôxente, Os Cênicos, Caixa Cênica, Stultífera Navis, Êxtase, Oguata; do grupo do município de Lagarto: Cobras & Lagartos; do município de Poço Redondo: Raiz Nordestina, entre tantos outros mais. No entanto, atores e companhias, ainda hoje, enfrentam uma série de dificuldades em relação a patrocínio, divulgação, quantidade de público, apoio e etc. Como diz Tarcísio Tavares, diretor do Grupo Oguata: “Nós juntamos atores que fazem teatro por amor e não por dinheiro, até porque isso é uma coisa que ator sergipano não pode esperar muito. Tivemos que nos virar sozinhos pra criar e sustentar a companhia porque é muito difícil conseguir apoio”.

Além disso, tanto as peças como os atores sergipanos ainda sofrem preconceito por  boa parte da própria sociedade que, infelizmente, termina por não dá o devido valor ao que é da terra, como explica o ator da Cia Stultífera Navis, Roney David.

Cia Stultífera Navis em novembro do 2009 
durante apresentação no Beco dos Cocos.
 Foto: André Teixeira

“Eu acho que não se dá essa valorização, até mesmo pela parte da platéia. Minha própria família já chegou a dizer que nunca tinha assistido uma peça sergipana boa e eu acabei mudando essa visão deles, mostrando que aqui tem montagens muito boas sim. Falando como ator, é bem desgastante e às vezes bem frustrante porque você passa muito tempo montando e ensaiando uma peça e às vezes a quantidade de público não é a esperada e chega uma peça de fora, passa dois dias e lota o Tobias Barreto cada dia”.

De certo que o teatro sergipano parece sim estar entrando numa nova fase, melhor que as anteriores, já que não somos mais obrigados a assistir e encenar peças de cunho cristão alienante, vivemos num período de liberdade de expressão e temos um crescente número de grupos teatrais locais. Então porque não aprendemos a apreciar o que temos? A história do nosso teatro é tão rica em acontecimentos, tão marcada pela força e coragem de nossos atores e mesmo assim ainda vemos pessoas que insistem em menosprezá-la. É impressionante como a cultura local ainda persiste. Talvez persistência seja mesmo a maior arma que nossos artistas possuem para continuar fazendo aquilo que há muito tempo fazem: encantar a todos com a maravilhosa arte do teatro.

Texto e imagens reproduzidos do blog: empautaufs.wordpress.com

Pesquisa aborda os topônimos, os nomes próprios de lugares.

Motivação geográfica: Algumas cidades, como Laranjeiras, 
têm seu nome em referência aos aspectos físicos do lugar.

Publicado originalmente no site Expressão Sergipana, em 10 de maio de 2017

De Sirigype a Sergipe Del Rey: Estudo resgata origens de nomeações geográficas do estado.

Pesquisa aborda os topônimos, isto é, os nomes próprios de lugares.

De Redação.

Muitos certamente não sabem, mas a palavra Sergipe, tal qual a conhecemos, já foi escrita de diferentes formas desde a colonização do território, na década de 1590. Ciriji, Sirigype, Serzipe e até mesmo Serygipe, as variações gráficas do termo refletem as múltiplas nomeações do nosso estado durante o período colonial. Mas o que esses nomes denominam, o que significam e onde foram originados?

Estas dúvidas serviram como ponto de partida para a elaboração do projeto de dissertação de mestrado de Alexandre Cezar Neri Santos, do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal de Sergipe (UFS).
  
Sua pesquisa traz como base os estudos toponímicos, um modo de pesquisa que busca entender a origem da nomeação de espaços geográficos e suas respectivas motivações. Assim, seu objeto de análise são os topônimos, isto é, os nomes próprios de lugares. Essa análise também é considerada uma parte da linguística ligada à história, à geografia e à antropologia.

Seus estudos foram desenvolvidos sob a orientação da professora Lêda Pires Corrêa. Para ela, a pesquisa permitiu não apenas um aprofundamento teórico-metodológico da toponímia, como também uma melhor análise que revele à sociedade, especialmente aos sergipanos, os aspectos culturais conservados desde o período histórico colonial brasileiro.
  
Alexandre Cezar: “mesmo estando em português, estamos tratando de uma língua do século XVI e XVII, o que pra um leitor do século XXI não é nada fácil”

Os documentos

O trabalho parte da ideia que toda nominata coletada permite recuperar elementos línguo-culturais de Sergipe colonial, que durante a época investigada (de 1594 a 1623) teve suas terras exploradas por parte da Coroa Portuguesa. É aí que surgem as cartas de sesmarias, cuja função era registrar todas as atividades em relação ao cultivo nos lotes menores de terra doadas aos colonos. O intuito era monitorar e tornar a terra mais produtiva. Assim, essas certidões foram validadas em registros públicos e efetivadas junto ao Estado em caráter oficial.

Para a análise dos topônimos registrados nessa época, Cezar teve acesso às 218 cartas sesmariais (de sesmarias) disponíveis no Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe (IHGSE) Este acervo é considerado um mais antigos em língua portuguesa sobre Sergipe. Além disso, o pesquisador contou também com dados da Secretaria Estadual da Agricultura, que contribuiu com informações sobre os acidentes geográficos do estado, e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).

Decifração

A reunião de documentos e informações necessárias rendeu alguns problemas nesse meio percurso. “Minha primeira dificuldade foi entender o que ali estava escrito, porque mesmo estando em português, estamos tratando de uma língua do século XVI e XVII, o que pra um leitor do século XXI não é nada fácil”, explica. Outro fator que dificultou sua pesquisa foi a falta de dados no IBGE que pudessem responder sobre a toponímia sergipana. “Infelizmente alguns documentos não apresentam referência às fontes para a validação da informação, estando facilmente a mercê de contestações”, pontua. – ter cuidado, pq não é em si um “defeito” do IBGE…

Análise/Dados

Após a análise dos dados, foram encontrados 73 topônimos diferentes, sendo 58 de procedência indígena, 18 portuguesa, 1 espanhola e 1 de ascendência híbrida, junção entre o português e o indígena. Na dissertação, todos se encontram catalogados, interpretados e classificados. “Esse registro catalográfico documenta a ocorrência de tupinismos e lusitanismos que fornecem subsídios linguísticos para a análise sócio-histórica do período colonial em Sergipe”, explica Lêda.

Nesse levantamento, foram identificados topônimos de motivação religiosa, de natureza física, de origem antropocultural, relativos a elementos naturais, como a fauna e a flora, e que indicam os valores externos de um povo. Mas também se encontram nomeações dadas em referência aos animais, aos fenômenos atmosféricos, aos minerais ou ainda como uma forma de homenagear autoridade ou falecidos ilustres. São possibilidades infinitas que surgem a partir de diversas variáveis.

Um grande modelo toponímico encontrado nessas certidões é de motivação geográfica – em referência aos aspectos físicos do lugar – como o município de Itabaiana, que indica na língua tupi baiana de pedra. Nessa categoria é possível enquadrar ainda as cidades Porto da Folha, Malhada dos Bois, Laranjeiras, São Cristóvão, dentre outros.

Os grandes rios também se sobressaem na toponímia sergipana. Opara, por exemplo, é um nome indígena que designava o que hoje chamamos de Rio São Francisco. Já o Ypochi foi posteriormente alcunhado de Poxim, que se trata de um grande rio. Além deles, o Rio Vaza Barris também havia ganhado na época uma nomeação tupi, no qual os índios chamavam de Irapirang.

Mas quem representa a maioria são os topônimos de natureza religiosa. Segundo Cezar, a igreja católica teve um peso muito grande na formação da sociedade sergipana “Não somente enquanto instituição, mas como fervor dos seus adeptos, que resultam em uma projeção dos nomes de certos lugares”, aponta. Essa realidade é percebida nos atuais municípios de Nossa Senha da Glória, Nossa Senhora das Dores, Rosário do Catete, Cedro de São João, Itaporanga D’Ajuda, São Miguel do Aleixo, entre outros.

Quanto à análise do fenômeno gráfico-fonético, o estudo apontou que parte das transformações internas à estrutura se deu, principalmente, porque é grande a quantidade de topônimos de ascendência indígena. Logo, atesta-se o fato de que são os europeus os principais responsáveis pela toponímica que se estabeleceu em Sergipe, uma vez que muitos dos nomes de origem tupi foram substituídos por denominações de ordem portuguesa, permanecendo em nossos mapas contemporâneos.
  
 Glossário toponímico.

Todavia, Cezar ressalva que europeus e índios se dispuseram a uma troca línguo-cultural a partir do momento em que os colonos se apropriaram do tupi para catequizarem os índios por volta de 1549. A professora Lêda demarca também que essa é uma constituição de identidade própria, que bem caracteriza o processo histórico do estado de Sergipe, graças aos vários topônimos exclusivos do local. “Embora o contato entre brancos e índios tenha se pautado por relações de dominação do colonizador português, pode-se observar a preservação do modus vivendi do povo nativo”, pontua a orientadora.Cezar ratifica ainda a importância dos índios na formação da identidade do nosso estado. “Temos uma grande presença indígena em nossa história, refletida na origem dos topônimos sergipanos, então a constituição dessa sociedade deve muito a esses povos”, conclui.

Do curioso ao científico

Além de atiçar a curiosidade e ampliar nossos conhecimentos culturais, o estudo dos nomes de lugares traz consigo uma carga histórica, geográfica e semântica que merece ser estudada cientificamente.

Assim, é através deste trabalho que Cezar tenta chamar a atenção das pessoas para a história dos primeiros nomes geográficos da terra, além da necessidade de análises científicas e aprofundadas da toponímia, uma vez que muitos desses estudos são de cunho não científico. “A sergipanidade, enquanto movimento de celebração do que é sentir Sergipe, também pode ser feita na academia, e de forma séria”, diz. Para ele, essa presença pode ter sido apagada em outros lugares, mas não na história toponímica.

Texto e imagens reproduzidos do site: expressaosergipana.com.br