Praça Generão Valadão, com o Hotel Palace ao fundo (Fotos: André Moreira)
Palácio Serigy, antiga Cadeia de Aracaju, é um dos prédios de grande
importância histórica que margeiam a praça
Historiador Luiz Antônio Barreto conta que a praça já teve vários nomes (Foto: Infonet)
Praça General Valadão é testemunha do crescimento da cidade
Por Talita Moraes (estagiária)
A importância das praças não se limita ao fato de elas
constituírem espaços dedicados ao lazer da população. Na antiguidade
greco-romana, as praças ocupavam o espaço central da polis (cidade) e abrigavam
feiras e mercados livres, bem como edifícios públicos. Era na ágora (praça
principal) onde acontecia o exercício da cidadania, materializado, por exemplo,
em discussões políticas e tribunais populares, sem falar na convivência
cotidiana com o outro. O mesmo acontecia nas cidades brasileiras no período
colonial. Nelas havia sempre praças centrais com importantes prédios administrativos
e outras construções - casa da redenção, câmara, cadeia. Em volta delas, as
cidades se desenvolviam economicamente, culturalmente e socialmente.
Foi dessa mesma maneira que Aracaju, a segunda capital de
Sergipe, cresceu e foi se transformando. Assim como muitas cidades romanas,
Aracaju foi pensada como um tabuleiro de xadrez, com edifícios públicos
localizados no centro, em posições estratégicas. As praças foram criadas
concomitantes ao seu desenvolvimento planejado. Como o principal motivo para a
mudança da capital de São Cristóvão para Aracaju foi a presença de um porto,
essencial para o escoamento da produção local e para o desenvolvimento econômico
do Estado, as primeiras praças foram construídas em sua proximidade, no centro
de Aracaju e às margens do rio Sergipe. Uma delas foi a Praça General Valadão.
Integrando o projeto de fundação e organização espacial da
cidade, de autoria do engenheiro militar Sebastião José Basílio Pirro, a Praça
General Valadão estava dentro do chamado ‘quadrante de Pirro', que tinha como
centro a Praça Fausto Cardoso e a partir do qual foi traçado o tabuleiro de
xadrez que deu forma à nova capital. O desenho se estendeu para os sentidos
norte, oeste e sul, uma vez que no leste ficava o rio Sergipe.
Nomes
Segundo o historiador Luiz Antônio Barreto, dois dos prédios
mais antigos - a Alfândega e a Cadeia - localizavam-se no entorno da General
Valadão. Por muitos anos, a praça foi conhecida como a Praça da Cadeia, devido
à proximidade do prédio que abrigava os presos. "Era muito comum, antes de
dar nome oficial às praças, chamá-las com o nome de um prédio das
proximidades", afirma Luiz Antônio. O prédio da cadeia foi demolido na
década de 1930 para a construção do Palácio Serigy, onde hoje funciona a
Secretaria de Estado da Saúde.
Ainda de acordo com o historiador, posteriormente a praça
passou a se chamar 24 de Outubro, data da emancipação política de Sergipe. Por
fim, na década de 1930, recebeu o nome do General Oliveira Valadão, ganhando
também um busto do homenageado. Nascido em Neópolis, Oliveira Valadão teve
participação na proclamação da República, foi duas vezes governador do Estado e
líder republicano.
Economia e prostituição
Luiz Antônio Barreto conta que, além de ficar perto de
prédios importantes, a praça General Valadão ficava numa região de grande
importância comercial, bem em frente ao rio Sergipe, onde se encontrava, então,
a zona portuária. Também por ali estavam o Mercado Municipal, ainda com sua
estrutura original, e a Praça do Trem, além de caminhões vindos do interior
para abastecimento.
À medida que a nova capital se desenvolvia, o turismo
começava a despontar como importante atividade econômica. Em 1962 o Hotel
Palace de Aracaju foi construído, sendo a primeira grande estrutura para
receber turistas na capital. Nessa época, os visitantes ainda se concentravam
no centro da cidade devido à presença do terminal rodoviário, além dos limites
urbanísticos e da atividade comercial da região.
O turista que na época vinha à Aracaju era o funcionário
público que queria conhecer o Brasil, os baianos - devido à proximidade
geográfica -, as excursões em navios vindos do Rio de Janeiro e que tinham como
ponto de parada a capital sergipana, as companhias de teatro, música e dança.
A concentração de atividades econômicas na área central da
cidade fez com que a prostituição se tornasse marcante. Havia na região casas
de luxo bem estruturadas, onde pela manhã funcionavam estabelecimentos
comerciais e à noite prostíbulos. Por conta disso, a área foi chamada,
jocosamente, de Vaticano.
Texto e imagens reproduzidos do site: aracaju.se.gov.br
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