Fundador do Parque dos Falcões, Sr. Percílio.
Publicado originalmente no site 93 Noticias, em 14 de dezembro de 2017.
Parque dos Falcões: maior centro de readaptação de aves da
América Latina, fundado por um itabaianense
Por Josie Mendonça
O município de Itabaiana/SE é, sem dúvida, terra onde flora
não só o que há de melhor na natureza, mas também onde nascem grandes seres
humanos, capazes de alcançar o mundo com seu trabalho e genialidade. O Parque
dos Falcões é um exemplo disso e reconhecido mundialmente, não é à toa que já
participou da produção de vários filmes internacionais.
Tudo começou há pouco mais de três décadas, quando o menino
itabaianense José Percílio Mendonça Costa ganhou seu primeiro falcão aos 7 anos
de idade. A partir de então, sua paixão pelas aves só cresceu e foram chegando
em sua vida outras e mais outras.
Toda essa paixão e cuidado não poderia ter outro resultado,
transformou-se no Parque dos Falcões, hoje o maior centro de readaptação de
aves da América Latina. “Meu trabalho começou ainda em Areia Branca, onde eu
estava morando, depois retornei para cá no ano 2000, comprei esse terreno por
R$ 4 mil, na época era uma lixeira. Minha família me ajudou a construir e fui
fazendo aos poucos. Em 2007, fizeram uma reportagem aqui para o Globo Repórter,
desde então, e com a ajuda do jornalista Silvio Oliveira, comecei a trabalhar
com o turismo”, conta o fundador do Parque dos Falcões, Sr. Percílio.
Demonstração, falcão treinado para ataque de humano.
O Parque recebe aves machucadas do Brasil todo através do
IBAMA, algumas chegam sem perna, outras sem asa e Percílio às ensinam a viver
com sua deficiência. O menino que cresceu junto com seu falcão, aprendeu com a
ave alguns dons da natureza. Percílio é capaz de tirar o trauma de aves
deficientes através de seu “toque de energia”, como ele chama a técnica. “Temos
falcão treinado para ataque de humano, nenhum ser humano toca nele, mas meu
toque de energia deixa ele dócil, muita gente acha que é hipnotismo, essa
técnica foi o meu primeiro falcão quem me ensinou. Cada um tem um modo de ser
treinado, eu convivo com as aves há mais de 30 anos e ainda estou aprendendo
com elas”, diz Percílio.
Ao todo, o Parque preserva atualmente 32 espécies e 400 aves
da fauna brasileira. Entre as mais raras, abriga o gavião-caranguejeiro que há
uns dois anos atrás não havia nem 80 na natureza mais. Outra raridade é o urubu
branco. O primeiro do mundo nasceu no Parque dos Falcões, mas foi furtado e
acabou morrendo. Para a ciência, só nasceria outro daqui a uns 200 anos, mas
quatro anos depois da morte do primeiro nasceu o segundo urubu branco. “Deus
nos mandou outro presente, a Madona. Aqui, todas recebem nome” comenta
Percílio.
No Parque, há aves que vivem soltas, outras semi-soltas e
presas. São 89 livre, 52 semi-solta (aves que voam e faz trabalho) e as que
vivem presa, na sua maioria, são deficientes e novos casais. “Trabalhamos aqui
com reprodução. Primeiramente eu tiro o trauma delas através do toque, depois
do trauma trabalhamos em cima de reprodução, quando os filhotes nascem eles são
selecionados, uma parte a gente devolve à natureza, outras ficam morando livre
dentro do Parque e outras são semi-soltas, que são as aves adestradas”,
explica.
Uma hora de banho de sol por dia, em seguida banho,
relaxamento, voo de exibição e de volta aos seus viveiros, esta é a rotina das
aves no Parque. “Tem voo para turista, onde a gente também pode mandar alguém
levar a águia para o alto da serra e de lá ela irá trazer uma mensagem e
entregar na mão do turista, seja de feliz aniversário, paz, etc; voo para
exercício, uma hora para cada e uma vez por semana; e voo até para reportagem”,
relata.
Turismo
O Parque trabalha com turismo, ele ainda é muito mais
conhecido fora do que no próprio estado, tanto que seu público é mais nacional
e internacional do que turistas sergipanos. Quem visita o Parque dos Falcões,
primeiro assiste a um vídeo educativo, feito em parceria com o IBAM e a Polícia
Ambiental, que mostra o que é o Parque, sua história, como essas aves chegaram
e estão aqui; depois do vídeo, o turista vai conhecer todas as espécies de
aves, a história e o habitat de cada uma; em seguida, podem bater fotos no
mural do Parque com várias delas no punho, no ombro; e assistem ao voo das
aves, podendo até pegá-la no punho na aterrissagem.
Quem quiser conhecer o Parque dos Falcões é só agendar,
marcar o dia e horário. Pela manhã o horário da visita começa às 9h e a tarde a
partir das 14h. O turista normal paga R$25 e estudantes, professores, idosos
pagam meia entrada.
É preciso valorizar o que é nosso
No início de novembro de 2017, o Parque sofreu um assalto
cruel. Parece ter sido necessário passar por tamanho sufoco, infelizmente, para
que as autoridades olhassem mais para o trabalho e a importância que tem o
Parque dos Falcões, que não é apenas para Sergipe, mas para o Brasil e todo o
mundo. “Depois do ocorrido, a gente viu o quanto todos amam o Parque dos
Falcões, recebemos apoio do mundo inteiro, nem a gente esperava por isso”,
comenta Percílio.
A prefeitura de Itabaiana se comprometeu a ajudar na alimentação
das aves. “A gente gasta muito aqui, são 70kg de carne por semana, 200 frangos,
500 pintos, 150 codornas, três sacos de milho e três de grãos. O dinheiro todo
que arrecadamos é para manutenção e os voluntários”, explica.
Mas um dos pontos mais necessário é a segurança. Bem sabemos
que a segurança vai mal em toda parte do nosso estado, esperasse que o Governo
do Estado ajude ao menos nessa parte. E, aos turistas, a mensagem que fica é
que não deixem de conhecer um lugar que só é visto aqui.
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