Publicado originalmente no site 93 Notícias, em 14 de dezembro de 2018
Lembranças das festas de Natal em Itabaiana
Por Professor José Costa
A época natalina me traz boas lembranças das festas de natal
e ano novo que fizeram parte da minha infância e juventude, e provavelmente da
maioria dos itabaianenses e circunvizinhos que nasceram há 30, 40, 50 anos. As
festas eram realizadas na Praça João Pessoa, antiga Santa Cruz, a partir da
década de 60 e na Praça Etelvino Mendonça, a partir da década de 70.
As melhores lembranças das festas e que não saem da minha
memória são das diversões, comidas, jogos, músicas e das apresentações da
Chegança Santa Cruz de Zé de Binel. Pelo lado religioso, a principal
comemoração do nascimento do Menino Jesus era a Missa do Galo na Igreja Matriz
de Santo Antônio e Almas na véspera do Natal. As festas começavam a tarde e se
estendiam até a madrugada.
As diversões eram simples, mas divertiam as pessoas como as
barcas, especialmente as de meu pai, Josias Costa (in memorian), Tio Joãozinho
e Pedro funileiro; os carrinhos para as crianças menores de Pedro Guerra; o
trivoli de Zé de Cuta; os balanços de Otávio e Samuel e principalmente a onda,
que pertenceu a Zé Costa, Pelé e Zé de Bernardo, ponto de paquera entre os
jovens. Em 1977, meu primo Zé Costa (in memorian) comprou e armou uma roda
gigante na praça, no ano seguinte ele adquiriu outras diversões e formou o
parque São José, o primeiro de Itabaiana, atualmente Miami Park Center.
Para animar as festas, existia um serviço de som que tocava
as músicas de sucesso da época oferecidas às pessoas presentes e também servia
para mandar recadinhos de paqueras ou fazer brincadeiras com os amigos. O
serviço de som foi realizado ao longo dos anos por João de Deus, Bicudinho, Zé
de Álvaro e Xavier, todos bastante conhecidos pelos itabaianenses.
Nas festas, existiam comidas para todos os gostos.
Geralmente, os adultos e jovens dirigiam-se para os bares armados ao longo da
praça e ingeriam bebidas alcoólicas e refrigerantes, arroz com galinha, além de
comer caranguejos e outros petiscos. As crianças se deliciavam com algodão doce
no palito, pipoca, rolete de cana na taboca, pirulito no tabuleiro, arroz doce,
sorvete de ki-suco feito na hora, espetinho de carne com salada, pastel e
coscorrão com o acompanhamento do gostoso ki-suco na garrafa de refrigerante,
servido a temperatura ambiente.
Muitas pessoas só iam para a festa com o objetivo de jogar,
principalmente os homens, pois enquanto as mulheres colocavam os filhos para se
divertirem nos brinquedos, eles tentavam ganhar dinheiro ou brindes nos jogos,
entre eles: as rifas de goiabada, cigarro ou sardinha; lançar argolas para
acertar nas notas de dinheiro colocadas em tábuas pequenas ou caixas de
fósforos; roleta de números para tentar ganhar dinheiro; tabuleiro colorido
onde a pessoa que acertasse a bola de igual cor ganharia um brinde; jogo do
coelho; pescaria de brindes e o bingo Peixoto, que originou o parque do mesmo
nome.
A tradição de ganhar presentes não era como nos dias atuais,
ganhar um sapato novo e roupas novas era o maior desejo das crianças e
adolescentes, e saiba que a maioria das roupas não era feitas em fábrica e sim
por costureiras, como minha mãe, Dona Graça (in memorian), uma das melhores de
Itabaiana. A praça se tornava uma passarela para o desfile de figurinos,
principalmente pelas mulheres, mas logo uma nuvem de poeira, que era feita pelo
caminhar das pessoas encobria todas, e quando voltavam para suas casas às
roupas já não mais pareciam novas.
A ornamentação da praça era simples, geralmente com uma
enorme árvore de natal colocada no centro. Cada dono dos brinquedos ornamentava
com lâmpadas coloridas ao redor deles, dando um belo visual à festa.
Em meados da década de 90, com a construção do espaço para
eventos na Praça Etelvino Mendonça, as diversões mais antigas, principalmente
as barcas, foram montadas na lateral do Estádio Presidente Médici e o parque
ocupou a parte central. A partir desta data, as minhas lembranças já são como
pai, pois levava meus filhos às festas sem a presença de alguns brinquedos
antigos.
Nos dias atuais, as festas de Natal e fim de ano são
realizadas em casa com a reunião de familiares e amigos para a ceia, troca de
presentes e comemoração da entrada do ano novo. Um número bem menor de famílias
levam seus filhos para se divertirem no parque, mas infelizmente não com as
diversões, simplicidade e as comidas das festas de Natal dos tempos passados.
Texto e imagem reproduzidos do site: 93noticias.com.br
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