Publicado originalmente no site do Jornal da Cidade, em 28
de maio de 2019
‘Barco de Fogo navega’ em Brasília
O fotógrafo sergipano Márcio Garcez expõe registros da
manifestação cultural de Estância
Em cores, luz, som e vídeo, Brasília conhecerá o ‘Barco de
Fogo’, manifestação cultural popular de Estância, desde o processo de feitura
dos artefatos, os espaços de produção e apresentação, bem como a matéria-prima,
o trabalho e até a técnica dos produtores dos barcos em fazer navegar no ar as
embarcações iluminadas pelo fogo das espadas. É a exposição ‘Barco de Fogo’, do
fotógrafo sergipano Márcio Garcez quer chega ao Espaço do Servidor, no Palácio
Congresso, de 6 a 27 de junho.
“Serão exibidas aproximadamente 30 fotografias do show
pirotécnico dos barcos de fogo de Estância. Também será exibido um vídeo, de
Cauê Matias, que mostra o processo de fabricação até à soltura, e que é constituído
das fotografias em movimento, na verdade. Além disso, teremos uma barco e
espadas, sem pólvora, para que todos possam conhecer de perto os artefatos,
como são produzidos e a técnica utilizada para a soltura. E teremos também um
funcho musical com Fábio Cantor, que também faz os barcos no município. Fazer
essa exposição no mês junino é ainda mais significativo tendo em vista os
festejos em todo o Nordeste, e em Sergipe, com a tradição do Barco de Fogo”,
disse Márcio Garcez.
De acordo com Márcio, o vídeo exibe desde a coleta do banco
até o show de luzes no ar. “O Barco de Fogo é patrimônio imaterial do município
e também do estado, sendo preservado todo o processo de construção e exposição
dos barcos durante os festejos juninos. E tem muita gente ainda que não
conhece. Essa mesma exposição já foi visitada por mais de três mil pessoas em
Recife, Pernambuco; e também Salamanca, na Espanha; e na Universidade de Viena,
na Áustria. Todos nesses lugares foram públicos bastante diversificado e
acredito que em Brasília não será diferente, sendo um local de passagem de
muita gente e que poderá conferir um pouco de Sergipe, num período especial que
é junho”, disse.
Também para a exposição está sendo produzido um catálogo com
textos das curadoras Rosa Eduardo e Vanessa Toller. “Nele, os textos apresentam
a história do Barco de Fogo, como se dá a fabricação. Rose foi a minha curadora
na exposição em Salamanca, e Vanessa Toller, na Universidade de Viena. Então, é
um trabalho bem bonito e explicativo dessa manifestação tradicional do nosso
estado”, frisou.
Barco de Fogo
A tradicional manifestação do município de Estância foi uma
criação do fogueteiro Antônio Francisco da Silva Cardoso, conhecido por Chico
Surdo, cujas primeiras citações datam do final da década de trinta do século
XX. A ideia era fazer um barco que não precisasse das águas do Piauitinga para
navegar. Para tanto, inicialmente, confeccionou um barco de papelão grosso,
movimentando dois foguetes que, deslizando sobre um arame preso em dois
mastros, passam de um lado a outro do rio. O modo de fazer foi se aprimorando
com o correr dos anos, e a brincadeira foi se tornando o elemento mais
significativo das festas juninas da cidade. Atualmente, um fio de aço de
trezentos metros atravessa dois pontos da praça Barão do Rio Branco, em
Estância, permitindo o deslizamento dessa alegoria pirotécnica, de cerca de um
metro de comprimento, com armação de madeira recoberta com papel colorido,
fazendo dos seus foguetes na proa a força que lhes dá movimento.
A navegação é facilitada por uma roldana que desliza sobre o
cabo de aço, e durante o tempo de ida e volta, o barco vai queimando girândolas
e espadas que se transformam num rendilhado de fogo de beleza inconfundível. O
barco vive no imaginário dos fogueteiros da cidade, que a cada ano enriquecem o
invento com novidades, no qual o fogo é realmente o grande homenageado. É uma
das mais empolgantes atrações dos festejos juninos do município de Estância.
Texto e imagem reproduzidos do site: jornaldacidade.net
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