terça-feira, 1 de maio de 2018

Pé-de-Algaroba é símbolo de resistência na Praça São Francisco


Fotos: Danielle Pereira

Publicado originalmente no site Expressão Sergipana, em 9 de Abril de 2018

Pé-de-Algaroba é símbolo de resistência na Praça São Francisco, em São Cristóvão 

De Redação 

Cercada por um conjunto de monumentos, composto de edifícios públicos e privados, que representam o período durante o qual as coroas de Portugal e Espanha estiveram unidas (1580 – 1640), ela resiste alheia à história. Da família Prosopis juliflora, também conhecida pelos nomes “pé-de-algaroba” ou “algarobo”, a única árvore hoje plantada no quadrilátero, sobreviveu à ceifa durante a última reforma e adequação da praça São Francisco para a escolha de Patrimônio Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e a Cultura (UNESCO).

No Brasil, esta espécie chegou na década de 1940 e devido às suas características logo se adaptou ao clima do país e principalmente à região nordeste. “Além da facilidade de adaptação ao clima local, estas plantas foram adotadas pelos políticos da época como um antídoto para afastar os pobres e mendigos dos centros urbanos que se alimentam com os frutos das árvores espalhadas pelas ruas e avenidas das cidades. As fruteiras passaram a ser substituídas por árvores de copas altas, resistentes ao calor, com sombra e sem frutos”, contou o historiador e diretor de turismo da Fundação de Cultura e Turismo João Bebe-Água (Fundact), Thiago Fragata.

De certa forma, foi justamente a sua sombra que fez com que o pé-de- algaroba da praça São Francisco fosse poupado do corte. De acordo com o arqueólogo e historiador, Daniel de Castro, um dos responsáveis pelo trabalho de escavação durante a reforma da praça, a árvore possivelmente foi mantida por garantir um abrigo contra o sol escaldante que castigava os trabalhadores durante a obra. “Não existe uma explicação outra para o fato de terem mantido a árvore na Praça São Francisco que não o fato de possivelmente ela ter sido um ponto de apoio e de sombra para os operários durante as obras adequação”, disse.

Para quem viveu a praça São Francisco, nas últimas três décadas, e acompanhou suas transformações como Nelson Polito Fontes, a ausência de arborização nem sempre foi uma constante no local. “Antes da última reforma existia algumas árvores, eu plantei inclusive algumas delas, aguava e cuidava diariamente. É uma pena que elas tenham sido retiradas. Na próxima reunião da Comissão Gestora da Praça São Francisco, nós moradores iremos sugerir o plantio de mais árvores no local”, observou.

Ponto de encontro seja daqueles que visitam a cidade ou dos moradores que aproveitam da sua sombra pra tomar água de coco e bater um papo no fim de tarde, atualmente o pé-de-algaroba é reduto de casais apaixonados como é o caso de Luã Barbosa e Eliane Carvalho. Um baiano e uma sergipana tendo como elo a cidade de São Cristóvão. “Este sempre foi um dos nossos locais favoritos para namorar e conversar. Aqui encontramos amigos, batemos papo e falamos sobre as coisas da cidade também, a árvore é um ponto de encontro para todos nós moradores”, revelou Luã.

Texto e imagens reproduzidos do site: expressaosergipana.com.br

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