Fotos: Danielle Pereira
Publicado originalmente no site Expressão Sergipana, em 9 de Abril de 2018
Pé-de-Algaroba é símbolo de resistência na Praça São Francisco, em São Cristóvão
De Redação
Cercada por um conjunto de monumentos, composto de edifícios
públicos e privados, que representam o período durante o qual as coroas de
Portugal e Espanha estiveram unidas (1580 – 1640), ela resiste alheia à
história. Da família Prosopis juliflora, também conhecida pelos nomes
“pé-de-algaroba” ou “algarobo”, a única árvore hoje plantada no quadrilátero,
sobreviveu à ceifa durante a última reforma e adequação da praça São Francisco
para a escolha de Patrimônio Mundial pela Organização das Nações Unidas para a
Educação, Ciência e a Cultura (UNESCO).
No Brasil, esta espécie chegou na década de 1940 e devido às
suas características logo se adaptou ao clima do país e principalmente à região
nordeste. “Além da facilidade de adaptação ao clima local, estas plantas foram
adotadas pelos políticos da época como um antídoto para afastar os pobres e
mendigos dos centros urbanos que se alimentam com os frutos das árvores
espalhadas pelas ruas e avenidas das cidades. As fruteiras passaram a ser
substituídas por árvores de copas altas, resistentes ao calor, com sombra e sem
frutos”, contou o historiador e diretor de turismo da Fundação de Cultura e
Turismo João Bebe-Água (Fundact), Thiago Fragata.
De certa forma, foi justamente a sua sombra que fez com que
o pé-de- algaroba da praça São Francisco fosse poupado do corte. De acordo com
o arqueólogo e historiador, Daniel de Castro, um dos responsáveis pelo trabalho
de escavação durante a reforma da praça, a árvore possivelmente foi mantida por
garantir um abrigo contra o sol escaldante que castigava os trabalhadores
durante a obra. “Não existe uma explicação outra para o fato de terem mantido a
árvore na Praça São Francisco que não o fato de possivelmente ela ter sido um
ponto de apoio e de sombra para os operários durante as obras adequação”,
disse.
Para quem viveu a praça São Francisco, nas últimas três
décadas, e acompanhou suas transformações como Nelson Polito Fontes, a ausência
de arborização nem sempre foi uma constante no local. “Antes da última reforma
existia algumas árvores, eu plantei inclusive algumas delas, aguava e cuidava
diariamente. É uma pena que elas tenham sido retiradas. Na próxima reunião da
Comissão Gestora da Praça São Francisco, nós moradores iremos sugerir o plantio
de mais árvores no local”, observou.
Ponto de encontro seja daqueles que visitam a cidade ou dos
moradores que aproveitam da sua sombra pra tomar água de coco e bater um papo
no fim de tarde, atualmente o pé-de-algaroba é reduto de casais apaixonados
como é o caso de Luã Barbosa e Eliane Carvalho. Um baiano e uma sergipana tendo
como elo a cidade de São Cristóvão. “Este sempre foi um dos nossos locais
favoritos para namorar e conversar. Aqui encontramos amigos, batemos papo e
falamos sobre as coisas da cidade também, a árvore é um ponto de encontro para
todos nós moradores”, revelou Luã.
Texto e imagens reproduzidos do site: expressaosergipana.com.br
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