Árvores dividem mão e contramão em ruas ainda sem calçamento
Casas branca e azul
Tranquilidade no povoado
Praça principal homenageia família Gonçalves
Antigo cinema da comunidade
Igrejinhas com imagens de Portugal
Soneca
Varal colorido
Telefonista da fábrica de tecidos, Edinéia da Silva
Dona Luiza
Comunicação e transporte
Fotos: Silvio Oliveira
Publicado originalmente no site da Infonet - Blog Silvio Oliveira, em 26/04/2018
Povoado Passagem (SE): Vila operária e Velho Chico
Empreendedorismo social e visão de futuro
Por Silvio Oliveira *
A Vila Operária da Passagem fica situada no município de
Neópolis (SE), a poucos 119km da capital Aracaju, às margens do rio São
Francisco. Trata-se de um complexo residencial para os operários da fábrica de
tecidos Peixoto Gonçalves & CIA LTDA, fundada em 1907, e que até hoje
mantém tradições e regras próprias. Vale a pena fazer uma visita em busca
dessas tradições, conversar com seus moradores e clicar as casas pintadas em
branco e azul.
Cinema, igreja, salão social, clube de festas, campo de
futebol, creche e outros serviços para ser ali um povoamento com serviços
próprios e independente. Assim é a Vila Operária da Passagem, fruto do
empreendedorismo e visão de futuro da família Peixoto, empresários alagoanos
que além de construir o empreendimento em solo sergipano, em 1907, também
empreenderam alguns dos patrimônios econômicos e sociais em municípios
alagoanos, a exemplo do hotel São Francisco, em Penedo.
Seus mais de 900 moradores residentes em casinhas enfileiras
pitadas de branco e com detalhares em azul, que remontam às cores do município
e da fábrica, são funcionários, filhos, netos ou pais de operários da fábrica
de tecidos Peixoto Gonçalves & CIA, até hoje em funcionamento.
A localidade não tem tradição nem infraestrutura a contento,
turisticamente falando, mas as histórias e a arquitetura urbanística fazem como
que a Vila Operária sejam um forte apelo para visitá-la.
Pertinho do rio São Francisco, localizada no município de
Neópolis, à frente da histórica Penedo (AL) e ao lado da Prainha da Saúde e da
cidade de Santana do São Francisco - polo e entreposto de artesanatos e objetos
de barro - quem visita a Passagem parece que observa um povoado que parou no
tempo.
Poucos moradores nas ruas, alguns deles sentados à porta de
casa, animais pastando livremente, morador tirando uma soneca em baixo da
frondosa amendoeira. A igreja ao centro, e a partir dela, ruas que muitas nem
chegaram a ganhar pavimentação, fazem do bucolismo local uma atração. Uma venda
de produtos de cosméticos, bodega aos moldes de antigamente, árvores dividindo
a mão dupla das ruas.
Descrever a Vila Operária da Paisagem é um modo de
socializar um passado que Dona Luiza (84), mãe de 11 filhos e uma das moradoras
mais antigas da localidade. Na casa 26 ela viu crescer todos os filhos para
depois ganharem o mundo. Filha de pais operários da fábrica, também trabalhou
lá e uma de suas filhas trabalha até hoje, o que garante que a casa continue a
ser habitada pela família. “Só pode ser morador quem tem familiares na
fábrica”, explica.
Ela lembra com muito respeito e saudosismo das festas,
eventos e prédios construídos no povoado e diz que ali viverá sempre. “Nunca
sairia daqui. Tenho filhos em São Paulo, em Aracaju, mas aqui é que viverei até
o final”.
Quase que vizinha a ela mora a telefonista da fábrica,
Edinéia da Silva, que para completar a rende, vende produtos de cosmético como
consultora. Por conta disso, a casa vive sempre cheia de vizinhos em busca dos
famosos produtos de beleza.
Dia de festa - Em dia de jogo, a Passagem recebe moradores
de toda a região graças ao título que o pequeno estádio ostenta em ser o melhor
de todo o Baixo São Francisco. As arquibancadas ficam pequenas e o vilarejo em
festa, bem como em dias de Desfile Cívico, aniversário da fábrica e festas
santas em homenagem ao padroeiro ...
Conta o estudioso do Baixo São Francisco, Luiz (Lulinha) que
todas as imagens sacras da igreja são
portuguesas trazidas pelo engenheiro da família Peixoto que arquitetou a vila.
De grande beleza e com respeito que merece a construção secular, a igreja é também
o centro social onde acontecem, com orgulho dos moradores, os casamentos e
batizados em dia de festa. Com festa ou sem festa, a tranquilidade da Vila
Operária da Passagem, com suas casinhas brancas e janelas azuis, são um forte
apelo para que o turismo aporte o quanto antes por ali. Vale a pena conhecê-la.
Dicas de viagem
> Caso queira se hospedar-se na região, a dica é o Privê Rio
Belo localizado a 7km depois de Neópolis, no sentido Betume. Há uma placa
indicado a esquerda o estabelecimento. As diárias com café da manhã para duas
pessoas variam de R$ 200 a R$ 400, a depender se é chalé completo acoplado para
duas pessoas ou para cinco pessoas. As reservas podem ser feitas diretamente no
site do estabelecimento http://priveriobelo.com.br/
ou através dos telefones (+55 79) 99902 0005 / 99972 3925 / (82) 98176-9004
priveriobelo@gmail.com.
> É permitido ao hóspede levar sua própria bebida e comida, a
ser consumida nas instalações dos chalés.
> Há passeios no catamarã Olímpio Tour até a prainha Rio Belo
e panorâmica pelas cidades ribeirinhas partindo do Privê com, no mínimo, 20
tripulantes e custa R$ 50. Há também a opção de só realizar o passeio até a
praia ao custo de R$ 30. A consumação é a parte e dispõe de um cardápio com um
bom custo/ benefício, a exemplo de refrigerantes e cervejas no valor de R$ 4 e
pratos que variam de R$ 5 a R$ 20.
> Também é oferecido uma lancha para, no máximo, dez pessoas,
alugada por R$ 1200 e que vai até a foz do São Francisco. É permitido o turista
levar sua própria bebida.
> O passeio pode ser consultado através dos telefones 79 99823
-9662. Grupos terão valores e negociações especiais.
> Não deixe de conhecer também alguns atrativos da sede
municipal, em Neópolis, como as Igrejas de Nossa Senhora do Rosário e de Santo
Antônio, localizadas na praça central, a casa onde Maurício de Nassau morou por
três meses e o mirante de Padre Cícero, onde se tem uma vista privilegiada da
região do rio São Francisco com panorâmica da Vila Operária.
> Há também passeios terrestres para as praias fluviais de
Piaçabuçu (AL), Foz do São Francisco por Brejo Grande (SE), city tour por
Neópolis e Santana do São Francisco (SE). Consultar a recepção do Privê.
Gastroterapia
Surubim em posta do Privê Rio Belo
Ensopado de carneiro
Catadinho de charque
Guisado de carneiro ou escondidinho de charque? Um café da
manhã para dar sustança e se energizar para conhecer o dia a dia dos
ribeirinhos no Baixo São Francisco. Mas se preferir, gentilmente a equipe do
Privê disponibiliza tapioquinhas de queijo coalho, cuscuz de milho feito na hora,
bolos, pães e sucos. Na hora do almoço, não titubeie em solicitar o cardápio e
escolha os frutos do São Francisco como ingredientes. Afinal, estar ao seu
leito e não degustá-los em todos os seus sentidos é como ir à Bahia e não
desfrutar das comidinhas baianas. A dica é o robalo ao camarão ou o surubim ao
camarão, um dos carros-chefes da cozinha Riobelense, mas também há o salmão com
ervas, entre outros pratos que podem ser individuais ou para até três pessoas.
O ensopado do robalo com camarão acompanha a farofinha
d’água são-franciscana, com molho vinagrete, arroz e, se preferir, solicite
outros acompanhamentos. Com gosto apurado dos temperos verdes e do coco, o
ensopado pode ser pedido sem pestanejar. Há também uma carta de sobremesas que
não deve ser desprezada como o pudim de coco com frutas da terra e a mousse de
maracujá com geleia.
*Viagem realizada a convite do Privê Rio Belo e Catamarã
Olímpio Tour
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* Silvio Oliveira - Jornalista, especialista em Gestão da Comunicação e
responsável pela fan page Tô no Mundo. Escreve sobre Turismo para o Portal
Infonet desde 2009. Atuou em jornais, a exemplo do Correio de Sergipe e
cadernos especiais do Cinform, além do Portal F5 News. Passou por Assessorias
de Comunicação e Agências de Notícias do Governo de Sergipe, Fundação de Apoio
à Pesquisa e Extensão de Sergipe/ Projeto Mar de Sergipe e Alagoas e Prefeitura
de Aracaju.
Texto e imagens reproduzidos do site: infonet.com.br/blogs/silviooliveira
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