quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Sergipe: Geografia, História, Economia, Sociedade e Cultura



Sergipe: Geografia, História, Economia, Sociedade e Cultura de Sergipe

Bandeira de SergipeMenor estado do Brasil, Sergipe é também um dos maiores produtores e exportadores de petróleo e de laranja do país. O litoral do estado, com paisagens naturais intocadas, e as cidades históricas tombadas pelo patrimônio são importante polo de atração turística da região Nordeste.

O estado de Sergipe (em tupi, "rio dos siris") ocupa uma superfície de 22.050 km2. Limita-se a leste com o oceano Atlântico, ao norte com Alagoas e a oeste e ao sul com a Bahia. A costa sergipana se estende por 163km, da foz do rio São Francisco até à do rio Real. Sua capital é Aracaju.

Geografia física de Sergipe

Relevo. Sergipe tem relevo baixo e regular: cerca de 86% do território está abaixo de 300m de altitude. Três unidades compõem o quadro morfológico: os tabuleiros sedimentares, o pediplano e a planície aluvial do São Francisco. Os tabuleiros sedimentares são um conjunto de baixas elevações, com forma de mesa, separadas por vales de fundo chato, onde se desenvolvem amplas várzeas. Ao contrário dos demais estados nordestinos situados ao norte, a faixa dos tabuleiros, em Sergipe, estende-se até o centro do estado. O pediplano domina toda a porção ocidental do estado, com uma topografia regular ou ligeiramente ondulada, em meio à qual despontam picos isolados (inselbergs). A planície aluvial do São Francisco estende-se ao longo da divisa com Alagoas e termina, no litoral, em grande formação deltaica.

Mapa de SergipeClima. Registram-se em Sergipe dois tipos climáticos: o clima quente e úmido com chuvas de outono-inverno (As') e o clima semi-árido quente (BSh). O primeiro domina a parte oriental do estado, com temperatura média anual de 20°C e pluviosidade superior a 1.400mm anuais. O clima BSh caracteriza todo o interior de Sergipe, com temperaturas igualmente elevadas e pluviosidade bastante reduzida (800mm anuais).

Vegetação. A cobertura vegetal, hoje grandemente modificada pela ação do homem, compreende a floresta tropical, o agreste e a caatinga. A floresta tropical revestia a fachada oriental, à qual emprestou o nome de zona da mata. O agreste, vegetação florestal de transição para um clima mais seco, recobre o centro do estado. A caatinga desenvolve-se na porção ocidental.

Hidrografia. Os rios do território sergipano pertencem a duas bacias hidrográficas: a do São Francisco e a do Nordeste. Só a primeira apresenta bom potencial hidráulico. A segunda é formada por rios de baixada, dos quais os quatro principais são o rio Real, o Piauí, o Vaza-Barris, que banha a capital, e o Sergipe. Todos desembocam no oceano Atlântico em amplos estuários e permitem a navegação a embarcações de pequeno calado.

População de Sergipe

Os habitantes do estado se concentram na zona da mata e no agreste. Mais de metade da população vive em centros urbanos. Além da capital, as maiores cidades são Lagarto, Itabaiana, Estância, São Cristóvão, Tobias Barreto, Simão Dias e Propriá. O território estadual está no limite das zonas de influência das cidades de Salvador e Recife. Aracaju, além de capital político-administrativa, é o centro econômico do estado. Sua ação se faz sentir em toda a área estadual.

Economia de Sergipe

Agricultura e pecuária. Os principais produtos agrícolas do estado são a laranja, cultura de exportação própria do agreste; a cana-de-açúcar, cultivada tradicionalmente na zona da mata; a mandioca, que, cultivada sobretudo no agreste, embora apareça dispersa em outras regiões, se destina ao consumo local das populações rurais; e o coco-da-baía, de que Sergipe é um dos maiores produtores nacionais. São importantes ainda as culturas de feijão e milho e, em menor escala, as de arroz, algodão arbóreo (principal produto do sertão) e fumo.

Para enfrentar o problema da seca, o governo investiu no desenvolvimento das pequenas propriedades rurais, que têm papel fundamental na produção de alimentos, e implantou sistemas conjugados de adutoras, barragens, açudes, poços, cacimbas e cisternas, além de difundir culturas, lavouras e animais resistentes à seca. O rebanho estadual tem aumentado bastante. Contribui para esse desenvolvimento a existência de um moderno frigorífico na capital. A pecuária tem-se ampliado tanto no agreste como nos vales do litoral e nas áreas sertanejas.

Indústria e mineração. A atividade industrial concentra-se em Aracaju (produtos alimentícios, têxteis e beneficiamento de produtos agrícolas). Além da capital, a indústria se faz presente ainda em Estância e São Cristóvão, centros têxteis. Uma fábrica de cimento em Aracaju supre o consumo estadual. Entre as indústrias do setor alimentar, destaca-se a produção de leite de coco e raspas de coco em conserva.

O desenvolvimento de Sergipe foi estimulado pela implantação, a partir da década de 1960, do Distrito Industrial de Aracaju, numa área ligada às principais rodovias. O estado está entre os maiores produtores de petróleo do país. A exploração se faz tanto no continente (campos de Carmópolis, Siririzinho, Riachuelo e outros) como na plataforma continental. Desde 1985, opera no estado a primeira mina de potássio do país. Sergipe conta também com grandes reservas de magnésio, sal-gema e enxofre.

O Polo Cloroquímico do estado integra as diversas unidades industriais de processamento de matérias-primas minerais, como as reservas de petróleo, gás, potássio, granito, halita, silvinita, carnalita, calcário e enxofre.

Energia e transportes. A energia elétrica é fornecida por termelétricas e hidrelétricas e pela usina de Paulo Afonso, situada no estado da Bahia. Com a inauguração da hidrelétrica de Xingó, na divisa com Alagoas, Sergipe passou a ter maior disponibilidade de energia.

A principal rodovia pavimentada de Sergipe é a BR-101, que corta o território do estado de norte a sul. A estrada de ferro segue traçado aproximado. Ambas cruzam o rio São Francisco pela ponte rodoferroviária que liga Propriá a Porto Real do Colégio, em Alagoas. Em 1986, foi inaugurada a rodovia Juscelino Kubitschek, que atravessa toda a zona semi-árida do estado, ligando Monte Alegre a Canindé do São Francisco. Oito anos depois foi aberta a estrada das Dunas, ou estrada do Coco, rodovia que corta o litoral sul de Sergipe e percorre um verdadeiro paraíso de dunas, coqueirais, lagoas, rios, manguezais e mar.

O porto de Sergipe, um terminal off-shore de propriedade do estado, faz articulação com o Polo Cloroquímico, a zona de processamento de exportações e os grandes projetos de irrigação, e opera com cargas gerais, além de ser uma peça-chave para expandir o turismo sergipano.

História de Sergipe

Sergipe teve sua colonização iniciada em 1590, quando Cristóvão de Barros, após vencer os índios da região, fundou a cidade de São Cristóvão e concedeu sesmarias a inúmeros de seus companheiros de luta. Inicialmente parte integrante da capitania de Francisco Pereira Coutinho e mais tarde adquirido por D. João III ao herdeiro do donatário, o território sergipano já tinha sido visitado pelos jesuítas, em 1575, época em que o padre Gaspar Lourenço tentou, sem resultado, a catequese dos silvícolas. Pouco depois, o governador-geral D. Luís de Brito e Almeida procurou dominar os índios pelas armas, mas não alcança o sucesso desejado, embora tivesse batido os caciques Seriji, Surubi e Aperipê.

Motivos importantes determinavam o interesse do governo geral pela conquista e povoamento de Sergipe, solução que facilitou as comunicações por terra entre Salvador e Olinda, e afastou os franceses traficantes de pau-brasil, cuja frequência aos rios Real, Vaza-Barris e Sergipe, onde mantinham bons contatos com os habitantes, representava séria ameaça ao domínio português. Filhos de franceses e tupinambás, alvos e sardos, são lembrados nas primeiras referências sobre o trecho litorâneo que se alarga entre o rio Real e o São Francisco.

Criação de gado. A concessão de sesmarias, iniciada por Cristóvão de Barros e continuada pelos capitães-mores da capitania de Sergipe d'El-Rei -- assim denominada para distinguir de Sergipe do Conde, do Recôncavo Baiano -- fez-se do sul para o norte, estendendo-se pelos vales dos rios Real, Piauí, Vaza-Barris, Cotinguiba, Sergipe, Japaratuba e São Francisco, com predominância, na primeira fase da colonização, da pequena propriedade, destinada às roças de mantimento e à criação de gado.

O gado vacum dominou o território sergipano em pouco tempo. Dos muitos currais ali existentes saíam os bois que seriam abatidos nos currais da Bahia. Chamava-se "estrada da boiada" a que ligava Sergipe à capital da colônia; o baixo São Francisco era conhecido como "rio dos currais". Os ricos de Salvador obtinham terras na nova capitania e para lá mandavam suas cabeças de gado. Até antes da invasão holandesa, Sergipe vivia da pecuária.

Um dos maiores criadores da região, Belchior Dias Moreia, descendente de Caramuru, chamou a atenção das autoridades para as minas de prata que dizia haver encontrado na serra de Itabaiana, nos sertões sergipanos. Deslocaram-se para São Cristóvão, no início do segundo século do povoamento do Brasil, os principais responsáveis pelo governo colonial, que terminaram por verificar o equívoco do mameluco sonhador, a quem prenderam.

Domínio holandês. Em 1637, os holandeses de Maurício de Nassau atravessaram o São Francisco em perseguição às forças de João Vicente São Félix conde de Bagnuolo. A cidade de São Cristóvão foi ocupada e incendiada. Milhares de cabeças de gado foram arrebanhadas pelos invasores e conduzidas para a outra margem do rio. Embora, posteriormente, o governo holandês tivesse planejado a ocupação efetiva do território sergipano, não conseguiu, nesse sentido, nada de importante. Econômica e socialmente, a fase flamenga foi de completa desorganização, em prejuízo do que se havia realizado em cerca de meio século.

Pouco a pouco, quando se operou a reconquista lusitana, o território quase devastado voltou a povoar-se. Nessa época de grande inquietação, com diversos atritos entre os habitantes, eram constantes as reclamações contra a prepotência dos poderosos, além das queixas pelos atentados aos representantes da metrópole. Reinava a indisciplina. Como consequência, a capital, no final do século XVII, passou a fazer parte da comarca da Bahia, fato que estaria destinado a repercutir seriamente na formação sergipana, originando as questões de limites entre Sergipe e Bahia, que tantos debates provocaram até o início da república.

Fumo e açúcar. No campo da economia, o período apresenta um ângulo novo na produção local: o surgimento da cultura fumageira. O fumo se tornaria o principal produto de exportação, levado para a Bahia e daí para a África, de onde, em troca, chegariam os negros escravos, esteios da atividade açucareira que se desenvolveu pouco depois.

Embora já no início da colonização, aqui e ali, houvesse plantio de cana e montagem de um ou outro engenho, somente no século XVIII Sergipe tornou-se centro produtor de açúcar, com engenhos nas margens dos rios Piauí e Vaza-Barris, e, principalmente, nos vales do Sergipe e do Cotiguinba, área geoeconômica denominada Cotiguinba. Nas últimas décadas do século, aproximadamente um terço do açúcar exportado pela Bahia era de procedência sergipana.

A prosperidade econômica então verificada serviu para melhorar o clima de tranquilidade pública. No quadro econômico, social e político, surgiu e ganhou projeção a figura do senhor de engenho, que tanta importância exerceu nos séculos seguintes. Muitos foram os senhores da época, cujos nomes de família, na faixa da aristocracia rural, chegaram aos nossos dias.

No plano religioso, a expulsão dos jesuítas, em 1759, foi o acontecimento de maior significado para a região. Os inacianos possuíam as residências de Tejupeba e Jaboatão e tinham a seu cargo a aldeia indígena do Geru, onde edificaram uma das mais belas igrejas missionárias do interior do Brasil. O papel desempenhado pelos jesuítas passou às mãos dos sacerdotes seculares, quase sempre saídos das casas-grandes, e aos franciscanos e carmelitas, com bons conventos em São Cristóvão.

Emancipação política de Sergipe

No começo do século XIX, com uma população acima de 55.000 habitantes e exportando açúcar, fumo, cereais e couro, Sergipe estava no caminho da completa independência política, que iria consubstanciar-se em 8 de julho de 1820, por carta régia de D. João VI. Inúmeras dificuldades, porém, encontrou o brigadeiro Carlos César Burlamaqui, primeiro governador nomeado, para fazer cumprir a decisão real. Formara-se um partido contrário à emancipação, suficientemente forte para levar à prisão o governador, que foi obrigado a deixar São Cristóvão, onde dominavam os partidários da situação anterior.

Acontecimento de suma importância modificou, em 1822, o quadro político de Sergipe. O general Pedro Labatut, a quem o príncipe regente encarregara de expulsar da Bahia as forças lusitanas, sem condições de desembarcar, velejou para Alagoas, rumando depois para Sergipe, onde não somente obrigou as câmaras municipais a reconhecerem a autoridade de D. Pedro, como fez que se observasse o ato da independência da capitania. Instalou-se um governo provisório, que tinha à frente o governador das armas Guilherme José Nabuco de Araújo.

No primeiro reinado e, sobretudo, durante a regência, a província viveu as mesmas inquietações que perturbavam outros pontos do país. Os anseios liberais e o sentimento nativista manifestaram-se em diferentes oportunidades. O episódio de maior repercussão foi a revolução de Santo Amaro, assim denominada por haver eclodido na vila do mesmo nome. Chefiados pelo comendador Antônio José da Silva Travassos, os "camundongos", alegando fraudes e violências praticadas pelos "rapinas", que eram dirigidos pelo comendador Sebastião Gaspar de Almeida Brito, pegaram em armas contra o situacionismo, que conseguiu dominar o levante.

Aracaju

Mudança da capital. A mudança da capital da província, em 1855, na presidência do bacharel Inácio Joaquim Barbosa, exerceu marcante influência na história de Sergipe. Transferindo de São Cristóvão para Aracaju o centro político-administrativo provincial, o presidente procurava pôr em prática uma velha ideia, que visava a dar à capital sergipana uma posição chave no quadro geoeconômico da província, situando-a num porto de melhores possibilidades do que aquele que servia a São Cristóvão. A nova capital, uma das primeiras cidades do Brasil devidamente planejadas, muito contribuiu para o desenvolvimento de Sergipe a partir da segunda metade do século XIX, embora a medida tivesse sido fortemente criticada pelos habitantes da antiga capital.

No mesmo ano da transferência, Sergipe sofreu os efeitos de uma epidemia de cólera, que assolou a província, com elevado número de vítimas, sobretudo entre os escravos. Decorridos alguns anos, uma segunda epidemia, de consequências menos graves, voltou a atingir a população sergipana, causando graves prejuízos ao desenvolvimento da província. Predominava, então, a economia açucareira.

Na década de 1860, como reflexo da guerra de secessão nos Estados Unidos, a cultura algodoeira passou a ter considerável importância na economia da província, embora de modo efêmero. Em 1867-1868, por exemplo, o algodão superou o açúcar nos dados oficiais de exportação, mas o antigo produto não tardou a novamente exercer predominância. Plantado inicialmente nas matas de Itabaiana, o algodão manteve-se durante muitos anos como o segundo produto de Sergipe. Ao lado dos velhos engenhos e de novas usinas, apareceram as fábricas de tecidos espalhadas pelas cidades de Aracaju, Estância, São Cristóvão, Vila Nova (Neópolis), Propriá, Maruim e Riachuelo.

Primeira república. Proclamada a república, a exemplo do que ocorreu em várias unidades do país, os militares passaram a exercer postos executivos e legislativos, o que modificou o quadro da era monárquica, quando as lideranças provinham da área rural, onde senhores de engenho dominavam. Abriu-se, assim, uma perspectiva para a classe média.

Até 1906, ano da morte de monsenhor Olímpio de Sousa Campos, coube a este a liderança política do estado, como representante, segundo a linguagem da época, das forças da oligarquia local. Depois de ter sido presidente de Sergipe de 1899 a 1902, monsenhor Olímpio conseguiu eleger os presidentes dos triênios seguintes: Josino Meneses e Guilherme de Sousa Campos. No período deste último, um movimento chefiado pelo deputado federal Fausto Cardoso derrubou o presidente, logo deposto pela força federal, no cumprimento de ordem emanada do presidente Rodrigues Alves.

No momento da reposição, foi morto o deputado, que havia empolgado grande parte do povo sergipano. A revolta de 1906 dividiu a opinião pública em dois grupos irreconciliáveis (faustistas e olimpistas): os filhos do deputado falecido assassinaram, no Rio de Janeiro, monsenhor Olímpio Campos, acusado no caso do assassinato do chefe do movimento.

Em 1924 e 1926, dois pronunciamentos militares ameaçaram o poder constituído do estado, quando alguns oficiais, solidários com a revolução tenentista, se rebelaram sob a liderança do tenente Augusto Maynard Gomes. Em 13 de julho de 1924, os rebeldes depuseram o presidente Maurício Graco Cardoso, poucos dias depois reposto; numa segunda tentativa de rebelião desses soldados, a própria tropa policial os dominou. O tenente Maynard, faustista histórico, desfrutou de grande popularidade e veio a ser, após a vitória da revolução de 1930, interventor federal em Sergipe, como representante do novo sistema político, pelo qual se batera durante muito tempo. O quatriênio de Maurício Graco Cardoso (1922-1926), embora sofrendo as consequências das revoltas mencionadas, caracterizou-se pelas grandes realizações administrativas, com inclusão de uma série de obras públicas, tanto na capital quanto no interior.

Durante a República Velha, firmou-se o prestígio intelectual dos sergipanos no cenário nacional, o que começara a se fazer sentir nos últimos anos da monarquia, com a Escola do Recife, onde pontificaram Tobias Barreto e Sílvio Romero. A circunstância repercutiu na vida política do estado. A representação de Sergipe no plano federal passou a ser disputada por intelectuais de projeção, residentes no Rio de Janeiro, em sua maioria sem raízes partidárias locais, mas apadrinhados por poderosos chefes nacionais, que não raro impunham os nomes de seus afilhados na organização das chapas para a Câmara e para o Senado. Poucas vezes foram recrutados nos meios políticos provincianos os dirigentes do executivo. O senhor de engenho Manuel Correia Dantas, à frente do governo em 1930, foi uma das poucas exceções.

Revolução de 1930. Durante algum tempo após a revolução de 1930, o presidente do estado, eleito pelo voto direto, foi substituído por interventores federais, de livre escolha do chefe do governo provisório da república. Augusto Maynard Gomes permaneceu na interventoria até 1935, ano em que, com a volta do país à normalidade democrática, o estado convocou uma assembleia constituinte e escolheu seu governador.

Poderosa coligação política, formada pelos grupos chefiados por Augusto Leite e Leandro Maynard Maciel, elegeu, em disputado pleito, o médico militar Eronides Ferreira de Carvalho, derrotando o líder do tenentismo sergipano. Dois anos após, com a implantação do Estado Novo, voltou o regime das interventorias. Pessoas da confiança do governo central exerceram a função interventorial até 1945.

A volta do Brasil à democracia foi marcada em Sergipe pelas várias campanhas governamentais que tornaram acirrados os pleitos de 1947 a 1963. A corrente chefiada por Leandro Maynard Maciel, que havia combatido o Estado Novo, vencida nas eleições de 1947 e 1951, alcançou o poder em 1955 e nele se conservou até 1963, quando um antigo leandrista, João de Seixas Dória, derrotou o grupo situacionista. O movimento militar de 1964 apeou do poder o governador vitorioso do ano anterior e ordenou sua substituição pelo vice-governador, Celso Carvalho.

Na época, Sergipe passou a empregar todos os seus esforços na tentativa de superar o subdesenvolvimento que emperrava o estado. O grande objetivo era modificar a velha estrutura agroindustrial da cana-de-açúcar, de forma a alicerçar a economia estadual na exploração do subsolo. Em 1963, jorrou petróleo nos campos de Carmópolis, ao que se seguiram a descoberta e a exploração do óleo na plataforma marítima.

Período contemporâneo. Em 1975, por decreto-lei, um terço do território de Sergipe passou a ser considerado de utilidade pública, para efeito de desapropriação pela Petrobrás. A controvertida medida visou a coibir a especulação imobiliária, que prejudicava o trabalho da empresa na prospecção de petróleo. A faixa considerada de utilidade pública se estende da foz do rio São Francisco até o rio Real, na divisa com a Bahia.

A partir de meados da década de 1980, importantes medidas foram tomadas para desenvolver a economia sergipana. Para tornar o estado auto-suficiente na produção de alimentos, defendendo a agricultura das secas frequentes e prolongadas, o governo desenvolveu vários projetos de irrigação, como o de Canindé do São Francisco, denominado projeto Califórnia e inaugurado em 1987. Outro projeto dessa natureza foi o platô de Neópolis, iniciado em 1993 numa área na margem direita do rio São Francisco, destinada ao plantio de abacaxi, acerola e manga.

Outros fatores deram importante impulso à economia do estado no início da década de 1990: foram eles a mudança na legislação tributária estadual, para atrair investidores nacionais e estrangeiros, e a inauguração da hidrelétrica de Xingó, do Polo Cloroquímico do Nordeste e do porto de Sergipe.

Cultura de Sergipe

Entidades culturais. As principais instituições culturais do estado de Sergipe são o Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, a Sociedade de Cultura Artística de Sergipe, a Academia Sergipana de Letras e a Associação Sergipana de Imprensa, todas na capital.

Os museus de maior importância são o do Instituto Histórico e Geográfico, o de Arte e Tradição e a Pinacoteca do estado, na capital, além do museu do convento de São Francisco, em São Cristóvão, um dos mais ricos museus de arte sacra do Brasil. Entre as bibliotecas, destacam-se a Biblioteca Pública do Estado de Sergipe, a da Universidade Federal de Sergipe, fundada em 1967, e a do Instituto Histórico e Geográfico, todas em Aracaju.

Monumentos. No território sergipano estão localizados diversos monumentos tombados pelo patrimônio histórico: a igreja matriz da Divina Pastora, em Divina Pastora; a antiga residência jesuítica, atual casa da Fazenda Iolanda, e capela anexa, em Itaporanga d'Ajuda; a casa do engenho Retiro e sua capela de Santo Antônio e a igreja de Nossa Senhora da Conceição, na Comendaroba, ambas fundadas pelos jesuítas; a igreja matriz de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Nossa Senhora do Socorro; a capela do Engenho da Pedra, em Riachuelo; e a igreja Nossa Senhora do Socorro, em Tomar do Geru.

Outros monumentos estão localizados nas cidades históricas de Laranjeiras -- a matriz do Sagrado Coração de Jesus (século XVIII) e a capela do Engenho Jesus, Maria, José; São Cristóvão -- os sobrados coloniais da praça Getúlio Vargas, a Santa Casa de Misericórdia e sua igreja (1627), a igreja de Nossa Senhora do Rosário (1749) e a igreja matriz de Nossa Senhora da Vitória (século XVII); e Santo Amaro das Brotas -- a igreja matriz de Santo Amaro e a capela de Nossa Senhora da Conceição no Engenho Caieira.

Folclore e turismo. As grandes festas religiosas de Sergipe são, na capital a procissão do Bom Jesus dos Navegantes (procissão fluvial que percorre o estuário do rio Sergipe, em 1º de janeiro); os festejos de Natal, de 25 de dezembro a 6 de janeiro, em que se destaca o tradicional carrossel do "Tobias", um boneco preto que toca um grande realejo; e a de Nossa Senhora da Conceição, em 8 de dezembro. No interior, as principais festas populares são a do Senhor do Bonfim, em Estância, que dura três dias; a de Nossa Senhora da Piedade, em Lagarto, em 8 de setembro; e a dos Passos, em São Cristóvão, na Quaresma. A culinária típica sergipana tem como prato principal a buchada, feita de sangue e miúdos de carneiro.

Aracaju conta com numerosas e belas praias, como Atalaia Velha, Atalaia Nova, Aruana, Mosqueiro, do Robalo, entre outras; um horto florestal e um estádio com capacidade para cerca de cinquenta mil espectadores, conhecido como "Batistão" (estádio Lourival Batista). As cidades históricas, por seu acervo arquitetônico, são uma das principais atrações turísticas do estado.

Aracaju

Aracaju é um município brasileiro e capital do estado de Sergipe. Localiza-se no litoral, sendo cortada por rios como o Sergipe e o Poxim. De acordo com a contagem populacional realizada pelo IBGE em 2007, a cidade conta com 550.300 habitantes. Somando-se as populações dos municípios que formam a Grande Aracaju, Nossa Senhora do Socorro, Barra dos Coqueiros, Laranjeiras e São Cristóvão, o número passa para 760 mil habitantes...

Texto e imagens reproduzidos do site: geografiatotal.com.br

Mercados municipais são polos da cultura sergipana

Foto: André Moreira/Reproduzida do site: aracaju.se.gov.br
Postada pelo blog MTéSERGIPE, para ilustrar o presente artigo.

Mercados municipais são polos da cultura sergipana

Uma das regiões mais lembradas quando se pensa na cidade de Aracaju é a dos mercados municipais. Os antigos mercados Antônio Franco e Thales Ferraz foram recentemente revitalizados seguindo os projetos arquitetônicos originais...

O Thales Ferraz e o Antônio Franco ficam ao lado da praça Hilton Lopes, onde são realizados grandes eventos na cidade de Aracaju - a exemplo do Forró Caju. A região se tornou um importante centro abastecimento comercial muito prestigiado pela população devido à diversidade de produtos que oferece. Grãos, hortaliças, frutas, peixes e frutos do mar em abundância enchem os olhos de quem visita o local.

A região, onde podem ser encontradas sandálias de couro, brinquedos, redes, vasos e esculturas de cerâmica, flores, animais, banhos de descarrego, violeiros, quituteiras, feirantes, e cordelistas convivendo em harmonia, é o local de trabalho de centenas de sergipanos, que fazem a história dos mercados de Aracaju em muitas cores e sons.

Tradição

O costume de tratar de doenças com ‘banhos' e ervas medicinais, por exemplo, ainda é constatado através da grande presença de bancas que vendem os produtos no mercado. Exemplo disso é a banca de Maria José Silva, onde podem ser encontradas ervas ‘in natura' e chás que prometem curar a mais variada lista de enfermidades. Segundo ‘Dona Josefa' (como a comerciante é mais conhecida), apesar dos avanços da medicina tradicional, o tratamento alternativo ainda é bastante procurado pela população de todas as classes sociais.

"Eu trabalho há 50 anos aqui no mercado, sempre vendendo minhas ervas. Por aqui vejo passar todo o tipo de gente e acontecer todo o tipo de coisa. Em todo esse tempo, as pessoas nunca deixaram de procurar os chás para resolverem problemas de saúde, por confiarem nas minhas indicações", afirma. Dona Josefa

A vendedora de flores Josefa Cifrônia conta com orgulho que sempre tirou o sustento das vendas no mercado. Hoje trabalhando na Passarela das Flores - entre o Thales Ferraz e Albano Franco -, Josefa se diz satisfeita com a clientela conquistada. "Vinha para o mercado quando ainda era pequena para acompanhar meu pai, que também era florista, e hoje continuo com o ofício da família, com muito prazer", declara.

Josefa conta ainda que sua clientela é, na maioria, composta pelo público feminino. "A maioria das pessoas pensam que quem mais compra flores são os homens, mas não é. As mulheres gostam mais de comprar, tanto para presentear quanto para enfeitar a casa. Sou muito realizada trabalhando com flores e com a minha clientela, que é fiel", aponta.

A história do cangaceiro Lampião e a do rei do baião, Luiz Gonzaga, são as mais procuradas dentre os livretos de cordel vendidos na banca de João Firmino Santana Cabral. De acordo com o filho do cordelista, Joel Santana Cabral, apesar do sucesso dos versos populares que contam histórias se utilizando de vocabulário típico da região nenhum dos filhos de ‘Seu José Firmino' seguirá o caminho do pai. "Meu pai escreve cordel há 51 anos e eu o ajudo na banca aqui do mercado Thales Ferraz há 16. Gosto muito de ler as histórias, mas infelizmente não tenho o dom de escrever. Quem sabe algum neto dele se interesse", opina.

Doce de pimenta

A arte de produzir alimentos à base de pimenta levou a aracajuana Ângela Maria Santos, trabalhadora do mercado Albano Franco, a um programa de culinária da TV Globo. O doce de pimenta, a geléia de pimenta e até o tradicional molho à base de pimenta, apresentados pela sergipana, levaram o nome do Mercado Municipal Albano Franco ao conhecimento do Brasil inteiro.
  
"A experiência de ter saído de Aracaju para mostrar um pouco da nossa cultura foi maravilhosa. Mas, apesar de ter achado o Rio de Janeiro uma cidade linda, não troco minha cidade por nada. O privilégio de trabalhar aqui, às margens do rio Sergipe, e de fazer tantos amigos aqui no Mercado, fazem a gente superar todas as dificuldades do dia a dia", comemora.

Texto reproduzidos do site: vermelho.org.br 

Câmara Municipal de Vereadores de Aracaju (CMA)

Foto: Vieira Neto
Reproduzida do site: cinform.com.br

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Procissão de Nosso S. dos Passos, município de São Cristóvão




Tradicional Procissão de Nosso Senhor dos Passos, 
dia 25 de fevereiro de 2018, no município de São Cristóvão
Fotos: Marcelle Cristinne/ASN
Reproduzidas do site: agencia.se.gov.br

domingo, 25 de fevereiro de 2018

Igreja N. S. da Boa Viagem, na Praia do Saco, em Estância









Igreja Nossa Senhora da Boa Viagem, na Praia do Saco, município de Estância, 
Patrimônio Histórico do Município, sob ameaça de desabar com o avanço da maré.
Fotos reproduzidas do Google.

Aracaju ganha destaque nacional com tratamento alternativo...




Dona Eulina Maria da Silva, mais conhecida como “Ió, encontrou nas
 ervas medicinais o alicerce para o tratamento de doenças
Fotos: Sergio Silva

Publicado originalmente no site da Agência Aracaju de Notícias, em 24/02/18 

Aracaju ganha destaque nacional com tratamento alternativo ofertado em unidades de saúde

Depois de uma cirurgia de hérnia de disco, em 1996, dona Eulina Maria da Silva, mais conhecida como "Ió", foi diagnosticada com hepatite medicamentosa e pedra na vesícula. Sem querer passar por outro procedimento cirúrgico, dona Ió procurou a cura através das plantas medicinais e, interessada em saber mais, encontrou na Unidade de Saúde da Família (USF) Manoel de Souza Pereira, no conjunto Sol Nascente, em Aracaju, um dos alicerces para cuidar de algumas enfermidades. Hoje, além de se tratar, ela cuida de amigos e desconhecidos que a procuram pela fama de "curandeira".

"Trabalhei como auxiliar de enfermagem durante muito tempo e talvez isso tenha contribuído para que eu me interessasse em saber mais sobre o poder de cura das plantas, até porque eu mesma sou prova viva de que elas funcionam. Na época em que fiz a cirurgia e apareceram os outros problemas, me tratei durante três meses com chás de algumas plantas e ervas e fiquei boa", garantiu ela.

Na USF, ela conheceu Irene Alves de Deus, uma enfermeira que já trabalha na rede municipal de saúde há cerca de 30 anos. Curiosa e interessada na área de fitoterapia, Irene foi uma das responsáveis pela implantação do uso das ervas medicinais na unidade de saúde que, inclusive, ministra cursos na área, cursos esses que dona "Ió" fez questão de participar para aprimorar o seu conhecimento.

Foi também em 1996 - ano em que dona Ió embarcou no mundo das ervas medicinais - que Irene realizou a primeira oficina na Unidade de Saúde do Sol Nascente. Segundo ela, no começo, outras profissionais da equipe tinham certo preconceito com o uso das plantas medicinais, mas, aos poucos, foram se interessando. Atualmente, médicos, enfermeiros, auxiliares, técnicos e agentes comunitários já estão engajados no projeto que a enfermeira afirma ter bons resultados.

O trabalho que começou com a dedicação de Irene, inclusive, ganhou destaque nacional. Em uma reportagem exibida na última sexta-feira, 23, no programa de estreia da nova temporada do "Globo Repórter", os diversos tratamentos alternativos ofertados na Unidade de Saúde da Família (USF) Manoel de Souza Pereira com flores, ervas e plantas medicinais, foram evidenciados.

Projeto piloto

A Manoel Souza Pereira, construída na primeira gestão do prefeito Edvaldo Nogueira, foi a USF que abrigou o projeto piloto, em Aracaju, para desenvolver o tratamento através da fitoterapia, que nada mais é do que o uso de plantas medicinais na cura de doenças. A realização do projeto se deu com a aprovação, por meio do Ministério da Saúde, da Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos no Sistema Único de Saúde.

"Iniciamos com um levantamento epidemiológico e da nossa biodiversidade. Em seguida, procuramos capacitar a equipe e construímos o herbanário. A partir disso, procuramos mobilizar os usuários que abraçaram o método de tratamento e alguns, inclusive, começaram  a aprender como utilizar as plantas em casa", contou Irene.

Dona Ió, por exemplo, cultiva, na varanda de casa, algumas ervas e flores, como a tipí, chamada também de guiné, e boa noite. Com o que aprendeu na unidade de saúde e através de livros como "As Plantas Curam", Ió começou a cuidar de outras pessoas e já perdeu de vista a quantidade de gente que recorreu a ela, seja para curar um leve resfriado ou até mesmo para tratar dores mais intensas.

"Eu faço de tudo, lambedor, pomada, chás. Volta e meia alguém aparece na minha porta se queixando de alguma coisa e me pedindo ajuda. Todos que voltaram me disseram que ficaram curados com as plantas. Ajudar as pessoas me dá muita satisfação. Me deixa feliz", afirmou.

Tratamento

Irene é categórica ao frisar que o tratamento fitoterápico é um aliado dos tratamentos médicos tradicionais. "Quando o paciente chega à unidade, explicamos que fitoterapia é um tratamento complementar, ou seja, mesmo fazendo uso das plantas, o paciente não deve deixar de tomar os remédios receitados pelos médicos. Além disso, é preciso ter orientação para lidar com as ervas, então, nós damos essa orientação na unidade para que o paciente não faça uso de forma incorreta", explicou a enfermeira.

Através da fitoterapia aplicada na USF, podem ser tratados problemas de pele, infecções respiratórias, hipertensão, diabetes, desnutrição, anemia, stress, insônia, dores articulares e musculares. Para dar conta dessas demandas, o herbanário da Manoel de Souza conta com plantas como cana do brejo, sambacaitá, penicilina, mertiolate, cidreira, capim santo, aroeira, noni, mastruz e boa noite. Ao todo são cerca de 20 tipos de ervas e plantas medicinais.

Parceria

Para a implementação do projeto na unidade, a equipe contou com a parceria do curso de Farmácia da Universidade Federal de Sergipe (USF). "Não podemos usar química no manuseio das plantas e ervas sem a presença de um farmacêutico, então, unimos o projeto do curso de Farmácia com o nosso e hoje ampliamos a nossa oferta de tratamento fitoterápico", destacou Irena. 

Na área de Farmácia é a professora do curso na USF, Francislene Silva, quem coordena o grupo de alunos que, toda semana, marca presença na USF do Sol Nascente. "Nossa parceria é proveitosa para os dois lados e atende à portaria do Ministério da Saúde. Nós, do curso de Farmácia, auxiliamos na estruturação e tentamos melhorar o que já existe. Percebemos que a comunicação com os pacientes melhorou, porque antes havia muita descrença com o uso das plantas no tratamento de doenças. Apesar de ainda encontrarmos resistência em algumas pessoas, vemos, também, que muitas outras aderiram", enfatizou a professora.

De acordo com Francislene, essa parceria é proveitosa, ainda, para a oferta de medicamentos. "A Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename) lista 12 medicamentos fitoterápicos, mas, para ter acesso a eles, é preciso que as unidades de saúde se adéquem às exigências do Ministério da Saúde, por isso, essa parceria vem, inclusive, para auxiliar nesse ajustamento e, consequentemente, angariar medicamentos para os usuários", detalhou.

Outras unidades de saúde da capital aderiram à fitoterapia, por meio da parceria. Além da Manoel de Souza, a USF Augusto Franco, localizada no conjunto Augusto Franco, e USF Eunice Barbosa, no bairro Coqueiral passaram a ter herbanário.

Texto e imagens reproduzidos do site: aracaju.se.gov.br

terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Município de Aquidabã

Foto: Arquivo CINFORM/Gil Fonseca
Reproduzida do site: cinform.com.br

Centro Cultural: patrimônio que abriga tradição e cultura

O prédio foi erguido na segunda metade do século XIX
Foto: Edinah Mary

Publicado originalmente no site do Portal Infonet, em 19/02/2018  

Centro Cultural: patrimônio que abriga tradição e cultura

O prédio foi erguido na segunda metade do século XIX

Um prédio tombado, com muita história para contar e o aporte financeiro do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Foi assim que o lugar que já abrigou a antiga Alfândega e a Receita Federal se tornou o belo Centro Cultural de Aracaju. O projeto, inaugurado há quatro anos, é administrado pela Fundação Cultural Cidade de Aracaju (Funcaju) e oferece diversos espaços culturais que retratam marcos históricos da capital de forma moderna e viva.

O prédio foi erguido na segunda metade do século XIX com o objetivo de se tornar a Alfândega da cidade, sob a responsabilidade do engenheiro Leandro Maciel, na praça General Valadão, um dos lugares de mais destaque da capital à época. Durante muitos anos, foi o local de controle de importação, exportação de mercadorias e cobrança de impostos, que, anos depois, se transformou na atual Receita Federal.

Por muito tempo, foi deixado de lado, entrou em decadência e até mesmo as portas e janelas foram roubadas. Foi tombado em 2003, por meio do decreto estadual nº 21.765, e doado pelo Governo Federal para município de Aracaju dois anos depois, durante a gestão do governador Marcelo Déda como prefeito da capital. A partir disso, passaram a ser pensadas formas para salvaguardar o patrimônio e manter viva a história de gerações.

Foi no final da primeira administração do prefeito Edvaldo Nogueira que o espaço alcançou um avanço significativo: o financiamento do BID à disposição para reforma e restauração. A missão da professora Aglaé Fontes de Alencar, enquanto vice-presidente da Fundação Municipal de Cultura e Turismo (Funcaju) da gestão seguinte, foi elaborar um projeto para revitalização, tornando o espaço útil, que é uma das principais premissas para a liberação da verba do Banco.

"Não queríamos transformar em um museu para guardar antiguidades. Mas manter a ideia museológica, com uma visão moderna, para reviver a história e trazer as novas gerações para o local. Conseguimos provocar a revitalização através das mais diversas formas de linguagem, com cinema, teatro, biblioteca e sala de vídeo, que recebem visitantes diariamente", afirma a professora.

Para isso, foi realizado um levantamento histórico prévio sobre arquitetura original para respeitar a estrutura antiga, adequando à acessibilidade, mas mantendo a estética. Todo o material foi documentado e registrado para preservação histórica e a equipe de trabalho treinada para o funcionamento. Foram oferecidas aulas e explicações, com mediações culturais, capacitando-os para cuidar e receber os visitantes de forma apropriada em um local como esse.

Desde a sua inauguração, em outubro de 2014, após dois anos de muito planejamento, o local já recebeu diversas exposições, seminários e jornadas de cultura e educação. A professora Aglaé ressalta que o recurso, administrado pela Prefeitura de Aracaju, foi substancial para essas realizações e para a qualidade dos móveis, por exemplo. Hoje, o BID fiscaliza o que foi feito para que nada seja alterado. Existe um compromisso cultural e administrativo.

"Fico muito alegre do Centro ter se tornado um espaço muito respeitado e útil para a cidade. Tudo aqui está sendo cuidadosamente guardado. Queremos sempre o novo, mas o novo parece que não tem cara. Antes de nós, tiveram pessoas que fizeram coisas importantes e precisamos lembrar disso. Esse é um prédio carregado de história e ele, sozinho, já fala por si. Eu quis conquistar a nova geração e, para isso, é preciso oferecer algo que seja vital. E vida só pode existir se tiver ação. O Centro Cultural tem tudo isso", orgulha-se.

Hoje, o local é palco de importantes manifestações culturais realizadas pela Prefeitura de Aracaju, como os projetos Ocupe a Praça e o Quinta Instrumental, tornando o local um ponto de estímulo e incentivo democrático à cultura.

Fonte: PMA

Texto e imagem reproduzidos do site: infonet.com.br

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

REGISTRO: Capelenses ilustres homenageados (2016)

Foto reproduzida do Facebook/Sociedade Filarmônica de Sergipe e
postada pelo "Blog Minha Terra é SERGIPE", para ilustrar o presente artigo.

Texto publicado originalmente no site do Jornal da Cidade, em 04/05/2016

REGISTRO: Capelenses ilustres serão homenageados (2016)

Por: Clarêncio Martins Fontes

No próximo dia 07 de maio do ano em curso, por iniciativa da Sociedade Filarmônica de Sergipe (SOFISE), que tem como Diretora Presidente a dinâmica mestra e musicóloga Maria Olga de Andrade, será cumprido um programa de tributo relevante à memória do inesquecível maestro Leosírio Fontes Guimarães, pelo transcurso do seu centenário, tendo esse célebre maestro, competente e admirável regente, tendo nascido em 26 de fevereiro de 1916, mas só agora, numa iniciativa conjunta da Prefeitura Municipal de Capela, e da Academia Sergipana de Letras, foi possível oficializar o convite para as solenes realizações que, além do professor Leosírio, incluem-se nas festividades centenárias o professor Manuel Cabral Machado, nascido em 30 de outubro de 1916, e as saudosas Maria Lúcia de Melo e Maria Helena A. Barreto, respectivamente nascidas em 08 de março de 1915 e 28 de julho de 1916. E o convite para essa engalanada data, que marcará por certo a história sócio-cultural da “Princesa dos Tabuleiros”, especifica dois horários sumamente significativos para a participação de ilustres convidados, autoridades, e segmentos sociais diversos de todo Estado de Sergipe, além de populares e parentes dos saudosos e ilustres reverenciados. Às 16 horas Missa na Igreja Matriz de Capela, sendo que depois da celebração será entoado um Canto num coro de vozes de amigos e familiares dos homenageados, reservando-se os minutos finais para saudações.

Fora da Igreja dar-se-á a abertura do solene evento feita pela professora Maria Olga de Andrade, sua coordenadora; será feita uma homenagem da Academia Sergipana de Letras, através do seu presidente Dr. José Anderson Nascimento, e a seguir far-se-á uma saudação municipal da parte do prefeito e Câmara Municipal de Vereadores. Essa parte culminará com um Momento Musical com a Banda local e a Banda da Polícia Militar.  Nesse ínterim, sequenciarão a canção “Nossa Senhora”, da parceria de Roberto Carlos e Erasmo Carlos, o Poema “Lago dos Cisnes” (recital), de autoria de Manuel Cabral Machado; a valsa “Soluços do Poente” de Leosírio Guimarães, e o dobrado do mesmo autor “Homenagem a Capela”. Ainda de Leosírio serão executados três dobrados, sob os títulos: “Dr. Manuel Cabral Machado”, “Quatro Tenentes”, e por fim “Sílvio Romero” de autoria do músico José Machado; e terminando o bonito elenco será tocado e cantado o “Hino Sergipano”, de autoria do Frei José de Santa Cecília.

Quem foi o maestro Leosírio Guimarães? Natural de Capela, Sergipe, iniciou seus estudos musicais ainda garoto com o Maestro da Banda “Coração de Jesus”, Francisco Carvalho Júnior. Aprendeu a tocar quase todos os instrumentos: caixa, bumbo, trompa, trompete, bombardino e ainda solfejo, canto, e posteriormente, regência e composição. Aos dezoito anos de idade teve o enorme prazer de receber das mãos do seu velho mestre, a batuta para conduzir a Banda de Capela.

Na década de 1940 começa a participar do Coro da Igreja Matriz que era o lugar de encontros musicais com o Padre Juca, Anadir Cabral, José Vieira e outros. Era célebre o coro da igreja nos dias de festa da Padroeira, “Nossa Senhora da Purificação”, em que Leosírio num sopro muito fino e expressivo tocava seu pistom. Datam dessa época suas primeiras composições musicais. Primeiro, escreve para pequenos teatros das escolas que competiam em termos de melhor apresentação nas festas locais. São dessa época: as “Borboletas e Flores” e as “Bonecas e os Pássaros”. Em Capela fundou um coral. E a cidade passou a ter uma banda de música, um coral e posteriormente, uma orquestra de baile.

Em homenagem ao Professor Genaro Plech deu ao Coral o nome “Coral Genaro Plech”. (Genaro foi o fundador do Conservatório de Música de Sergipe). Por outro lado, na década de 50, muda-se para Aracaju, conseguindo trabalhar na rede de ensino particular. Ensinou no Colégio “Nossa Senhora de Lourdes”, no “Patrocínio São José” e no “Arquidiocesano”. Por residir no Siqueira Campos, foi lá que deu o seu primeiro passo, fundando a Escola de Música Nossa Senhora da Purificação.

Na década de 60, foi o professor reintegrado à rede estadual de ensino e posteriormente nomeado Diretor do Conservatório de Música de Sergipe. Recebeu a casa com 40 alunos e deixou-a com cerca de 400, inclusive com muitos destes tocando numa orquestra. Esta foi crescendo e o seu sonho de criar uma orquestra sinfônica em Sergipe foi alimentado pela procura de alunos para tocarem instrumentos.

Em 1971 fundou a Sociedade Filarmônica de Sergipe, com a sua Escola. Hoje a SOFISE tem se destacado na divulgação da música erudita no Estado, tendo promovido inúmeros recitais e concertos de músicos locais, de outros Estados e até de artistas estrangeiros: Eudóxia de Barros (SP), Maria Lucia Godoy (BH), Daniel Freire (SE), Neti Spilznan (RJ), Joe Parillo (USA), Máximo Spiga (Itália), Marcelo Verzoni (RJ), Maria de Lourdes Barros (SE), Valdeliro Santos (SE) e outros.

Em Aracaju, fundou duas Bandas, a Banda de Música do Instituto “Lourival Fontes” para alunos carentes, por solicitação de D. Hildete Falcão Baptista, então Diretora da Casa. A outra foi uma Banda exclusivamente feminina, a Banda de Música da Escola Normal, na gestão de D. Maria das Graças Azevedo de Melo. O Maestro Leosírio Guimarães compôs além de vários arranjos de música para coral e orquestra, escreveu: sambas, canções, marchas, dobrados, hinos e missa.

O outro grande homenageado, Manuel Cabral Machado, nasceu em Rosário do Catete (SE), 1916, e criado na cidade de Capela. Bacharel em Direito pela Faculdade de Direito da Bahia (1942). Ocupou diversos cargos na administração pública, iniciando como Secretário do Prefeito de Aracaju, José Garcez Vieira, passando pelo Governo do Estado de Sergipe, onde foi Diretor do Serviço Público, junto ao Secretário Leite Neto, no governo Maynard Gomes; Secretário da Fazenda e Secretário Chefe da Casa  Civil, no primeiro Governo José Rollemberg Leite; Secretário de Estado da Educação do Governo Celso Carvalho e Procurador Geral, no Governo Antônio Carlos Valadares. Foi também Vice-Governador do Estado de Sergipe, Conselheiro e primeiro Presidente do Tribunal de Contas de Sergipe.

Militante político, foi um dos líderes do partido social democrático (PSD), tendo sido deputado estadual por três legislaturas no Governo de Arnaldo Garcez e da oposição, Leandro Maciel e Luiz Garcia. Cabral foi professor fundador de quatro Faculdades: Ciências Econômicas, Direito, Filosofia e Serviço Social. Participou do núcleo inicial da Universidade Federal de Sergipe, teve importante participação nas discussões de sua fundação, como Secretário de Estado.

Cabral Machado era cronista, ensaísta, poeta, cientista, ficcionista, palestrante e orador com vasta obra divulgada e citada, era também membro da Academia Sergipana de Letras e da Academia Brasileira de Ciências Sociais. Escreveu o poema “Luar de Capela”, lindamente musicado pelo professor Leosírio Guimarães.

Nesse importante evento que dar-se-á no próximo dia 07 de maio, além da Prefeitura Municipal de Capela, através do prefeito Ezequiel Leite Neto, o presidente da Academia Sergipana de Letras, José Anderson Nascimento, e a presidente da Sociedade Filarmônica de Sergipe “Maestro Leosírio Guimarães”, Maria Olga de Andrade, para o brilho do acontecimento que marcará 2016 na seara do nosso “hinterland”, também está colaborando para o êxito da iniciativa a Associação Sergipana de Imprensa através do seu presidente, escritor e jornalista Cleiber Vieira, e de outros membros da Diretoria, que têm feito uma divulgação inter-bastidores intelectuais, culturais e midiescos...  

Texto reproduzida do site: jornaldacidade.net  

sábado, 17 de fevereiro de 2018

Centro Histórico: ref. viva das tradições culturais de S. Cristóvão





Publicado originalmente no site do Jornal da Cidade, em 16/02/2018 

Centro Histórico: referência viva das tradições culturais de São Cristóvão

Vale a pena conhecer um pouco das tradições locais, preservadas com todo zelo pelo povo sancristovense e incorporadas ao dia a dia e à produção artística do município.

São Cristóvão guarda boas surpresas para quem a visita. Quarta cidade mais antiga do Brasil e primeira capital de Sergipe, a Cidade Mãe - como carinhosamente é chamada pelos sergipanos- encanta pela riqueza cultural, pelo conjunto arquitetônico e pela beleza natural. As ruas, praças e igrejas têm um passado preservado há gerações, mantendo o nome de São Cristóvão como uma referência viva em diversos aspectos históricos e artísticos do Estado.

Para o prefeito Marcos Santana, valorizar a produção cultural do município é uma diretriz da atual gestão, assegurando como política pública o respeito às tradições populares e às diversas expressões artísticas e sociais sancristovenses. “Entendemos a arte como uma construção coletiva de diversos saberes, um movimento que mantém viva a cultura do nosso povo”, destacou.

Toda essa riqueza pode ser vivenciada num passeio pelo Centro Histórico, sede do município, num encontro revelador. Vale a pena conhecer um pouco das tradições locais, preservadas com todo zelo pelo povo sancristovense e incorporadas ao dia a dia e à produção artística do município.

Acompanhe esta deliciosa viagem pelo Centro Histórico de São Cristóvão.

Praça São Francisco

A cidade de São Cristóvão, fundada no final do século XVI (1590), foi sede da Capitania de Sergipe Del Rey até o ano de 1855, quando houve a transferência da capital para Aracaju. A Praça São Francisco, localizada no coração do Centro Histórico, é considerada uma das obras mais importantes do mundo, e foi reconhecida como Patrimônio Cultural da Humanidade, em 2010, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

A construção da Praça São Francisco ocorreu durante a União Ibérica (1580/1640), período em que Portugal e Espanha estiveram sob o domínio de um só rei. No local estão localizadas a Igreja e Convento de São Francisco, o Museu de Arte Sacra, o Lar Imaculada Conceição, o Museu Histórico de Sergipe (antigo Palácio Provincial)  e um conjunto de residências dos séculos XVII e XIX.

A Praça Getúlio Vargas (Praça da Matriz) e a Praça Nossa Senhora do Carmo complementam o acervo do Centro Histórico.  

Igrejas

As igrejas fazem parte da riqueza arquitetônica e cultural do Centro Histórico e guardam parte das tradições sancristovenses, que têm a religiosidade como ponto fundamental na construção histórica do município.

Na região estão localizadas sete igrejas: Santa Isabel e a São Francisco,  na Praça São Francisco; Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, na rua do Rosário; Nossa Senhora da Vitória (Igreja Matriz), na Praça Getúlio Vargas; Igrejas do Carmo Grande e do Carmo pequena, na Praça Nossa Senhora do Carmo; e Igreja Nossa Senhora do Amparo, na rua Messias Prado.

Texto e imagens reproduzidos do site: jornaldacidade.net