Foto reproduzida da capa do livro 'Chico de Miguel a História de um Líder',
de Carlos
Mendonça, Gráfica J Andrade e postada pelo
"Blog Minha Terra é SERGIPE", para ilustrar o presente artigo.
Texto publicado originalmente no site do Jornal da Cidade, em 20/07/2011
Apologia da saga de Chico de Miguel, feita por um
pesquisador
Francisco Teles de Mendonça, o cordato “Chico de Miguel”, no
fundo de sua alma, sempre foi um homem bom e dizendo para que veio.
Por Clarêncio Martins Fontes*
Surpreendeu ao Estado de Sergipe, e principalmente às
regiões sertanejas, do semiárido, e da caatinga, bem como ao universo da
política estadual e da história da nossa terra, o oportuno lançamento da obra
do jovem Carlos Mendonça, focalizando, com conhecimento de causa, a trajetória
vital, os percalços, as injustiças e as diatribes perpetradas contra a figura
de um líder popular que aprendeu na escola da experiência da vida, mas dono do
seu nariz, e imbatível vencedor nas suas projeções de luta pública, enfrentando
os inimigos e os opositores partidários, sem entretanto nunca esmorecer.
Francisco Teles de Mendonça, o cordato “Chico de Miguel”, no
fundo de sua alma, sempre foi um homem bom e dizendo para que veio. E apesar de
não ter cursado os bancos acadêmicos, possuía uma sagacidade instintiva no
estudo psicológico comportamental dos seus conterrâneos, conduzindo na palma da
mão uma geopolítica que compreendia a vivência cabal de toda a vizinhança de
Itabaiana Grande, sem nunca ter se arvorado em impositor de vontades
eleitorais, nem nunca apregoar a crueldade imerecida de que malevolamente fora
apodado. Ele não era o que muitos pensavam, ou faziam crer do seu caráter. Era
um lutador, cioso daquilo que queria, só dando tréguas aos contemporâneos e aos
correligionários que não o entendiam satisfatoriamente, quando a voz da sua
consciência ditava a palavra maior do amor a Itabaiana.
A obra de Carlos Mendonça é recheada de episódios
interessantes e atrativos, e até densa de experiências e citações de
testemunhas, algumas oculares do acompanhamento fidedigno do trabalho árduo de
um velho guerreiro cujo lar, no qual testemunhei, vivia tomado por uma legião
de admiradores e pessoas outras que para lá demandavam em busca de favores e de
apoio nas difíceis horas da vida cotidiana.
Chico fazia política, mas na prática era compreensível e
caritativo, foi perseguido e preso, acercou-se de falsos companheiros que o abandonaram na hora precisa, homem
que controlava suas emoções, mas, entretanto, se condoía e se constrangia nas
avalanches maldosas que eram precipitadas sobre os seus ombros e o seu espírito
forte, sem que isso o esmorecesse ou o deixasse de cama.
O escritor é detalhista, minudente, pormenorizado nos seus
apanhados biográficos e de vida política do notável sertanejo “Chico de
Miguel”, filho digno e indômito da “Velha Loba”. Quem estava afeito às
regulares conversações com a pessoa simples de Chico, o ouvia acuradamente, e
fazia reflexões nada ingênuas sobre o cabedal de tormentos e falácias de que o
velho líder foi e vinha sendo alvo, quando na verdade os que o conheciam
verdadeiramente, sabiam tratar-se de um timoneiro amoroso na condução do
destino do município-celeiro da economia sergipana.
Por outro lado, embora acusado de truculências e de
odiosidades, Chico nunca perdeu enquanto vivo o seu senso de humor, e seu olhar
compassivo e misericordioso em face das faltas daqueles que vivendo nas suas
proximidades e dentro do mesmo palco existencial, achavam curioso que a sua
liderança sempre vingasse na concepção de bons sufrágios eleitorais, e de
copiosos aplausos pela continuidade de sua liderança maior.
E tanto isso é verdade, que ainda hoje o seu legado foi
transferido para a prole, e particularmente referimo-nos à desenvoltura e ao
comportamento admirável de sua filha dileta, a ex-prefeita por dois mandatos e
ocupando uma cadeira na Assembleia Legislativa do Estado pela quarta vez. Maria
Mendonça é sobranceira, elegante nas suas atitudes, mas não foge à ética que
norteou por décadas o primado de vida pública de seu genitor.
É de se concluir, que Itabaiana irá sempre muito bem quando
continuar à frente de seus desígnios essa mulher inteligente e prática, além de
afeiçoada ao convívio com as classes mais humildes e carentes de Itabaiana.
Parabéns ao povo itabaianense e, particularmente, ao jovem
Carlos Mendonça que preencheu uma lacuna biográfica para que Sergipe conhecesse
melhor a história de um líder autêntico, querido, ainda hoje chorado pelos
clãs, correligionários, pelas greis, e até pela elite itabaianense, pois na
memória do tempo o perfil de Chico perdurará indelével.
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* O autor é um dos jornalistas mais antigos do Estado, poeta,
bibliófilo, pesquisador, redator, diretor de pesquisa da Associação Sergipana
de Imprensa e presidente do CIRLAP, além de ser neto e bisneto de magistrados,
sendo que seu avô, doutor Fiel Martins Fontes, além de itabaianense teve na
terra natal sua primeira Comarca. Já o seu bisavô, o juiz José Martins Fontes,
além de ter sido capitão-mor no Império chegou a governar a Província de
Sergipe.
Texto reproduzido do site: jornaldacidade.net
Só tenho que agradecer ao grande amigo e jornalista (in memorian), Clarencio Martins Fontes, por este magnífico artigo, não somente sobre o conteúdo do meu primeiro livro, mas, sobretudo, a respeito do personagem da história. Grato.
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