segunda-feira, 20 de novembro de 2017

José Rollemberg Leite e o ensino sergipano

 Governador José Rollemberg Leite.

 O professor Acrísio Cruz contempla a Escola Rural do povoado 
Lagoa de Dentro, no município de Arauá.

A caminhonete do Ensino Rural do Departamento de Educação,
e o projeto piloto das Escolas Rurais

Publicado originalmente no site Infonet, em 20/11/2004

José Rollemberg Leite e o ensino sergipano.

José Rollemberg Leite (1912-1996) governou Sergipe em duas ocasiões: de 1947 a 1951 e de 1975 a 1979. Em ambas deu uma enorme contribuição à história da educação, criando escolas de nível médio e superior, criando o ensino rural, levando ao interior as licenciaturas de curta duração, ampliando, enfim, a presença do Poder Público estadual, instrumentalizada para oferecer o ensino universalizado e de boa qualidade.

Fascinado pela educação, ele próprio um professor, cuja tese de concurso no Atheneu, sobre a natureza da luz foi recebida com admiração e aplauso pelo enfoque e bibliografia atualizados, José Rollemberg Leite deu efetiva prioridade ao ensino público sergipano. Na década de 1940 Sergipe possuía, nos seus 42 municípios, um sistema público de ensino formado por apenas três escolas secundárias – Atheneu, Escola Normal e Escola de Comércio –, todas em Aracaju.

Cinco Grupos Escolares em Aracaju – General Siqueira, Barão de Maruim, General Valadão, Manoel Luiz e José Augusto Ferraz – e 12 no interior, sendo o Severiano Cardoso, em Boquim, o Coelho e Campos, em Capela, o Gumercindo Bessa, em Estancia, o João Ribeiro, em Itabaiana, outro João Ribeiro, em Laranjeiras, o Silvio Romero, em Lagarto, o Padre Dantas, em Maroim, o Olímpio Campos, em Neópolis, o João Fernandes, em Propriá, o Francisco Leite, em Riachuelo, o Vigário Barroso, em São Cristovão, e o Fausto Cardoso, em Simão Dias. O mais eram Escolas Reunidas e Escolas Isoladas, tanto do Estado, quanto dos municípios.

O Governo José Rollemberg Leite deu nova sede ao velho Atheneu, montou seus laboratórios, sob a orientação de Antonio Tavares de Bragança, criou as duas primeiras escolas superiores, a de Economia e a de Química, e deu auxílio financeiro e material para que fossem organizadas mais duas escolas, a de Direito e a de Filosofia, dando início ao ensino universitário. Instalou o Instituto de Tecnologia e Pesquisas de Sergipe, reorganizando o Instituto de Química, criado em 1923 pelo presidente Graccho Cardoso, criou a Escola Normal Rural Murilo Braga, hoje Colégio Murilo Braga, em Itabaiana, e implantou, em todo o Estado, o Ensino Rural, em parceria com o Ministério da Educação, no Governo Dutra.

Duas figuras deram contribuição especial ao experimento do Ensino Rural: Murilo Braga, do MEC, e Acrísio Cruz, diretor do Departamento de Educação do Governo do Estado. A Escola Rural identificada pelo seu número era uma edificação mista, de um lado a sala de aula, multi seriada, e do outro lado a residência da professora. O que separava os dois lados era uma área coberta, de recreio. O prédio ficava no centro de um pequeno terreno, onde havia pequena plantação de horta, fruteiras, e criatórios. Foram construídas mais de 150 dessas escolas rurais (falta-me o número exato das construções), espalhadas pela zona rural dos municípios sergipanos. Elas atendidas, por dia, a cerca de 80 alunos, um pouco mais, um pouco menos, elevando a matrícula escolar em todo o Estado, indistintamente.

O MEC escolheu Sergipe para o Plano Piloto das Escolas Rurais pelas condições favoráveis do Estado, pequeno em seu território, arrumado em sua administração e com uma disposição explícita de priorizar a educação, em todos os seus níveis, em todos os lugares. O programa de ensino rural do Governo José Rollemberg Leite teve o porte de uma obra definitiva, destinada a atender a segmentos populacionais excluídos, periféricos aos centros urbanos onde o ensino seguia, lentamente, seu curso histórico, privilegiando uns, deixando outros sem acesso à escola. Apesar da sua imensa importância, como experimento pedagógico, a Escola Rural foi logo depois abandonada como projeto. As que resistiram ainda hoje funcionam, com uma sala só, atestando o mapa geográfico de sua distribuição pelo Estado.

No segundo período de Governo, José Rollemberg Leite encontrou o Estado em outras condições. As escolas secundárias multiplicadas nos bairros da capital sergipana e em alguns municípios do interior, a Universidade Federal de Sergipe, criada em agosto de 1967, tendo como núcleo fundante as quatro escolas deixadas em seu primeiro Governo, mais as duas criadas depois, Serviço Social (1954) e Medicina (1962) e instalada em maio de 1968. Ainda assim, ele construiu novas escolas e conveniou com a UFS para levar as licenciaturas de curta duração para o interior, reunindo os professores leigos em Estancia, Lagarto, Itabaiana e Propriá, para uma experiência que visou qualificar melhor o corpo docente das escolas públicas estaduais.

Certamente que os cursos de licenciatura curta deram a Universidade Federal de Sergipe as condições iniciais para o futuro, representado pelo PQD – Programa de Qualificação Docente, contratado a UFS pela Secretaria de Estado da Educação e do Desporto e Lazer, dando forma a uma política de formação inicial e continuada, de algum modo revolucionária, pois destinada à escola pública, tanto estadual, quanto municipal, e vinculada a valorizar a titulação, além de suprir as necessidades de professores habilitados, em licenciaturas plenas, para atuação em todo o território sergipano.

A figura de José Rollemberg Leite é credora, portanto, do reconhecimento pelo muito que foi feito, dos dois Governos que teve a responsabilidade de administrar. 8 anos depois de sua morte cresce, entre os estudiosos, a admiração pela sua visão de mestre e de governante, dotando o Estado das condições essenciais ao progresso da educação. Poucas vezes a história de Sergipe registrou tantos avanços, como nas gestões de JRL.

Há, no passado, providências que marcaram a história, como a construção do prédio da Escola Normal e a instalação, anexa, do Grupo Escolar Modelo, através do pioneirismo do presidente do Estado Rodrigues Dória, que contou com a assessoria do bacharel paulista Carlos da Silveira, cedido pelo Governo de São Paulo, como a ampliação dos Grupos Escolares, a criação do Instituto de Química, do Patronato Agrícola, da Escola de Comércio Conselheiro Orlando, e a instalação, ainda que precária, das Faculdades de Farmácia e Odontologia Anibal Freire, e da Faculdade de Direito Tobias Barreto, no Governo empreendedor de Graccho Cardoso.

Fonte "Pesquise - Pesquisa de Sergipe/InfoNet". 
institutotobiasbarreto@infonet.com.br.

Texto e imagens reproduzidos do site: infonet.com.br

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