Governador José Rollemberg Leite.
O professor Acrísio Cruz contempla a Escola Rural do povoado
Lagoa de Dentro, no município de Arauá.
A caminhonete do Ensino Rural do Departamento de Educação,
e o projeto piloto das Escolas Rurais
Publicado originalmente no site Infonet, em 20/11/2004
José Rollemberg Leite e o ensino sergipano.
José Rollemberg Leite (1912-1996) governou Sergipe em duas
ocasiões: de 1947 a 1951 e de 1975 a 1979. Em ambas deu uma enorme contribuição
à história da educação, criando escolas de nível médio e superior, criando o
ensino rural, levando ao interior as licenciaturas de curta duração, ampliando,
enfim, a presença do Poder Público estadual, instrumentalizada para oferecer o
ensino universalizado e de boa qualidade.
Fascinado pela educação, ele próprio um professor, cuja tese
de concurso no Atheneu, sobre a natureza da luz foi recebida com admiração e
aplauso pelo enfoque e bibliografia atualizados, José Rollemberg Leite deu
efetiva prioridade ao ensino público sergipano. Na década de 1940 Sergipe
possuía, nos seus 42 municípios, um sistema público de ensino formado por
apenas três escolas secundárias – Atheneu, Escola Normal e Escola de Comércio
–, todas em Aracaju.
Cinco Grupos Escolares em Aracaju – General Siqueira, Barão
de Maruim, General Valadão, Manoel Luiz e José Augusto Ferraz – e 12 no
interior, sendo o Severiano Cardoso, em Boquim, o Coelho e Campos, em Capela, o
Gumercindo Bessa, em Estancia, o João Ribeiro, em Itabaiana, outro João
Ribeiro, em Laranjeiras, o Silvio Romero, em Lagarto, o Padre Dantas, em
Maroim, o Olímpio Campos, em Neópolis, o João Fernandes, em Propriá, o
Francisco Leite, em Riachuelo, o Vigário Barroso, em São Cristovão, e o Fausto
Cardoso, em Simão Dias. O mais eram Escolas Reunidas e Escolas Isoladas, tanto
do Estado, quanto dos municípios.
O Governo José Rollemberg Leite deu nova sede ao velho
Atheneu, montou seus laboratórios, sob a orientação de Antonio Tavares de
Bragança, criou as duas primeiras escolas superiores, a de Economia e a de
Química, e deu auxílio financeiro e material para que fossem organizadas mais
duas escolas, a de Direito e a de Filosofia, dando início ao ensino
universitário. Instalou o Instituto de Tecnologia e Pesquisas de Sergipe,
reorganizando o Instituto de Química, criado em 1923 pelo presidente Graccho
Cardoso, criou a Escola Normal Rural Murilo Braga, hoje Colégio Murilo Braga,
em Itabaiana, e implantou, em todo o Estado, o Ensino Rural, em parceria com o
Ministério da Educação, no Governo Dutra.
Duas figuras deram contribuição especial ao experimento do
Ensino Rural: Murilo Braga, do MEC, e Acrísio Cruz, diretor do Departamento de
Educação do Governo do Estado. A Escola Rural identificada pelo seu número era
uma edificação mista, de um lado a sala de aula, multi seriada, e do outro lado
a residência da professora. O que separava os dois lados era uma área coberta,
de recreio. O prédio ficava no centro de um pequeno terreno, onde havia pequena
plantação de horta, fruteiras, e criatórios. Foram construídas mais de 150
dessas escolas rurais (falta-me o número exato das construções), espalhadas
pela zona rural dos municípios sergipanos. Elas atendidas, por dia, a cerca de
80 alunos, um pouco mais, um pouco menos, elevando a matrícula escolar em todo
o Estado, indistintamente.
O MEC escolheu Sergipe para o Plano Piloto das Escolas
Rurais pelas condições favoráveis do Estado, pequeno em seu território,
arrumado em sua administração e com uma disposição explícita de priorizar a
educação, em todos os seus níveis, em todos os lugares. O programa de ensino
rural do Governo José Rollemberg Leite teve o porte de uma obra definitiva,
destinada a atender a segmentos populacionais excluídos, periféricos aos
centros urbanos onde o ensino seguia, lentamente, seu curso histórico,
privilegiando uns, deixando outros sem acesso à escola. Apesar da sua imensa
importância, como experimento pedagógico, a Escola Rural foi logo depois
abandonada como projeto. As que resistiram ainda hoje funcionam, com uma sala
só, atestando o mapa geográfico de sua distribuição pelo Estado.
No segundo período de Governo, José Rollemberg Leite
encontrou o Estado em outras condições. As escolas secundárias multiplicadas
nos bairros da capital sergipana e em alguns municípios do interior, a
Universidade Federal de Sergipe, criada em agosto de 1967, tendo como núcleo
fundante as quatro escolas deixadas em seu primeiro Governo, mais as duas
criadas depois, Serviço Social (1954) e Medicina (1962) e instalada em maio de
1968. Ainda assim, ele construiu novas escolas e conveniou com a UFS para levar
as licenciaturas de curta duração para o interior, reunindo os professores
leigos em Estancia, Lagarto, Itabaiana e Propriá, para uma experiência que
visou qualificar melhor o corpo docente das escolas públicas estaduais.
Certamente que os cursos de licenciatura curta deram a
Universidade Federal de Sergipe as condições iniciais para o futuro,
representado pelo PQD – Programa de Qualificação Docente, contratado a UFS pela
Secretaria de Estado da Educação e do Desporto e Lazer, dando forma a uma
política de formação inicial e continuada, de algum modo revolucionária, pois
destinada à escola pública, tanto estadual, quanto municipal, e vinculada a
valorizar a titulação, além de suprir as necessidades de professores
habilitados, em licenciaturas plenas, para atuação em todo o território
sergipano.
A figura de José Rollemberg Leite é credora, portanto, do
reconhecimento pelo muito que foi feito, dos dois Governos que teve a
responsabilidade de administrar. 8 anos depois de sua morte cresce, entre os
estudiosos, a admiração pela sua visão de mestre e de governante, dotando o
Estado das condições essenciais ao progresso da educação. Poucas vezes a
história de Sergipe registrou tantos avanços, como nas gestões de JRL.
Há, no passado, providências que marcaram a história, como a
construção do prédio da Escola Normal e a instalação, anexa, do Grupo Escolar
Modelo, através do pioneirismo do presidente do Estado Rodrigues Dória, que
contou com a assessoria do bacharel paulista Carlos da Silveira, cedido pelo
Governo de São Paulo, como a ampliação dos Grupos Escolares, a criação do
Instituto de Química, do Patronato Agrícola, da Escola de Comércio Conselheiro
Orlando, e a instalação, ainda que precária, das Faculdades de Farmácia e
Odontologia Anibal Freire, e da Faculdade de Direito Tobias Barreto, no Governo
empreendedor de Graccho Cardoso.
Fonte
"Pesquise - Pesquisa de Sergipe/InfoNet".
institutotobiasbarreto@infonet.com.br.
Texto e imagens reproduzidos do site: infonet.com.br
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