Foto: Anna Guimarães
Publicado originalmente no site Expressão Sergipana, em 17 de março de 2018
Você conhece o "Museu das Horas" em Aracaju?
Por Anna Guimarães
Sou daquele tipo que vive tropeçando pelas calçadas do
Centro, de tanto andar com a cara pra cima buscando qualquer vestígio daquela
Aracaju antiga… Um tempo que não vivi, mas que sinto uma saudade como se fosse
meu.
Rua São Cristóvão – Centro | Foto: Anna Guimarães
Mas dessa vez, foi o nostálgico som de uma badalada que me
levou a mais uma descoberta. Ônibus passando, um arrocha tocando na esquina e,
ainda assim, aquele som metálico me alcançou, apontando para uma parede repleta
de relógios.
É a loja do Manoel Alves. Na verdade, oficina! De topo tipo
de relógio. No mesmo local desde 1983 – nº 320 da Rua Capela.
Fotos: Anna Guimarães
Com mais de 35 anos no ofício relojoeiro, o filho de Porto
da Folha, nascido em 1965, lembra que foi o irmão que iniciou na atividade, com
diploma de curso por correspondência, o EAD da era off-line.
Imagem de www.curiosonwes.com.br
Em 1983, Manoel montou sua banca de conserto de relógios de
pulso. Passou a usar como ponto a garagem da casa do Sr. Luís Tarcísio.
Tornou-se amigo da família e, até hoje, mantém em sua loja uma foto de Dona
Helena Cabral, esposa de Luís Tarcísio. Lembra que Dona Helena era daquelas
pessoas de coração grande que oferecia refeição para moradores de rua. O prédio
atual suprimiu a casa antiga, mas uma foto do Google Street conseguiu salvar
alguma lembrança (abaixo).
Imagem do Google Street
Com Seu Muniz, outro relojoeiro que mantinha uma banca bem
ao lado da sua, Manuel aprendeu a mexer em relógios de parede e, a partir aí,
aprimorou-se nas máquinas antigas. Hoje, tem clientes até fora do estado,
recebendo peças com mais de cem anos.
Máquina americana do início do século XX | Foto: Anna
Guimarães
No requinte da madeira talhada, os detalhes de uma época em
que tempo parecia passar mais devagar, em salas espaçosas de sofás familiares e
conversas à mesa, bem antes das portas fechadas por causa dos assaltos e das
cercas elétricas em muros altos.
Foto: Anna Guimarães
Em cada pecinha, a engrenagem das horas conta o tempo, conta
histórias e badala o life style analógico, sem pressa e sem emoticons, de uma
simplicidade infantil, certa de que tudo passa, porque o tempo é um barco sem
porto.
Foto: Anna Guimarães
Enquanto isso, Manoel continua na mesma porta da Rua Capela,
que, apesar de oficina, de quando em quando tem peças para venda. Caso queira
voltar no tempo, seguem os contatos.
Texto e imagens reproduzidos do site: expressaosergipana.com.br
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