quinta-feira, 12 de julho de 2018

Você conhece o "Museu das Horas" em Aracaju?

Foto: Anna Guimarães

Publicado originalmente no site Expressão Sergipana, em 17 de março de 2018

Você conhece o "Museu das Horas" em Aracaju?

Por Anna Guimarães 

Sou daquele tipo que vive tropeçando pelas calçadas do Centro, de tanto andar com a cara pra cima buscando qualquer vestígio daquela Aracaju antiga… Um tempo que não vivi, mas que sinto uma saudade como se fosse meu.

Rua São Cristóvão – Centro | Foto: Anna Guimarães

Mas dessa vez, foi o nostálgico som de uma badalada que me levou a mais uma descoberta. Ônibus passando, um arrocha tocando na esquina e, ainda assim, aquele som metálico me alcançou, apontando para uma parede repleta de relógios.

É a loja do Manoel Alves. Na verdade, oficina! De topo tipo de relógio. No mesmo local desde 1983 – nº 320 da Rua Capela.


Fotos: Anna Guimarães

Com mais de 35 anos no ofício relojoeiro, o filho de Porto da Folha, nascido em 1965, lembra que foi o irmão que iniciou na atividade, com diploma de curso por correspondência, o EAD da era off-line.

Imagem de www.curiosonwes.com.br

Em 1983, Manoel montou sua banca de conserto de relógios de pulso. Passou a usar como ponto a garagem da casa do Sr. Luís Tarcísio. Tornou-se amigo da família e, até hoje, mantém em sua loja uma foto de Dona Helena Cabral, esposa de Luís Tarcísio. Lembra que Dona Helena era daquelas pessoas de coração grande que oferecia refeição para moradores de rua. O prédio atual suprimiu a casa antiga, mas uma foto do Google Street conseguiu salvar alguma lembrança (abaixo).

Imagem do Google Street

Com Seu Muniz, outro relojoeiro que mantinha uma banca bem ao lado da sua, Manuel aprendeu a mexer em relógios de parede e, a partir aí, aprimorou-se nas máquinas antigas. Hoje, tem clientes até fora do estado, recebendo peças com mais de cem anos.

Máquina americana do início do século XX | Foto: Anna Guimarães

No requinte da madeira talhada, os detalhes de uma época em que tempo parecia passar mais devagar, em salas espaçosas de sofás familiares e conversas à mesa, bem antes das portas fechadas por causa dos assaltos e das cercas elétricas em muros altos.

Foto: Anna Guimarães

Em cada pecinha, a engrenagem das horas conta o tempo, conta histórias e badala o life style analógico, sem pressa e sem emoticons, de uma simplicidade infantil, certa de que tudo passa, porque o tempo é um barco sem porto.

Foto: Anna Guimarães

Enquanto isso, Manoel continua na mesma porta da Rua Capela, que, apesar de oficina, de quando em quando tem peças para venda. Caso queira voltar no tempo, seguem os contatos.

 Foto: Anna Guimarães

Texto e imagens reproduzidos do site: expressaosergipana.com.br

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