quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Praças do Centro guardam a história política de Sergipe

Praça Fausto Cardoso foi cenário de entraves políticos 
Fotos: Ana Lícia Menezes


 Fotos: Silvio Rocha

Estátua de Fausto Cardoso foi a primeira do estado

  Na praça Olímpio Campos está situada a Catedral e a tradicional feirinha de artesanato

Catedral Metropolitana (Foto: Sergio Silva)

Publicado originalmente na Agência Aracaju de Notícias, em 18/09/18

Praças do Centro guardam a história política de Sergipe

As praças podem ser um ponto de referência, ponto de encontros, desencontros e também de conflitos. A praça Fausto Cardoso, localizada às margens do rio Sergipe, no Centro da cidade, já foi cenário de disputa política e revolta nos anos 90. Foi lá que aconteceu o episódio conhecido como a ‘Tragédia de Sergipe'.

De acordo com o historiador Antônio Lindvaldo Sousa, a praça Fausto Cardoso reunia todos os serviços públicos do estado. "Naquele espaço funcionava todos os serviços públicos da Província. Lá estavam o Palácio do Governo; o Ministério Público Estadual; atualmente ainda abriga o Tribunal de Justiça de Sergipe e a Assembleia Legislativa, ficando também conhecida como Praça dos Três Poderes", contou.

Antes de ser nomeada como Fausto Cardoso em 1912, a praça já recebeu outras denominações. "Já foi Praça do Imperador; Praça do Palácio; Praça da República; e praça Tiradentes", completou.

História

Natural de Divina Pastora, Fausto de Aguiar Cardoso era advogado, filósofo e deputado estadual. Totalmente insatisfeito com a política das oligarquias, passa a liderar o grupo chamado de ‘Pebas', formado por profissionais liberais como médicos, advogados e pessoas de classes populares.

O grupo opositor de Fausto Cardoso era os ‘Cabaus', liderado pelo padre Olímpio de Sousa Campos, formado em sua maioria pela nobreza da cana, monarquistas, conservadores, religiosos e donos de terras. Ele era senador da república e seu irmão, Guilherme Campos, governador de Sergipe. Com isso, os conflitos começaram quando Guilherme Campos decidiu enfrentar o grupo de Fausto Cardoso.

Acompanhado de políticos, militares e de grupos populares, Fausto Cardoso ocupou o palácio do governo, atual Palácio-Museu Olímpio Campos, e destituiu o governo de Guilherme Campos. "Guilherme pede reforço para o irmão na segurança do palácio e Olímpio Campos faz a solicitação ao Presidente da República. Ele foi atendido e o reforço, ao chegar aqui, tenciona na frente do palácio. Fausto Cardoso resiste, mas acaba sendo assassinado por tiros", relatou o pesquisador de história, Osvaldo Ferreira Neto.

As mortes não acabaram por aí. Em novembro do mesmo ano, outro fato marcou a rivalidade entre eles. "Os filhos de Fausto Cardoso, como toda a população, acreditaram que o assassinato do pai foi motivado pelo pedido de Olímpio Campos. Em 1906, os filhos de Fausto Cardoso assassinam Olímpio Campos na Praça 15, no Rio de Janeiro", completou.

Cinco anos depois dessa tragédia, é feita toda uma mobilização pela população para que se construísse um monumento em homenagem à Fausto Cardoso. Esculpido pelo grande artista italiano Lorenzo Petrucci, foi o primeiro monumento com estátuas em local público de Sergipe. Em sua base, estão os restos mortais do homenageado.

Muitos apoiadores políticos de Olímpio Campos também exigiram que o nome dele fosse dado a então Praça da Matriz, para homenageá-lo. No ano de 1916 foi erguida a estátua do Monsenhor Olímpio Campos na praça que também acabou levando o seu nome.

Praça Olímpio Campos

Nessa praça está a Catedral Metropolitana de Aracaju, local onde está enterrado o corpo de Olímpio Campos. Atualmente, a praça abriga o parque Teófilo Dantas e a feira de artesanato. Do lado direito da catedral fica o prédio da Arquidiocese de Aracaju e da antiga sede da Prefeitura. Ao fundo, o Memorial do Judiciário, e do lado esquerdo, a Rua do Turista.

O carioca Gilvan Camões, 41, mora em Sergipe há 22 anos e sempre passa pela praça Olímpio Campos. "É um caminho que utilizo para ir ao trabalho, ir para o calçadão e até encontrar os amigos. Há muito tempo eu e os meus colegas nos encontrávamos aqui para tomar cerveja, se divertir. Já estive em outras praças nos estados da Bahia, Minas Gerais e aqui não deixa nada a desejar", contou.

Praça Almirante Barroso

Ela está localizada ao lado do Pálacio-Museu Olímpio Campos, entre as praças Fausto Cardoso e Olímpio Campos. Nascido em Portugal, Francisco Manuel Barroso da Silva foi um militar da Marinha. Ele lutou na Batalha Naval de Riachuelo, na guerra do Paraguai, em 1865. Na ocasião, uma ação da esquadra brasileira, comandada pelo almirante Barroso, foi decisiva para aniquilar a esquadra paraguaia e, assim, dar vitória ao Brasil durante a Guerra do Paraguai.

Para homenagear esse grande militar, a praça recebeu o nome de Almirante Barroso. O Governo de Sergipe, na época, determinou que o espaço se transformasse em um jardim gradeado, onde o seu busto foi colocado ao lado da Câmara Municipal. Por causa disso, durante muito tempo, a praça ficou conhecida como "Jardim de Almirante Barroso" e foi considerada o primeiro jardim público da cidade.

Texto e imagens reproduzidos do site: aracaju.se.gov.br

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