Praça Fausto Cardoso foi cenário de entraves políticos
Fotos: Ana Lícia Menezes
Fotos: Silvio Rocha
Estátua de Fausto Cardoso foi a primeira do estado
Na praça Olímpio Campos está situada a Catedral e a tradicional feirinha de artesanato
Catedral Metropolitana (Foto: Sergio Silva)
Publicado originalmente na Agência Aracaju de Notícias, em
18/09/18
Praças do Centro guardam a história política de Sergipe
As praças podem ser um ponto de referência, ponto de
encontros, desencontros e também de conflitos. A praça Fausto Cardoso,
localizada às margens do rio Sergipe, no Centro da cidade, já foi cenário de
disputa política e revolta nos anos 90. Foi lá que aconteceu o episódio
conhecido como a ‘Tragédia de Sergipe'.
De acordo com o historiador Antônio Lindvaldo Sousa, a praça
Fausto Cardoso reunia todos os serviços públicos do estado. "Naquele
espaço funcionava todos os serviços públicos da Província. Lá estavam o Palácio
do Governo; o Ministério Público Estadual; atualmente ainda abriga o Tribunal
de Justiça de Sergipe e a Assembleia Legislativa, ficando também conhecida como
Praça dos Três Poderes", contou.
Antes de ser nomeada como Fausto Cardoso em 1912, a praça já
recebeu outras denominações. "Já foi Praça do Imperador; Praça do Palácio;
Praça da República; e praça Tiradentes", completou.
História
Natural de Divina Pastora, Fausto de Aguiar Cardoso era
advogado, filósofo e deputado estadual. Totalmente insatisfeito com a política
das oligarquias, passa a liderar o grupo chamado de ‘Pebas', formado por
profissionais liberais como médicos, advogados e pessoas de classes populares.
O grupo opositor de Fausto Cardoso era os ‘Cabaus', liderado
pelo padre Olímpio de Sousa Campos, formado em sua maioria pela nobreza da
cana, monarquistas, conservadores, religiosos e donos de terras. Ele era
senador da república e seu irmão, Guilherme Campos, governador de Sergipe. Com
isso, os conflitos começaram quando Guilherme Campos decidiu enfrentar o grupo
de Fausto Cardoso.
Acompanhado de políticos, militares e de grupos populares,
Fausto Cardoso ocupou o palácio do governo, atual Palácio-Museu Olímpio Campos,
e destituiu o governo de Guilherme Campos. "Guilherme pede reforço para o
irmão na segurança do palácio e Olímpio Campos faz a solicitação ao Presidente
da República. Ele foi atendido e o reforço, ao chegar aqui, tenciona na frente
do palácio. Fausto Cardoso resiste, mas acaba sendo assassinado por
tiros", relatou o pesquisador de história, Osvaldo Ferreira Neto.
As mortes não acabaram por aí. Em novembro do mesmo ano,
outro fato marcou a rivalidade entre eles. "Os filhos de Fausto Cardoso,
como toda a população, acreditaram que o assassinato do pai foi motivado pelo pedido
de Olímpio Campos. Em 1906, os filhos de Fausto Cardoso assassinam Olímpio
Campos na Praça 15, no Rio de Janeiro", completou.
Cinco anos depois dessa tragédia, é feita toda uma
mobilização pela população para que se construísse um monumento em homenagem à
Fausto Cardoso. Esculpido pelo grande artista italiano Lorenzo Petrucci, foi o
primeiro monumento com estátuas em local público de Sergipe. Em sua base, estão
os restos mortais do homenageado.
Muitos apoiadores políticos de Olímpio Campos também exigiram
que o nome dele fosse dado a então Praça da Matriz, para homenageá-lo. No ano
de 1916 foi erguida a estátua do Monsenhor Olímpio Campos na praça que também
acabou levando o seu nome.
Praça Olímpio Campos
Nessa praça está a Catedral Metropolitana de Aracaju, local
onde está enterrado o corpo de Olímpio Campos. Atualmente, a praça abriga o
parque Teófilo Dantas e a feira de artesanato. Do lado direito da catedral fica
o prédio da Arquidiocese de Aracaju e da antiga sede da Prefeitura. Ao fundo, o
Memorial do Judiciário, e do lado esquerdo, a Rua do Turista.
O carioca Gilvan Camões, 41, mora em Sergipe há 22 anos e
sempre passa pela praça Olímpio Campos. "É um caminho que utilizo para ir
ao trabalho, ir para o calçadão e até encontrar os amigos. Há muito tempo eu e
os meus colegas nos encontrávamos aqui para tomar cerveja, se divertir. Já
estive em outras praças nos estados da Bahia, Minas Gerais e aqui não deixa
nada a desejar", contou.
Praça Almirante Barroso
Ela está localizada ao lado do Pálacio-Museu Olímpio Campos,
entre as praças Fausto Cardoso e Olímpio Campos. Nascido em Portugal, Francisco
Manuel Barroso da Silva foi um militar da Marinha. Ele lutou na Batalha Naval
de Riachuelo, na guerra do Paraguai, em 1865. Na ocasião, uma ação da esquadra
brasileira, comandada pelo almirante Barroso, foi decisiva para aniquilar a
esquadra paraguaia e, assim, dar vitória ao Brasil durante a Guerra do
Paraguai.
Para homenagear esse grande militar, a praça recebeu o nome
de Almirante Barroso. O Governo de Sergipe, na época, determinou que o espaço
se transformasse em um jardim gradeado, onde o seu busto foi colocado ao lado
da Câmara Municipal. Por causa disso, durante muito tempo, a praça ficou
conhecida como "Jardim de Almirante Barroso" e foi considerada o
primeiro jardim público da cidade.
Texto e imagens reproduzidos do site: aracaju.se.gov.br
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