Imagem de arquivo: @sj_bruno - Reproduzida do
site:
imgrum.net/media e postada pelo blog Minha...,
para ilustrar o presente artigo.
Texto publicado originalmente no site Liberdades, em 02/09/2017
Um artigo que nos leva à Aracaju anos 60
Por Gildo Simões Andrade *
O potó é um inseto da família Staphylinidae, conhecido como
inseto errante, distribuído por todo o mundo, que se alimenta de material
putrefato, seja animal ou vegetal, algumas espécies comem formigas, outras
cupins, de tal modo que são úteis para o equilíbrio ecológico. Eles pertencem
ao gênero Paederus, também chamados de insetos que provocam bolhas, gênero que
agrupa 8(oito) espécies, bastante numerosos na primavera, verão e em épocas de
chuvas.
Ao observarmos o potó vemos cabeça e tórax de coloração enegrecida
assim como o abdome , sobre o qual há partes entremeadas de cor amarela. Temos
um par de antenas emergindo da cabeça e outras do abdômen , com presença de
pêlos, o que faz ele se locomover feito um escorpião; além disso, possui um par
de pequenas asas posteriores, o que lhe possibilita voar. Dentro dos seus
fluidos existe uma substância - a pederina, que em contato com a pele do homem
provoca necrose cutânea. O grande problema é que quando o inseto pousa sobre a
pele da pessoa, esta inadvertidamente bate sobre o inseto contra pele, no
intuito de matá-lo, justamente o bastante para a liberação da substancia
pederina, ocasionando assim as lesões de inflamação, formação de bolhas e
feridas abertas, geralmente em áreas expostas do corpo, tais como braços,
ante-braços, face e pescoço.
É no pescoço o local de maior incidência de lesões pelo fato
do inseto possuir pequenas asas posteriores, fazendo vôos pequenos. Na face,
pode provocar prejuízo maior se próximo aos olhos. Não só no campo se verifica
grande incidência deste inseto como também no mar, nas plataformas
petrolíferas, dificultando o trabalho dos funcionários já que as lesões são
muito dolorosas. Este relato nos remete aos anos 60 quando houve um período
onde quem passava pelo parque (praça da catedral - Praça Olímpio Campos) era
muito raro não ser 'picado" pelo potó, muito embora este sendo de uma
outra espécie, de tamanho bem menor, atingia de preferência os olhos e era
conhecido como "lacerdinha".
Na época, o Colégio Jackson de Figueiredo, sob o comando do
casal Profa. Judite e Prof. Benedito, reunia grande número de alunos, os quais
presenciavam o suplício das pessoas que pela manhã tinham que atravessar o
parque com seus inúmeros pés de oiti e tamarindo para irem aos seus empregos na
rua de João Pessoa e adjacências. Muitas vezes os próprios estudantes eram os
alvos do inseto potó. O sofrimento resultava em falta escolar na caderneta do
aluno, o qual impreterivelmente tinha que apresentar o pedido dos pais
explicando o motivo pelo qual o aluno faltou, de modo que o Prof. Benedito ou
Profa. Judite pudesse abonar as faltas. O que na verdade poucos sabiam na época
é que o segredo para não sofrer as temíveis lesões que o potó causava era
simples: bastava um "peteleco" para afastar o inseto da pele, ou
fazê-lo através de um pedaço de papel ou ainda soprando, quando perto do olho ,
de modo que se evitasse esmagá-lo sobre o tecido, para que não houvesse a
liberação da substância pederina - o vilão da história.
* Formado em
Medicina, Fundador da Sociedade Brasileira de Dermatologia regional de
Sergipe/80
Texto reproduzido do site: liberdades.com
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