Patrimônio cultural de Sergipe resiste ao tempo e continua
sendo meio de transporte de ribeirinhos
População da Barra dos Coqueiros ainda utiliza as to-to-tós.
Por Anderson Barbosa do G1 SE
Nas águas do Rio Sergipe as to-to-tós resistem ao tempo e
seguem transportando os ribeirinhos do município da Barra dos Coqueiros (SE)
para o lado da capital, Aracaju.
As embarcações surgiram no lugar desde a década de 50 do
século passado, quando as canoas passaram pelo processo de transformação e
receberam os primeiros motores. O barulho provocado pelo motor acabou rendendo
o nome de to-to-tós.
To-to-tós no Rio Sergipe (Foto: Lucas Andrade/TV Sergipe)
No passado, quando ainda não tinha sido inaugurada a ponte
que liga os dois municípios [setembro, 2006], elas eram a forma mais rápida de
atravessar o rio.
Por muito tempo, elas tiveram papel fundamental na economia
do município, ajudando a escoar o coco que era o principal produto de
exportação, durante décadas.
“Quando era criança acompanhava meu pai, que já tinha uma
embarcação, aprendi o ofício com ele. Lembro também das procissões que
aconteciam”, conta a técnica de enfermagem, Ketiley Conceição Carvalho.
Durante a viagem o passageiro pode contemplar a natureza
Foto: Lucas Andrade/TV Sergipe
Ainda segundo Ketiley, as embarcações muitas vezes ajudam a
transportar pacientes para os hospitais em Aracaju. “Elas também serviam como
ambulâncias e algumas vezes nem dava tempo de chegar ao hospital. Lembro que
muitas mulheres acabaram parindo nelas”, afirma.
Atualmente 23 embarcações fazer a travessia a cada 15
minutos. A depender do tamanho podem transportar até 70 pessoas de uma única
vez. O passageiro paga R$ 2 a cada viagem.
Para atravessar o rio na embarcação o passageiro paga R$ 2
Foto: Lucas Andrade/TV Sergipe
“Além de ser mais barato a gente anda tem essa imagem bonita
do Rio Sergipe. A gente segue contemplando a natureza. Não troco por nada”, diz
o aposentado Antônio Felizardo Santos.
Há cerca de sete anos as embarcações ganharam reconhecimento
com o decreto estadual que transformou o meio de transporte em Patrimônio
Cultural e Imaterial de Sergipe.
A construção da ponte Aracaju Barra acabou diminuindo o
movimento das embarcações
Foto: Lucas Andrade/TV Sergipe
Interferência do progresso
Os ribeirinhos contam que depois que a ponte foi inaugurada
em setembro de 2006, a tradição ficou ameaçada, já que a travessia passou a ser
feita também através dos carros e ônibus do transporte coletivo.
“Houve uma redução muito grande de passageiros. Muita gente
também abandonou o trabalho devido a essa concorrência. A ponte trouxe
progresso, mas também essa ameaça”, conta o canoeiro Edmilson dos Santos.
Texto e imagens reproduzidos do site: g1.globo.com/se
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