Fotos reproduzidas do site: seed.se.gov.br e postadas pelo blog
'Minha Terra é SERGIPE', para ilustrar o presente artigo.
Publicado originalmente no blog Primeira Mão, em 22/10/2017.
Parabéns ao Atheneu Sergipense - 147 anos de história
Por Eva Maria Siqueira Alves*
Mais um ano completa o Atheneu Sergipense e volto a
ressaltar o seu valor na educação sergipana. Recordemos. O evento cultural mais
importante da década de 1870 na Província de Sergipe foi a criação dessa
importante instituição educacional sergipana. Manuel Luiz Azevedo D’Araújo
(24/11/1838 – 21/10/1883) desempenhava o cargo de Inspetor Geral da Instrução e
elaborou o Regulamento Orgânico da Instrução Pública da Província de Sergipe,
assinado em 24 de Outubro de 1870. Desde então, o Atheneu Sergipense não se
afastou dos seus objetivos: ministrar uma instrução secundária, de caráter
literário e científico, necessária e suficiente para proporcionar subsídios a
fim de que seus alunos se matriculassem nos cursos superiores, como também
tivessem um bom desempenho em seus deveres de cidadão.
Narremos parte dessa história...
O Atheneu Sergipense iniciou seus trabalhos em uma casa da
Câmara Municipal, um local inadequado para as aulas. Com algumas contribuições,
um novo prédio foi erguido, com “elegância e solidez”, na Praça da Conceição,
hoje, Praça Olímpio Campos, sendo inaugurado em 3 de dezembro de 1872. Há
indícios de que o Atheneu Sergipense esteve localizado por volta de 1899, na Rua
de Boquim. Mudou-se para a Praça Camerino em 1921, para a Avenida Ivo do Prado,
em 13 de agosto de 1926 e em 1950, para a Praça Graccho Cardoso. Mas a despeito
da sua localização geográfica, o prédio do Atheneu Sergipense esteve sempre na
região central da cidade de Aracaju, à vista da sociedade.
Visitar
o Atheneu Sergipense tornou-se roteiro obrigatório de autoridades políticas,
governadores, membros do clero, ex-alunos, ex-professores, desembargadores,
jornalistas, militares, inspetores escolares, diretores de órgãos públicos.
Registravam tais personagens em documento denominado “Livro de Visitas” suas
impressões sobre a instituição, o funcionamento da escola, as aulas nos
gabinetes e laboratórios, avaliando-os como modernos, equipados e adequados às necessidades
e finalidades experimentais.
Outro
espaço instituído no Atheneu Sergipense nesses anos de funcionamento foi a
Biblioteca. Seu primeiro Diretor, Manuel Luiz, mostrava-se preocupado com a
situação dos livros empilhados nas estantes velhas e empoeiradas de uma sala da
instituição e sugeriu a criação de uma biblioteca. A Biblioteca foi alvo da atenção dos
Diretores, que buscaram ampliar o espaço, adquirir obras didáticas para alunos
e professores, fazendo-os adquirir o hábito da leitura e do estudo. As
consultas são registradas em assinaturas nos Livros de Frequência, prática que
permanece na instituição, cumprindo a função de salvaguardar, contabilizar o
acervo existente e historiar os leitores.
Digna de admiração e respeito, a Banda Marcial do Atheneu
Sergipense possui destaque nos desfiles patrióticos devido ao seu desempenho,
bem treinados percussionistas que ditam o ritmo perfeito das marchas e dos
passos coreografados harmonicamente, fazendo jus aos troféus e medalhas
recebidos. É convidada, constantemente, a abrilhantar desfiles em outras
cidades, levando o nome do Atheneu Sergipense, divulgando sua trajetória que,
em forma de marcha ritmada, embeleza as ruas e avenidas das cidades durante as
solenidades públicas. No que tange à organização estudantil em agremiações,
permanece em funcionamento até os dias atuais, o Grêmio Literário Clodomir
Silva, criado em 10 de janeiro 1934, com principal finalidade o desenvolvimento
de atividades literárias. As práticas giravam em torno da leitura de obras
literárias, recitar e produzir poemas, novelas e contos.
Publicaram os
seguintes jornais: A Voz do Atheneu (1934), A Voz do Estudante (1942), O
Atheneu (1953), O Eco (1959). Direção e professores participaram ativamente das
sessões, contribuindo com palestras, discursos, ideias e sugestões de leituras.
Nos dias atuais a comunidade do Atheneu Sergipense continua
a construir sua história dos 147 anos ininterruptos, em outro espaço,
aguardando ansiosamente o início da reforma do prédio e o retorno à praça.
“O silêncio do Atheneu”, coerente texto tão bem exposto pela
professora Terezinha Oliva, pode ser minimizado pela continuidade das pesquisas
realizadas com a documentação salvaguardada,
graças ao inexorável desempenho da equipe do CEMAS - Centro de Educação
e Memória do Atheneu Sergipense. São Teses, Dissertações, Monografias,
trabalhos apresentados em eventos científicos (locais, nacionais,
internacionais), livros, capítulos de livros e pesquisas financiadas, que tomam
como fontes os documentos arquivados no CEMAS.
O CEMAS é, portanto, parte do Atheneu Sergipense que
continua a falar, mas que também necessitou sair daquele espaço. No momento
está alocado em uma ampla e ventilada sala do Colégio Estadual Leandro Maciel,
aberta a todos os pesquisadores interessados em conhecer aspectos da história
da educação sergipana.
Consideramos importante cativar outros membros, parceiros,
incentivar outras instituições públicas e privadas a valorizar sua história,
preservando os vestígios de seu passado e, consequentemente, salvaguardando o
patrimônio cultural, social e educacional, assegurando igualmente a memória da
educação brasileira, em especial, a de Sergipe.
Presenteamos o Atheneu Sergipense este ano com duas
significativas ações: o CEMAS faz parte do organograma da escola e está em
vigor o Termo de Cooperação Técnica firmado entre a UFS e a SEED. No entanto,
muito mais queremos oferecer com o desempenho do CEMAS. Almejamos receber por
meio de doações de ex-alunos, ex-professores e ex-funcionários materiais que
revelem práticas daquela “Casa de Educação Literária”. Por fim, juntamo-nos à
comunidade do Atheneu Sergipense, no aguardo, inquietos, pelo retorno ao prédio
situado na praça Gracho Cardoso. Este seria um expressivo presente do Governo
do Estado. De todo modo, não nos faltam razões para desejar parabéns ao Atheneu
Sergipense!
*Diretora do Centro de Educação e Memória do Atheneu
Sergipense
Texto reproduzido do blog: primeiramao.blog.br
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