Publicado originalmente no site do Jornal da Cidade, em 16/05/2011
JC 2011 - Osmário - Memórias de Sergipe.
João Vasconcelos conta sua vida de trabalho em intensidade
Por: Osmário Santos
João Vasconcelos Tavares nasceu em 29 de abril de 1939, na
cidade de Aracaju/SE. Seus pais: Otílio
Tavares de Jesus e Anita Vasconcelos Tavares.
O pai era vendedor ambulante de secos e molhados em feiras
livres de Aracaju e diversas cidades do interior de Sergipe. Com ele, João
Vasconcelos aprendeu a educar os filhos com todas as orientações para uma vida
correta. Dele ainda tem sua forte personalidade e o tratamento com as pessoas
de forma fidalga e correta.
Sua mãe teve cinco filhos: Valdice, Julita, Lourdes, José e
João Vasconcelos. Dela tem seu lado religioso de cristão católico apostólico
romano. “Minha mãe me batizou na igreja do Santo Antônio, onde me crismei, fiz
a 1ª comunhão, me casei e fui coroinha por três anos”.
Conta que dona Anita tinha todo cuidado com a saúde de todos
os filhos e quando pequenos todos eles tiveram acompanhamento médico. Registra que sua querida mãe
era muito carinhosa e vivia para os filhos.
Das boas lembranças da infância, a de passear de bonde,
marca memorável da cidade de Aracaju no passado. “O bonde subia a avenida João
Ribeiro, parava na farmácia e no sanatório Garcia Moreno. Dentro do bonde lá
estava eu com meus amiguinhos e colegas do grupo escolar”. Diz que gostava de
jogar futebol, gude, pião e soltar pipa.
No Grupo Escolar José Augusto Ferraz, no bairro Industrial,
iniciou os estudos e chegou ao final do então curso primário. Deu continuidade
na Escola Industrial de Aracaju, como aluno do curso de eletrotécnica, mas não
chegou ao final.
Passou pelo Colégio Pio Décimo, onde concluiu o curso
ginasial e partiu para estudar o curso técnico em contabilidade no Colégio
Tobias Barreto, saindo com o diploma de contador. “Me formei em contabilidade,
tendo como colega de turma o saudoso professor Benedito Oliveira do Colégio
Jackson de Figueiredo. “Ainda tenho em casa uma foto ao lado do professor
Bené”.
Tomando conhecimento através de um parente da existência de
uma vaga para escritório na Fábrica Sergipe Industrial – com a ressalva que não
serviria para ele pois estava direcionada para uma pessoa especializada em
assuntos de correspondência –, não se intimidou e foi atrás do emprego. “Propus
ao Dr. Augusto, proprietário da fábrica e ao gerente da época, João Araújo
Melo, que me colocasse em um outro lugar para um trabalho mais simples, já que
era iniciante. Dr. Augusto me mandou fazer um teste – uma carta a punho –,
perguntou se sabia datilografia e a ele mostrei o meu diploma do curso que fiz
na Escola Pemundo Lessa, localizada na avenida Simeão Sobral. Na época não
existia computador”.
Quando ele viu minha caligrafia e o meu texto, mostrou ao
gerente da fábrica e tratou de me empregar no escritório geral da sua
indústria. Na época, estava terminando o curso ginasial no Colégio Pio Décimo.
Ingressei na Fábrica Sergipe Industrial em 2 de maio de 1960”.
Com o diploma de contador, João Vasconcelos também teve
tempo para auxiliar o setor contábil da Sergipe Industrial – que tinha o comando do contador José Valença
Freire, o “Sr. Juca”.
Revela que diariamente, antes de ir para a Usina São José do
Pinheiro, na cidade de Laranjeiras, o Dr. Augusto Franco passava na Sergipe
Industrial.
Sempre gentil e prestativo, por muitas vezes João
Vasconcelos dirigiu o carro do médico Augusto Leite, numa época em que o famoso
médico não podia dirigir. “Pegava o Dr. Augusto em sua residência, na avenida
Barão de Maruim, onde hoje é a Caixa Econômica, e o conduzia ao Hospital de
Cirurgia, fazendo uso do portão da entrada da Maternidade Francino Melo e
Faculdade de Medicina. A chapa do carro era 009 e nem existia letras, já que se
contava a dedo quem tinha carro em Aracaju”.
Relata que na Sergipe Industrial passou por vários setores.
“No departamento pessoal organizei o fichário. Fiz o levantamento do
patrimônio. O Dr. Augusto Franco quando comprou a empresa ela estava quase
falida”.
Diz que passou pelo setor fiscal, de contabilidade e até
despachava caminhões. “Sempre fui o homem de sete instrumentos. O que me pediam
para resolver atendia”.
Quando João Vasconcelos se casou o Dr. Augusto cedeu uma
casa para ele na rua Belém, para que ficasse próximo à fábrica. “Tudo isso o
Dr. Walter Franco sabe. Ele era estudante em Belo Horizonte e o Dr. Augusto o
colocava na fábrica em seus momentos de férias”.
No momento atual trabalha no setor de contabilidade. “Com
muito orgulho hoje trabalho com os filhos do empresário Antônio Carlos Franco:
Osvaldo e Marcos Franco, e me sinto bem”.
Casou em 1962 com a prima carnal Maria José Vasconcelos. Tem
oito filhos: Jaminson, Jéfferson, Jeanne, Joseane, Jenison, Jane, Jackson e
Jaqueline. “Tenho 14 netos”.
Diz que a Sergipe Industrial para ele foi tudo e continua
sendo. “Muitas vezes troco o horário do meu médico, do meu dentista, porque
naquela hora não posso deixar a empresa.
No dia em que completou 50 anos de Sergipe Industrial, foi
homenageado pela atual direção da empresa com a fixação de um quadro na empresa
em reconhecimento pela sua vida de trabalho com responsabilidade e dedicação.
Sua grande alegria é a de ter rejeitado outros empregos para
permanecer na Sergipe Industrial. “Meu pai chegava para mim e dizia: não saia
de lá, pois você está é com o Dr. Augusto. Rejeitei um emprego no Banco de
Fomento Agrícola de Sergipe no tempo de sua inauguração, sem concurso e sem
nada e com um salário maior. Mas nunca me arrependi. O Sr. Moura mandou trazer
a carteira de trabalho e mais nada. O Banco do Fomento Agrícola é hoje o
Banese”.
Texto e imagem reproduzidos do site: jornaldacidade.net
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