Foto: José Luís Silva.
Publicado originalmente no site Expressão Sergipana, em 8 de julho de 2017.
Sergipe e a História da sua Amada Bandeira.
Por Osvaldo Ferreira Neto.
“Sinto saudade do meu Sergipe pois a distância é grande, mas
quando navio está na Boca do Rio Sergipe e vejo a pequenina em verde e
amarelinho, listrada com a cinco estrelinhas tremulando no Porto do Aracaju a
saudade se vai e a acolhida chega” (Jenner Augusto, 04 de Agosto de 1953)
Nesse sábado (8 de julho de 2017), nosso querido estado festeja
os seus 197 anos de emancipação política. Comemoramos a nossa autonomia em
relação ao estado da Bahia. Para celebrar esse dia tão importante para nossa
Expressão Sergipana e seus leitores, o Senta que lá vem história contará um
pouco da história da nossa bandeira sergipana.
Antes de conhecermos a nossa bandeira é importantíssimo para
nossa compreensão saber a denominação da palavra símbolo, pois a nossa bandeira
é um símbolo. Segundo os dicionários, símbolo é tudo o que representa, sugere
ou substitui alguma coisa, um local, um povo e uma ideia. Os símbolos estão
presentes em diversos locais e visíveis no nosso dia-a-dia.
O nosso estado tem muitos símbolos, mas hoje iremos conhecer
um dos principais, que é a nossa flâmula. Surgiu em 23 de julho de 1897, há 120
anos, quando o negociador e industrial do sal, o sergipano José Rodrigues
Bastos Coelho, observou a necessidade de suas embarcações terem um estandarte
que identificasse o estado de origem nos portos que atracava mundo a fora.
Assim, Bastos Coelho elaborou o pavilhão para esse propósito
e assim surgiu a bandeira de Sergipe. Formada por um retângulo com quatro
listras – alternando as cores verde e amarelo -, e um retângulo azul na parte
superior à esquerda, com quatro estrelas brancas de cinco raios, passou a ser
conhecida, nos portos frequentados pelos navios de Bastos Coelho, como a
“Bandeira Sergipana”.
As cores usadas foram as nacionais e as estrelas
representavam quatro barras (Real, Vaza-Barris, Cotinguiba (atual Sergipe) e
São Francisco), talvez as mais navegadas pelo negociante. Mas só em 19 de
outubro de 1920 que é promulgada a Lei nº 795, pelo então governador Pereira
Lobo, que determinava a bandeira oficial de Sergipe, sendo uma das homenagens
alusivas ao centenário da emancipação política. E no dia 24 de outubro de 1920,
a bandeira oficial de Sergipe foi hasteada pela primeira vez na fachada do
Palácio do Governo, na Praça Fausto Cardoso, em nossa capital, ficando ao lado
da bandeira nacional e também acrescentando mais uma estrela maior no centro
das outras quatro para representar o número exato das barras sergipanas, com o
acréscimo da Japaratuba.
Em 07 de Maio de 1951, o deputado psdista, Antônio Franco
Filho apresentou a Lei nº 412, que alterava os símbolos geométricos e as
dimensões heráldicas. A bandeira semelhava à norte-americana, só mudando as
cores para verde, amarelo, azul e branco e colocando as estrelas em dimensão
menor, representando os municípios sergipanos existentes em 1951. Segundo o
citado deputado, “Sergipe deve homenagear e ter como exemplo uma nação
desenvolvida e evoluída economicamente, cultural e socialmente, que é os
Estados Unidos da América”. A Lei foi aprovada por 10 dos 19 deputados que
legislavam na Alese em 30 de outubro de 1951.
Mas a lei recebeu inúmeras críticas por parte de políticos e
intelectuais sergipanos. Um dos maiores opositores desta lei foi o jornalista
socialista Orlando Dantas. Ele chamava a então bandeira de “Bandeira do plágio
explícito e sem alma sergipana”. Tanto é que essa bandeira inspirada nos
Yankees durou 1 ano e 2 meses. Em 03 de dezembro de 1952 foi restabelecida a
bandeira anterior pelo então governador Arnaldo Rollemberg Garcez, através da
Lei nº 458. Essa lei determinou o significado de cada estrela branca de cinco
pontas, sendo mudado o nome da Barra do Cotinguiba para Barra do Sergipe, pois
até 1926 se achava que a Foz que ficava entre a Ilha de Santa Luzia e Aracaju
era do Rio Cotinguiba e não do nosso querido Rio Sergipe. E também foi essa Lei
que determinou que a estrela maior representava a maior Foz de Sergipe que é do
Rio São Francisco.
Com a Constituição Estadual de 1989, o então deputado
estadual constituinte do PT, Marcelo Déda Chagas, apresentou um artigo que
determinava o significado de cada representação heráldica que ficou assim as
cores da bandeira de Sergipe representando a integração do estado ao Brasil. As
estrelas representam as cinco barras (fozes de rios) existentes: a estrela
maior o São Francisco e as menores: o rio Japaratuba; o rio Sergipe; o rio
Vaza-Barris e o rio Real. Então, a partir de hoje, ao olharmos a nossa querida
bandeira, tenhamos em mente que ele carrega muitas histórias e que simboliza
nossa gente e nosso querido estado de Sergipe. Parabéns Sergipe pelos seus 197
anos de emancipação política e a todos os sergipanos.
Texto e imagem reproduzidos do site: expressaosergipana.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário