Foto reproduzida do site: culturadigital.br e postada pelo blog
"Minha Terra...", para ilustrar o presente artigo.
Osmário - Memórias de Sergipe (JC 2011).
Texto publicado originalmente no site do Jornal da Cidade, em 02/04/2012
Tupã da Viola
Por Osmário Santos.
Gerson Batista dos Santos, nasceu a 07 de julho de 1947, na
fazenda Quití, da Usina Proveito, na cidade de Capela – SE. Nome de seus pais:
Antônio Batista dos Santos e Maria Gerusa de Jesus.
Pelas graças de Deus seus pais continuam vivos. O pai levou
uma vida de agricultor e sempre trabalhou na Fazenda Quití no serviço braçal.
De seu pai herdou a dignidade, honestidade e a seriedade nos seus trabalhos e
na sua vida familiar. Sua mãe nasceu em Alagoas e teve 11 filhos, sendo que
estão vivos.
Quando contava com 3 anos de idade o menino Gerson partiu de
trem para a cidade de São Paulo. “Nessa época era eu e o meu irmão mais velho.
Chegando na capital paulista fomos morar na pequena cidade de Gricélio onde fui
registrado.
Em São Paulo seu pai passou a trabalhar na plantação e
colheita de café. “Trabalhava meu pai e a minha mãe”.
O menino Gerson iniciou os estudos na Fazenda Taramas, na
cidade de Lins, cidade em que seus
pais conquistaram novo emprego. Faltando um ano para o filho
completar o então curso primário, seus pais mudam de emprego, o que força o
menino Gerson passar 10 anos sem estudar. “Passei a trabalhar com os meus
pais na plantação de algodão”.
No ano de 1964 assustado com o Golpe Militar, os pais
resolvem retornar para Sergipe e voltam
para a cidade de Capela. “Na minha mente veio a música caipira de lá. Para
trabalhar de sol a sol tinha de cantar, se não o dia não passava. Mesmo desafinado
cantava”.
Com o dinheiro conquistado pelo trabalho em São Paulo, seus pais compram uma casa na
cidade de Capela onde estão até hoje.
Sem rádio e querendo ouvir a música caipira seguiu o
conselho de sua tia de se contentar em cantar. “Comprei um violão e minha
vizinha Luiza, que sabia tocar, se prontificou a me ensinar, mas quando me deu
a primeira lição se mudou de Capela.
Tive que me virar e foi difícil, pois o ponteado da viola que estava na mente era difícil de tirar
porque não ensina na escola. Me virei escutando aqui e escutando acolá. Como a
minha vizinha tinha me ensinado a afinar, afinei minha viola do meu jeito e
comecei a cantar músicas dos outros, como Tonico e Tinoco, Zico e Zeca, Lio e
Léo, Zilo e Zaula, Leôncio e Leoneu, Sulino e Marueira, Zé Carreiro e
Carreirinho, Lourenço e Lourival e outros. Foram músicas da minha infância em
São Paulo e que estavam na minha mente.
Cantava em Capela e Itabaiana”.
Quando chegou de São Paulo com seus pais, Gerson foi
trabalhar no canavial na condição de sementeiro da Fazenda Quití.
“Foi quando encontrei com Nelson, conterrâneo de Capela, que morava no Paraná.
Ele sempre viajava para a cidade de Jacarezinho, em São Paulo, onde aprendeu a cantar. Daí fizemos uma dupla
muito boa. Era Gilson e Nelson”.
No seu tempo de São Paulo, Gerson passou a jogar num time da
categoria juvenil na condição de atacante.
Como era bom de bola recebeu o apelido de Tupã, porque jogava igual ao
jogador Tupã do Palmeiras.
Na cidade de Capela chegou a jogar no famoso time Rio Branco. Retorna aos estudos
na escola do time de futebol. Passa
no exame
de admissão para o ginásio e
chega ao final do curso. “Foi quando encontrei aquela que seria minha
esposa no curso do Mobral. Ela é de
Aquidabã e ficou admirada com a minha inteligência. Se engraçou comigo e só fui na casa dela uma
vez. Na outra já trouxe. Foi um namoro de um dia (risos) e a gente já vai com
38 anos de casados”.
No início de 1974 Gerson vem morar com a família em
Aracaju. “Quando casei trabalhava como
apontador da construtora J. Veloso e quando terminou a obra já era o gerente da
obra. A construtora queria me levar para
Salvador mas não quis”.
Em Aracaju consegue emprego na indústria de beneficiamento de
mármore de Cícero Gentil, na Rua Geru, no Centro de Aracaju. “Trabalhei oito
meses em vista que surgiu uma vaga na Metal Norte, na Praça Princesa Isabel
- do Sr. José Alves do Nascimento e
Paulo Prata de Andrade, que trabalhava com esquadrias de alumínio. Por um tempo
trabalhei na sede do Distrito
Industrial e depois voltei e fiquei com
o filho por 10 anos. Na Metal Norte tomava conta dos funcionários, pegava as
encomendas, fazia entrega, preparava o material, distribuía e com isso fui
aprendendo e aprendi o macete e fiz uma pequena indústria na Rua Maranhão. Foi
quando fiz as esquadrias do JORNAL DA CIDADE, um dos meus primeiros trabalhos”.
Gosta de um terreno na Avenida Hermes Fontes, compra e nele
constrói sua casa e oficina de
trabalho onde está até hoje. Em março
vai fazer 27 anos. Diz que trabalha com alumínio, ferro e aço.
Diante do seu gosto pela música sertaneja começa a cantar
nos finais de semana em frente da sua oficina na Hermes Fontes e desperta a
atenção do professor de música Alvino Argolo, que o convidou para participar do
seu programa dominical. “Ele que me
batizou como Tupã da Viola e por
três anos fiquei tocando no seu programa de rádio”.
Sempre é convidado para tocar em festas do interior
sergipano. Minha primeira apresentação foi no Encontro Cultural de Alagadiço,
que contou com a participação de 20 bandas. “Depois mandaram me convidar três
vezes”.
Revela que já cantou na casa de shows Suburbia, na orla de
Atalaia e sempre é convidado por
fazendeiros para cantar. Onde se apresenta sempre leva seu CD para vender que
tem a música Forró da Volta como atração. “O CD de Tupã da Viola vende como
farinha”.
Casou com Sônia Maria dos Santos, em 1973, na cidade de
Capela. Tem quatro filhos: Ana Cristina
Batista dos Santos, Gerson Batista dos Santos Júnior, Crislane Batista dos
Santos e Geferson Batista dos Santos. É
avô de Ana Júlia Batista Gomes e João Pedro Batista.
Texto reproduzido do site: jornaldacidade.net
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