quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Tupã da Viola (1947 - 2017)

Foto reproduzida do site: culturadigital.br e postada pelo blog 
"Minha Terra...", para ilustrar o presente artigo.

Osmário - Memórias de Sergipe (JC 2011).

Texto publicado originalmente no site do Jornal da Cidade, em 02/04/2012  

Tupã da Viola

Por Osmário Santos.

Gerson Batista dos Santos, nasceu a 07 de julho de 1947, na fazenda Quití, da Usina Proveito, na cidade de Capela – SE. Nome de seus pais: Antônio Batista dos Santos e Maria Gerusa de Jesus.

Pelas graças de Deus seus pais continuam vivos. O pai levou uma vida de agricultor e sempre trabalhou na Fazenda Quití no serviço braçal. De seu pai herdou a dignidade, honestidade e a seriedade nos seus trabalhos e na sua vida familiar. Sua mãe nasceu em Alagoas e teve 11 filhos, sendo que estão vivos.

Quando contava com 3 anos de idade o menino Gerson partiu de trem para a cidade de São Paulo. “Nessa época era eu e o meu irmão mais velho. Chegando na capital paulista fomos morar na pequena cidade de Gricélio onde fui registrado. 

Em São Paulo seu pai passou a trabalhar na plantação e colheita de café. “Trabalhava meu pai e a minha mãe”.  

O menino Gerson iniciou os estudos na Fazenda Taramas, na cidade de Lins, cidade em que seus  pais  conquistaram  novo emprego. Faltando um ano para o filho completar o então curso primário, seus pais mudam de emprego, o que força o menino Gerson passar 10 anos sem estudar. “Passei a trabalhar com os meus pais  na plantação de algodão”.

No ano de 1964 assustado com o Golpe Militar, os pais resolvem retornar  para Sergipe e voltam para a cidade de Capela. “Na minha mente veio a música caipira de lá. Para trabalhar de sol a sol tinha de cantar, se não o dia não passava. Mesmo desafinado cantava”.

Com o dinheiro conquistado pelo trabalho  em São Paulo, seus pais compram uma casa na cidade de Capela onde estão até  hoje.

Sem rádio e querendo ouvir a música caipira seguiu o conselho de sua tia de se contentar em cantar. “Comprei um violão e minha vizinha Luiza, que sabia tocar, se prontificou a me ensinar, mas quando me deu a primeira lição se mudou de Capela.  Tive que me virar e foi difícil, pois o ponteado da viola  que estava na mente era difícil de tirar porque não ensina na escola. Me virei escutando aqui e escutando acolá. Como a minha vizinha tinha me ensinado a afinar, afinei minha viola do meu jeito e comecei a cantar músicas dos outros, como Tonico e Tinoco, Zico e Zeca, Lio e Léo, Zilo e Zaula, Leôncio e Leoneu, Sulino e Marueira, Zé Carreiro e Carreirinho, Lourenço e Lourival e outros. Foram músicas da minha infância em São Paulo e que estavam na minha mente.  Cantava em Capela e Itabaiana”.   

Quando chegou de São Paulo com seus pais, Gerson foi trabalhar  no canavial  na condição de sementeiro da Fazenda Quití. “Foi quando encontrei com Nelson, conterrâneo de Capela, que morava no Paraná. Ele sempre viajava para a cidade de Jacarezinho, em São Paulo,  onde aprendeu a cantar. Daí fizemos uma dupla muito boa. Era Gilson e Nelson”.

No seu tempo de São Paulo, Gerson passou a jogar num time da categoria juvenil na condição de atacante.  Como era bom de bola recebeu o apelido de Tupã, porque jogava igual ao jogador Tupã do Palmeiras.

Na cidade de Capela chegou a jogar no  famoso time Rio Branco. Retorna aos estudos na escola do time  de futebol. Passa no  exame  de admissão para  o ginásio e chega ao final do curso. “Foi quando encontrei aquela que seria minha esposa  no curso do Mobral. Ela é de Aquidabã e ficou admirada com a minha inteligência. Se  engraçou comigo e só fui na casa dela uma vez. Na outra já trouxe. Foi um namoro de um dia (risos) e a gente já vai com 38 anos de casados”.

No início de 1974 Gerson vem morar com a família em Aracaju.  “Quando casei trabalhava como apontador da   construtora J. Veloso  e quando terminou a obra já era o gerente da obra. A construtora queria me levar para  Salvador mas não quis”.

Em Aracaju consegue emprego na indústria de beneficiamento de mármore de Cícero Gentil, na Rua Geru, no Centro de Aracaju. “Trabalhei oito meses em vista que surgiu uma vaga na Metal Norte, na Praça Princesa Isabel -  do Sr. José Alves do Nascimento e Paulo Prata de Andrade, que trabalhava com esquadrias de alumínio. Por um tempo trabalhei na sede do  Distrito Industrial  e depois voltei e fiquei com o filho por 10 anos. Na Metal Norte tomava conta dos funcionários, pegava as encomendas, fazia entrega, preparava o material, distribuía e com isso fui aprendendo e aprendi o macete e fiz uma pequena indústria na Rua Maranhão. Foi quando fiz as esquadrias do JORNAL DA CIDADE, um dos meus primeiros trabalhos”.

Gosta de um terreno na Avenida Hermes Fontes, compra  e nele  constrói sua casa e  oficina de trabalho onde está  até hoje. Em março vai fazer 27 anos. Diz que trabalha com alumínio, ferro e aço.

Diante do seu gosto pela música sertaneja começa a cantar nos finais de semana em frente da sua oficina na Hermes Fontes e desperta a atenção do professor de música Alvino Argolo, que o convidou para participar do seu programa dominical. “Ele que me  batizou como Tupã da Viola  e por três anos fiquei tocando no seu programa de rádio”. 

Sempre é convidado para tocar em festas do interior sergipano. Minha primeira apresentação foi no Encontro Cultural de Alagadiço, que contou com a participação de 20 bandas. “Depois mandaram me convidar três vezes”. 

Revela que já cantou na casa de shows Suburbia, na orla de Atalaia  e sempre é convidado por fazendeiros para cantar. Onde se apresenta sempre leva seu CD para vender que tem a música Forró da Volta como atração. “O CD de Tupã da Viola vende como farinha”.

Casou com Sônia Maria dos Santos, em 1973, na cidade de Capela. Tem quatro filhos:  Ana Cristina Batista dos Santos, Gerson Batista dos Santos Júnior, Crislane Batista dos Santos e Geferson Batista dos  Santos. É avô de Ana Júlia Batista Gomes e João Pedro Batista.

Texto reproduzido do site: jornaldacidade.net

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