Fotos: Victor Ribeiro/ASN
Publicado originalmente no site Expressão Sergipana, em 16 de Março de 2018
O Largo que não permite pensamento estreito
De Redação
É muito difícil encontrar um lugar em Sergipe que carregue a
simbologia do Povo Sergipano. E talvez seja essa a principal fortaleza do Largo
da Gente Sergipana que vem tomando sua forma imponente na Av. Ivo do Prado.
Este que tem um conteúdo muito maior que as dimensões das oito estátuas.
A natureza de um símbolo é sua relação com algo que unifique,
identifique e seja referência de uma ideia presente na cabeça de muitos. Depois
que ficou aparente a figura das estátuas na Rua da Frente, os debates travados
mostraram que essa unidade não existe em torno delas por diversos motivos.
Porém, o debate que surpreendeu foi a negação pelo desconhecimento da cultura
sergipana, uma negação que esconde um problema político muito mais grave.
A simbologia de ter exposto a figura do Lambe Sujo e
Caboclinhos, Chegança, Cacumbi, Taieira, Bacamarteiro, Reisado, São Gonçalo e
Parafuso é enorme. Sem dúvidas será algo fixo na agenda do turismo e que levará
o ramo vivencial da atividade para o interior sergipano. Com certeza, um
visitante conhecendo nosso estado durante o mês de outubro, impressionado pelas
estátuas, se sentirá convocado a presenciar a peleia entre os Lambe Sujos X
Caboclinhos, na cidade de Laranjeiras.
O Largo da Gente Sergipana vai cumprir uma missão que há
muito vem sendo retardada. Uma das maiores provas pode ser as mais de duas
décadas em que obrigamos nossa juventude a levantar mamães sacodes para o alto
em uma prévia carnavalesca de exportação em detrimento do próprio carnaval
sergipano. Viveremos uma oportunidade de encontrar crianças sergipanas
cultivando a dança e o festejo popular que nasceu no meio da opressão, privado
de acesso à terra, mas com muito mais identidade territorial que o
latifundiário que não constrói vínculos no chão em que lucra.
O Largo da Gente Sergipana inaugura a “ideia de um Sergipe”,
na mesma esteira que alguns pensadores propuseram para o Brasil e que ainda
vamos conquistar. Não tem como não relacionar a força dos escritos de Gilberto
Freyre, Sérgio Buarque de Holanda, Darcy Ribeiro com o Reisado do Mestre Sabal
do Povoado Marimbondo em Pirambu, com o Samba de Parêia de Dona Nadir da
Mussuca das Laranjeiras, com a caminhada do Batalhão de Bacamarteiros da Aldeia
de Santo Amaro e porque não, com o rock Sulanqueiro de Jorge Ducci e Cia ltda.
Somos essa mistura de gente que se formou após séculos de
exploração. E essa simbologia de cultura consolidada vai ganhar espaço além das
estátuas. Vai ganhar corações e mentes que ainda não conheciam a história
dessas expressões sergipanas.
Texto e imagens reproduzidos do site: expressaosergipana.com.br
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