Pedrinho Rodrigues no Programa Sílvio Santos com
José Augusto Branco, Guy Lupe e Sandra Bréa
Publicado originalmente no site JLPolitica, em 6 de Mar de 2018
O sergipano Pedrinho Rodrigues, “A voz do crooner
brasileiro”
Mário Sérgio Félix*
Pedrinho Rodrigues é um sergipano de Aracaju que foi
batizado no centro cultural da música brasileira como “A voz do crooner
brasileiro”. Pedrinho chegou ao Rio de Janeiro no final dos anos 50 com o firme
propósito de colocar o seu nome entre os maiores e melhores cantores
brasileiros. E cumpriu.
Com ele, Sergipe voltava a ter mais um nome no cenário musical
brasileiro. Antes, o compositor Carvalhinho (José Prudente de Carvalho,
Aracaju/1913 - Rio de Janeiro/1970) fizera sucesso nacional com a marcha
“Madureira Chorou”, para o carnaval de 1957.
Durante os anos 60, Pedrinho Rodrigues se consagraria como o
grande crooner do Grupo de Ed Lincoln. Com Orlandivo, Sílvio César e o próprio
Ed Lincoln tornam-se o conjunto denominado “O Rei dos Bailes”.
O destaque do sergipano é tanto que consegue, paralelamente
atuando no conjunto, gravar discos que se tornaram memoráveis. Seu primeiro
disco solo foi um 78 RPM, com duas músicas compostas por dois grandes
compositores brasileiros - “Pourquoi”, de Caco Velho/Jadir de Castro, e “Tem
Que Balançar”, de Carlos Imperial.
Essas duas músicas, posteriormente, seriam integrantes do
seu primeiro LP, que levaria o nome de seu grande sucesso: “Tem Que Balançar”.
Ainda nos anos 60, Pedrinho se tornaria um dos grandes sambistas da década,
levando o título de Melhor Disco de Samba de 1962, com o disco “Tem Que
Balançar” e sendo escolhido como o melhor intérprete de samba daquele ano.
Suas performances, quando em apresentação com o Grupo Ed
Lincoln, fazia com que a plateia o reverenciasse como mais uma atração daquele
grupo. O grande violonista Baden Powell o considerava o melhor
cantor/intérprete de samba do Brasil.
E olha que Pedrinho dividia espaço no cenário musical com
nomes como Cyro Monteiro, Miltinho, Jair Rodrigues, Wilson Simonal e outros de
grande destaque nacional. Suas apresentações o tornavam mais querido do público
e dos compositores.
Em seu disco lançado em 1968, estava “O Sambista Pedrinho
Rodrigues”, dentre as diversas músicas gravadas, “Lapinha”, do amigo Baden
Powell, em parceria com outro amigo, o Paulo César Pinheiro. Baden a classifica
como sendo uma das grandes interpretações da música.
Porém, a que mais chamou a atenção da crítica, foi a
composição que Cartola fez para sua esposa, Dona Zica, “Tive Sim”. Para
Cartola, a mais bela interpretação. Pedrinho era dotado de uma voz inigualável.
“Aveludada”, como dizia Oswaldo Sargentelli. Aliás, Pedrinho também foi crooner
da Boite Ôba Ôba, desse que foi considerado maior “mulatólogo” brasileiro.
Já considerado uma estrela de grandeza da música brasileira
e do samba carioca, Pedrinho já não cabia mais no Grupo Ed Lincoln. Já era uma
estrela de luz própria, dentro de uma constelação. Com a sua saída, foi
substituído por Emílio Santiago.
Agora iluminando a própria carreira, Pedrinho lança no
início dos anos 70 quatro LP’s de grande importância para a discografia
brasileira: “Brasil... Sambe ou Se Mande”. Nesta discografia, lança quatro
volumes de grande sucesso.
Sendo um grande intérprete do samba e, claro, um exímio
sambista, Pedrinho inova no jeito de levar o samba às gravadoras: em cada
Escola de Samba carioca, convoca dois/três sambistas/ritmistas e cria diversos
grupos de samba. Entre os mais famosos, que gravam com ele, estão “Os
Nacionais” e “Conjunto Samba Som Sete”.
Com estes dois grupos de samba, viaja o Brasil e o mundo. O
seu disco lançado em 1974, “Adeus Guanabara”, tem a contracapa assinada
simplesmente pelo jornalista/crítico David Nasser. No final de suas observações
sobre o disco, David escreve: “A interpretação de Pedrinho Rodrigues e do
“Conjunto Samba Som Sete”, os arranjos, a regência e o trombone do maestro
Nelsinho dispensam recomendação. É um disco para ouvir e guardar”.
A figura Pedrinho Rodrigues integra os grandes nomes do
samba brasileiro. Ecoa na interpretação dos grandes sambas da história.
Perpetua o nome do Estado de Sergipe entre aqueles que sempre dignificaram a
música brasileira.
Se hoje os contratos entre as grandes mídias tornam-se
referências, naquela época Pedrinho já era artista exclusivo da Televisão Tupi,
onde se apresentava todo sábado no Programa Aerton Perlingeiro.
Sem contar as inúmeras vezes que se apresentava no “Cassino
do Chacrinha” e no “Clube do Bolinha”. Este sergipano de Aracaju nos deixou num
dia triste de 1996. Sua obra se eterniza pela grande voz aveludada e que ficou
conhecida como “A voz do crooner brasileiro”.
*É radialista, pesquisador da história da MPB, técnico em
Processamento de Dados e estudante de Estatística da Universidade Federal de
Sergipe.
Texto e imagem reproduzidos do site: jlpolitica.com.br
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